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quinta-feira, março 28, 2024

Protestos pelo Clima na Alemanha

Sexta-feira, 20 de setembro de 2019 entrou para a história como o dia da até então maior greve mundial pelo clima, isto é, por políticas efetivas para evitar/diminuir o aquecimento global causado por ações humanas.

Por: Nourin Tibo

Milhões foram às ruas inspirados pela ativista Greta Thunberg, adolescente sueca que iniciou o movimento ao fazer greve escolar todas as sextas-feiras para ir protestar em frente ao parlamento de seu país. Ela deu início assim a “Fridays for Future” (“sextas-feiras pelo futuro” em tradução livre), que passou a organizar protestos semanais em diversos países.

Flyer em alemão convocando para a greve pelo clima

Na Alemanha, em que as questões ambientais têm forte ressonância na sociedade, todos sabiam que o dia 20 ia ser grande: seja por cartazes improvisados ou por panfletos, seja por posts em redes sociais ou mesmo pelo boca a boca, todos sentiam o apelo de ir para as ruas. Mesmo assim, os números surpreenderam, p.ex. Munique, que se esperavam 10 mil manifestantes, viu mais de 40 mil tomarem as ruas do centro da cidade.

Manifestantes pelo clima em Munique, no fundo Odeonsplatz

Na capital Berlim foram surpreendentes 270 mil manifestantes. A segunda maior cidade alemã, Hamburgo, testemunhou mais de 100 mil manifestantes e a terceira, Colônia, 70 mil. E mesmo os empresários de Frankfurt, centro financeiro europeu, tiveram que mudar de rota neste dia, já que as ruas do centro era dos ativistas. Mas também houve protesto em cidades muito menores: p.ex. em Puchheim, nos arredores de Munique, muitos se mobilizaram pelo clima.

Manifestantes pelo clima em Puchheim, nos arredores de Munique

Os organizadores na Alemanha falaram de um total de cerca 1,4 milhão de participantes e acrescentaram que o pacote pelo clima que o governo alemão não é suficiente. No mesmo dia e como resposta aos protestos, a primeira-ministra alemã anunciou medidas para diminuir a emissão de CO2 e atingir as metas para o clima até 2030. Um dos organizadores ironizou: “1,4 milhões de pessoas #TodosPeloClima e como recompensa gasolina para quem trabalha longe de casa vai ficar 2 centavos mais barata. #NãoMeuPacotePeloClima” Vale lembrar que embora a primeira-ministra seja do partido conservador burguês, CDU, este governo vive da coalização com o histórico partido reformista SPD.

Participaram das manifestações diversas entidades, como partidos ecológicos a coletivos ecológicos. A maior central sindical, DGB, apoiou o protesto. Grupos marxistas também estiveram presentes. Mas a força do movimento veio mesmo da adesão espontânea.

Cartazes pediam desde diminuição do uso de plástico a congelamento das negociações entre União Europeia e Mercosul. Como é bem sabido, o anúncio de que a Europa fecharia um acordo comercial com o bloco sul-americano incentivou o agronegócio a desmatar e pôr fogo na Amazônia e no Cerrado, não só assassinando assim milhares de animais e plantas, como também pondo em risco a vida de várias pessoas, principalmente indígenas. O efeito da ganância predatória foi tanta que o céu de São Paulo chegou a ficar escuro em pleno dia, de tanta fumaça que vinha do norte, chegando depois de um mês ao sul do Brasil.

Marcados para o dia anterior ao início da Reunião de Cúpula da ONU, cujo tema será o clima, os protestos do dia 20 de setembro deram um recado claro aos políticos fieis ao capitalismo: este sistema está podre e vai assassinar toda vida terrestre, uma revolução é necessária.

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