sex mar 29, 2024
sexta-feira, março 29, 2024

Solidariedade à Maré, embargo militar a Israel já!


A criminalização e o genocídio da população jovem, pobre e negra no Brasil mostram mais uma vez sua face. A população que vive na Favela Nova Holanda, no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, enfrenta desde ontem a ocupação por agentes do Bope (Batalhão de Operações Especiais), Tropa de Choque e Força Nacional.

Segundo informações que têm circulado nos meios alternativos e nas redes sociais, três “caveirões” integraram o arsenal usado contra cerca de 50 moradores da comunidade que protestavam contra a violência policial. Até agora, o saldo é de 13 mortos na repressão e uma série de feridos. O Observatório das Favelas, organização da sociedade civil situada na Maré, denuncia ainda em seu site “violações de direitos, como invasões de domicílio seguidas de depredações, saques e intimidação de moradores por parte de policiais”. O comércio permanecia fechado, a população sem energia e sitiada.




Segundo divulgado pela imprensa fluminense, o Governo do Rio de Janeiro realizou no dia 21 de janeiro último licitação para compra de oito novos blindados (os chamados “caveirões”) por cerca de R$ 6 milhões. A empresa israelense Global Shield, que mantém contratos com as forças de ocupação na Palestina, venceu a concorrência milionária. O negócio com o Governo do Rio de Janeiro seria visto como uma “oportunidade” à Global Shield ter no estado que sediará jogos da Copa de 2014, além das Olimpíadas de 2016, conforme afirmado pela mídia local, “o maior show room de segurança pública mundial”.



Como escreve em “A doutrina do choque” a jornalista Naomi Klein, Israel de fato se converte em um grande shopping center quando o assunto são aparatos militares, as chamadas tecnologias de defesa e segurança. Utiliza os palestinos como cobaias em laboratórios humanos para depois obter acordos com governos ao redor do mundo à repressão de suas próprias populações.



Os governos do Rio de Janeiro e do Brasil infelizmente não são exceção. A empresa fornecedora dos “caveirões” que têm vitimado brasileiros pobres no Rio de Janeiro – e, claro, palestinos – esteve em 10 de abril na “cidade maravilhosa” expondo na Laad (Feira Internacional de Tecnologia de Defesa e Segurança), no Riocentro, de olho nos megaeventos esportivos que ocorrerão no Brasil. Outras 30 empresas israelenses – cúmplices e agentes do apartheid e ocupação na Palestina – também estiveram na feira que ocorreu entre 9 e 12 de abril, recebidas pelo governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral; o ministro da Defesa, Celso Amorim; e o vice-presidente da República, Michel Temer. Acordos militares com companhias como a Global Shield têm se ampliado sob esses governos.



No Brasil, os moradores da Maré estão entre as vítimas desses acordos. Essa comunidade tem muitas semelhanças com a situação a que é submetida a população palestina. Vive um apartheid social e vira e mexe convive com a violência institucionalizada e ocupação – agora com a ajuda de Israel, sob a bênção dos governos brasileiro e fluminense. Armas israelenses estão também nas mãos das polícias em diversas partes do País que reprimiram violentamente manifestantes.



É urgente denunciar essa situação e exigir dos governos municipais, estaduais e federal a ruptura desses acordos. Levantar a bandeira por BDS (boicotes, desinvestimento e sanções) a Israel e realizar plenárias para organizar um tribunal popular para julgar a potência que ocupa a Palestina por sua colaboração na repressão e genocídio da população jovem, pobre e negra no Brasil. Essa luta é parte da solidariedade ativa aos povos oprimidos, seja na comunidade da Favela Nova Holanda, seja na Palestina. A todas as organizações da sociedade civil brasileira, vamos realizar uma grande assembleia por BDS e levantar a bandeira internacionalista.



Abaixo a repressão nas favelas! Fora Caveirão! Embargo militar a Israel já!



Soraya Misleh – Frente em Defesa do Povo Palestino-SP/BDS Brasil

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