qui mar 28, 2024
quinta-feira, março 28, 2024

Um passo adiante na unidade do movimento e no método de luta

Depois de meses de mobilização, a dispersão está dando lugar à unidade das lutas, e as tochas dão lugar aos piquetes e aos bloqueios de estradas. A partir de setembro, os operários das maquiladoras começam a entrar em cena e dão outro caráter à luta.

Por: PST Honduras

Simultaneamente, desenvolvem-se espaços que permitem a unidade na ação concreta. Referimo-nos aos Encontros de Indignados, que já vão tecendo uma nova estratégia de luta, baseada na participação e inclusão de diversos setores mediante a conformação de um programa mais abrangente, isto é, que vai além do combate à corrupção que só revela o sadismo e a podridão do sistema capitalista em crise.

É um processo que apenas começa, mas como diz o provérbio chinês: “todo caminho de mil quilômetros começa com o primeiro passo”. O movimento popular registra em sua história recente exitosos processos de articulação nacional desde antes do golpe de Estado, como foi o caso da Coordenação Nacional de Resistência Popular. Tudo o que necessitamos é caminhar juntos, com paciência e determinação. A unidade e a confiança, longe de serem objetivos imediatos, terminam sendo o resultado natural do trabalho coletivo em torno da luta concreta e da construção permanente do programa e da estratégia de luta.

Temos plena convicção de que a classe trabalhadora seguirá o caminho da unidade e da luta frontal contra o governo, porque a ordem estabelecida há tempos se tornou insuportável para as massas e estas decidiram romper as barreiras que as separam do terreno político. Sabem que a única saída é derrubar seus representantes tradicionais e, pouco a pouco, tomam consciência de que, com sua intervenção , criam um ponto de partida para um novo regime e uma nova sociedade.

A outra razão é que elas sabem que as ações isoladas só favorecem os interesses particulares e a estratégia dilatória do inimigo. Prova disso é que centenas de milhares se mobilizaram separadamente até não verem mais perspectiva e, se continuarem fazendo o mesmo, já sabemos qual será o resultado.

Precisamos avançar no programa. O Encontro do dia 20 de setembro definiu uma série de reivindicações que abarcam vários temas, econômicos, sociais e políticos.

O espaço definiu demandas prioritárias como “fora JOH1, sim à CICIH2, Assembleia Nacional Constituinte, anulação da Lei marco de Seguridade Social, transparência na eleição da Nova Corte e o fim da criminalização dos movimentos sociais”. Consideramos que esta lista de reivindicações está correta ao eleger como prioridade a saída do governo. Colocaríamos em segundo lugar a luta contra a nova Lei do Seguro Social e, em terceiro, o fim da criminalização dos protestos e da perseguição aos lutadores e lutadoras. Além disso, consideramos que a Lei de Transformação Agrária é uma demanda inadiável. Não temos acordo com as outras reivindicações, mas esse é um debate que não abordaremos aqui.

No Encontro do dia 4 de outubro, foi aprovado uma Debate para novembro, com o objetivo de aprofundar a análise e a definição programática do espaço. Nesta oportunidade, nos limitamos a reivindicar este método de discussão e a urgência de contar com o programa que nos ponha a lutar em uma só direção e contra o mesmo inimigo. Isso só será possível se tomarmos os problemas mais sentidos de todos os setores e formos consequentes com isso.

Ainda que em uma formulação geral isso seja muito amplo, o processo vai colocando as prioridades e o peso de cada ponto; os encontros e debates permitem defini-los democraticamente e simplificar os eixos.

Façamos da Greve Geral o principal método de luta. Uma estratégia coerente inclui não só espaços de tomada de decisões, um programa e uma lista de ações. É determinante que as ações estejam contempladas em um plano de luta que tenha claro que a burguesia e seu governo são os verdadeiros inimigos. Como já dissemos antes, centenas de milhares nas ruas incomodaram o governo mas não o desviaram de seu papel de peão do império, nem de sua ambição à reeleição. Com fortes ações que realmente parem a atividade produtiva do país, Juan Orlando Hernández saberá que seu poder é muito relativo e que o povo resolveu tirá-lo. A história mostra que nenhum governo cai com meia dúzia de ações, por mais exitosas que sejam, mas também nos mostra que nenhum governo pode suportar a pressão das massas dispostas a chegar até as últimas consequências.

Esta é a função de um verdadeiro plano de luta, ser o guia para alcançar tal objetivo, e só um plano que consiga a paralisação da classe operária pode avançar para esse fim. Nisso não há atalhos, ou cruzamos o caminho de pedras que parece intransitável, ou seguiremos em campo aberto esperando o predador.

Notas:

1. Juan Orlando Hernández é o atual presidente de Honduras. N. T.

2. Comissão Internacional Contra a Impunidade em Honduras. N. T.

Tradução: Thiago Chaves

 

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