Venezuela
Diante da condenação de Leopoldo López e dos três estudantes

setembro 22, 2015

Leopoldo López e a VP representam os interesses de um setor da burguesia pró-imperialista venezuelana e que, em 2002, junto com outros, apoiou e participou da direção política do golpe contra Chávez e da paralisação patronal de 2002-2003. Por esses fatos, a esquerda independente e o ativismo operário e popular exigiram seu julgamento e punição, mas ele, pelo contrário, foi absolvido pela anistia concedida por Chávez a quase todos os golpistas no final de 2007.
López, portanto, é inimigo dos trabalhadores e de suas conquistas. Os socialistas, que militamos na Unidade Socialista dos Trabalhadores (UST), nada temos que ver com suas propostas políticas e com seus discursos pseudodemocráticos a favor da “liberdade”. Consideramos que suas propostas políticas não representam uma solução para os problemas que os trabalhadores venezuelanos sofrem atualmente, e suas exigências democráticas não passam de um mero e hipócrita discurso eleitoreiro.
Afirmamos que suas duras brigas com o governo e com a “boliburguesia” são pelos lucros do petróleo e pelos negócios com o imperialismo, e não a favor do povo trabalhador.
Leopoldo López e os três estudantes, Christian Holdack, Damián Daniel García e Ángel de Jesús González, foram “julgados e condenados” com argumentos escandalosamente ridículos: se apoiaram em uma suposta “mensagem subliminar” para gerar “a desestabilização” e “a anarquia”. E para isso tiveram que contratar especialistas em “discursos” para “interpretá-los”. A justiça não pôde apresentar provas para a acusação. Isto é, são julgados e condenados pelo que as autoridades e o poder judicial decidem que se infere dos seus discursos.
Esta condenação produz-se no momento em que o governo passa por sua mais baixa popularidade face às eleições de 6 de dezembro, e quando existe, sobretudo nas fileiras do PSUV, uma importante desmoralização e paralisia de sua militância diante da incapacidade do governo em adotar alguma política que alivie as penúrias pelas quais o povo trabalhador passa. O governo utiliza a condenação desse personagem funesto para tentar recuperar um pouco de simpatia entre seusmilitantes. Nós, os socialistas, repudiamos essa condenação, não porque defendemos as ideias e posturas políticas de L. López – ao contrário, combatemo-las –, mas porque defendemos o direito de expressá-las, de organizar-se e mobilizar-se para expressá-las.
Advertimos que, com esta sentença, o governo de Nicolás Maduro e sua justiça buscam criar um precedente que deixe claro aos trabalhadores, aos setores populares e a toda a oposição política que a convocação a qualquer manifestação, em defesa de algum direito salarial ou trabalhista, alguma reivindicação social ou em defesa de qualquer direito democrático, pode ser penalizada com prisão se o governo e sua “justiça” considerarem que incita à violência ou ao “delito”.
Alertamos que esta justiça que hoje condena López e os três estudantes é a mesma que manteve três trabalhadores da Sidor presos sem provas por sete meses, a que mantém preso Rodney Álvarez, trabalhador da Ferrominera, sem provas sustentáveis e sem julgamento há vários anos. É a mesma justiça que suspendeu as eleições da Sidor, no início do ano, porque a chapa oficial estava perdendo, e prendeu Rubén González, dirigente da Ferrominera, mais de um ano e meio. O mesmo passou com os trabalhadores da Civetchi que foram presos e em tantos outros casos, com o uso frequente de provas fraudulentas. É esta justiça que guarda silêncio diante do desaparecimento do lutador Alcedo Mora.
Os ataques aos direitos dos trabalhadores, as perseguições sem provas e só pelo fato de serem opositores é um grave perigo para todo o movimento operário e para os lutadores populares.
Por outro lado, o governo de Nicolás Maduro pôs em marcha uma maquinaria repressiva – a OLP –, explorando a justa preocupação popular com a delinquência e a insegurança, com uma repressão indiscriminada fundamentalmente aos jovens mais humildes e que se traduz agora em dezenas de mortos em supostos confrontos. E fez isto até a zona fronteiriça com a Colômbia, onde atropela, deporta e desloca humildes residentes colombianos da região, com o argumento de combater o paramilitarismo e o contrabando de alimentos e combustível.
Nós, da UST, chamamos a não corroborar com esta escalada repressiva de julgamentos e condenações que têm por objetivo amedrontar os trabalhadores e todo o povo.
Chamamos as organizações operárias, populares, democráticas e de direitos humanos a repudiar todos os ataques às liberdades democráticas.
Tradução: Suely Corvacho