qui mar 28, 2024
quinta-feira, março 28, 2024

Por que há tanto feminicídio?

Depois das extraordinárias manifestações de 3 de junho [em Buenos Aires, muitas cidades do interior da Argentina,

Montevidéu e Santiago do Chile], esta pergunta está presente em todos lados.

Porém não é a única: Por que há tão poucas condenações em casos de feminicídio? Por que quando se sabe que uma mulher foi agredida por seu namorado ou marido, há quem pergunta o que foi que ela fez? Por que muitas vezes, sabendo que um amigo, um parente ou um vizinho golpeia a sua mulher, não se faz nada?

A resposta a tudo isso é a existência de uma cultura machista que se impôs ao longo dos séculos, que considera que a mulher é inferior e que sempre necessita de um homem que lhe ensine o caminho. Um homem que lhe diga o que fazer e o que não fazer. Um homem, pai, irmão, marido ou namorado, que é seu “dono” e que, portanto pode fazer com ela o que bem entender.

Lógico que à sociedade lhe parece mal que um homem mate sua mulher ou a sua namorada. Mas não considera um grande problema que uma mulher diga que não pode usar tal roupa porque seu pai ou seu marido não querem, ou que não vai a uma assembleia porque seu marido não deixa. Tampouco é visto como um grande problema que o homem perca a paciência e dê uma bofetada em sua mulher, sua filha ou sua irmã. Porque se considera que, nesses casos, o homem só está exercendo seu direito de proprietário. E o assassinato dessa mulher é só um caso extremo do exercício desse direito de propriedade. Por isso é que dizemos que o machismo mata.
 
Para acabar com o machismo e aopressão da mulher, há que acabarcom o capitalismo

Ao longo dos anos, as mulheres fizeram grandes lutas e conseguiram importantes conquistas: o direito ao voto, a estudar, ter deveres e direitos com relação aos filhos, ao aborto legal em alguns países. No entanto não se conseguiu acabar com o machismo nem com a opressão à mulher que hoje se mostra em sua forma mais brutal, no assassinato de mulheres, no tráfico de pessoas ou no suicídio de jovens que se vêem rejeitadas a partir de sua identidade sexual.
E não se consegue acabar com o machismo porque o capitalismo o utiliza a seu favor, para pagar menores salários às mulheres e dividir a classe operária. Isto, que é uma constante do capitalismo, se potencializa em momentos de grandes crises mundiais como a que estamos vivendo desde 2007. O imperialismo faz todos os esforços para que os trabalhadores paguem a crise e por isso intensifica o saque de nossos recursos naturais e as exigências de pagamento da dívida.

Cristina Kirchner, igual que todos os governos latinoamericanos, aceita estes mandatos e a consequência são mais ajuste e repressão sobre os trabalhadores. O próximo governo, seja quem for, fará o mesmo. A pressão imperialista continuará e virão mais ajustes. Por isso não se destinará mais dinheiro para enfrentar a violência contra as mulheres nem se avançará na igualdade salarial; e seguirão utilizando os preconceitos machistas para dividir a classe operária e impor seus planos com mais facilidade.
Por isso, se bem temos que lutar exigindo que se tomem medidas para evitar mais mortes por feminicídio e pela não legalização do aborto, assim como contra toda discriminação com as mulheres, devemos saber que, dentro do capitalismo nunca se conseguirá a libertação da mulher. Só conseguiremos essa libertação acabando com o capitalismo e construindo uma nova sociedade que não se baseie no lucro de uns poucos mas sim no bem estar da humanidade, a sociedade socialista.

O que só será possível com uma revolução encabeçada pela classe trabalhadora em seu conjunto, homens e mulheres. O machismo divide a classe operária. Enquanto as trabalhadoras se vejam limitadas para ir às assembleias, aos piquetes, aos cursos de formação ou para ingressar nas fileiras dos partidos revolucionários e sigam suportando a violência de sua família ou de seus companheiros, a classe operária perderá a metade de suas forças.

Por esse motivo, ao contrário do que dizem as organizações feministas, nós dizemos que a luta contra o machismo não é apenas das mulheres, mas da classe operária no seu conjunto. Porém, ao mesmo tempo, dizemos que as mulheres trabalhadoras devem encabeçar essa batalha e que não conseguiremos avançar para o socialismo se não incorporarmos as trabalhadoras e as jovens lutadoras nessa tarefa. Para percorrer juntos esse caminho lhes abrimos as portas do PSTU.



¹ – Feminicídio: assassinato de mulheres

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