sex abr 19, 2024
sexta-feira, abril 19, 2024

A União Europeia não defende os negros

A União Europeia nos é  apresentada como a guardiã do direito à diferença, o bastião dos direitos humanos. Porém, os negros e imigrantes sabem que há um fosso que separa as ilusões da realidade. Precisamos de uma Europa dos trabalhadores que acabe com o racismo e a xenofobia.

Por: Em Luta – Portugal

A União Europeia saqueia a África

Os povos de África ao sul do Sahara mobilizaram-se e lutaram para assumirem as rédeas do seu destino. Mas as independências ficaram nos novos hinos e bandeiras.

Atualmente, mais de cem empresas cotadas na Bolsa de Londres, britânicas e não só, exploram os recursos minerais de 37 países da África subsariana.

A França controla o sistema monetário de 14 países africanos através do Franco CFA, obrigando-os a entregar ao Tesouro francês metade das suas reservas monetárias.

Estes dois exemplos demostram bem o modo como vastas regiões da África, da Ásia e da América Latina são ainda controlados por grandes multinacionais e pelos governos do Ocidente – nomeadamente dos países da UE -, que põem e dispõem do presente e futuro dos novos países, em aliança com as burguesias locais.

A isto se chama neocolonialismo, uma forma de dominação apadrinhada pela União Europeia.

A UE ergue muros e semeia pobreza

O desastre humanitário no Mediterrâneo tem na União Europeia um dos seus autores morais, desde logo pela sua responsabilidade pelas alterações climáticas, pela ação nefasta das suas multinacionais e pelas guerras que patrocina.

Para além disso, ergue barreiras à entrada de refugiados no espaço europeu – como é o caso do Frontex, uma força que atua no Mar Mediterrâneo, não para socorrer e acolher náufragos, mas para os devolver aos países de origem -, discute quotas de acolhimento e dá dinheiro à Turquia para que esta contenha os refugiados nas suas fronteiras. Não satisfeita, a UE assiste sem nada fazer à construção de muros da vergonha na Hungria e no norte de França.

A UE semeia a pobreza e é madrasta para com as suas vítimas, que aqui procuram a prosperidade.

A UE promove o racismo

Nos últimos tempos, têm surgido nos mediarelatos de agressões racistas e xenófobas ocorridas em solo europeu.

Em Lavapiés (Madrid), Mbaye Ndiaye, um vendedor ambulante senegalês, foi perseguido de forma selvática pela Polícia até sucumbir a um ataque cardíaco. Em Itália, o vendedor senegalês Idy Diene foi assassinado. Fora da UE, na Suíça, Mike Ben Peter, um emigrante nigeriano, foi morto durante uma rusga policial. Em Portugal, diversos casos de racismo policial e institucional, como os recentes na Cova da Moura e Jamaica, continuam impunes.

Estes atos são exemplos dramáticos do que tem representado para os não brancos na Europa (imigrantes ou afrodescendentes) a violência policial e a impunidade dos autores de crimes racistas promovida pelo Estado; refletem a ausência de políticas de combate ao racismo à escala europeia.

Por aqui, ao não ser alterada pela Geriongonça a regra de acesso à nacionalidade de forma a permitir a cidadania automática aos nascidos em solo português, consumou-se uma prática de racismo de Estado que concretiza o espírito da Europa fortaleza.

UE impõe a precariedade

A redução de salários e o congelamento das carreiras na função pública, despedimentos mais flexíveis, rebaixa no valor das indemnizações por despedimento e do subsídio de desemprego e cortes nas reformas no setor privado. Eis algumas medidas que afetam duramente a classe trabalhadora portuguesa e que têm a marca registada da troika, integrada pela Comissão Europeia, e aplicada pelo anterior e atual governos.

Apesar de não se saber, com rigor, como vivem os negros em Portugal, sabemos que eles, tal como os imigrantes, são as primeiras vítimas da precariedade dos baixos salários.

A mulher negra se sujeita aos piores e mais mal pagos empregos e é particularmente flagelada pela escassez de apoios à infância.

Em nome do cumprimento das regras orçamentais impostas por Bruxelas e a favor do pagamento das dívidas dos banqueiros sacrificam-se os trabalhadores e, em especial, os trabalhadores negros e imigrantes.

 

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