Por CSP-Conlutas
A Revolta de Stonewall ocorreu em 1969, quando gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais que frequentavam um bar no bairro Village, em Nova York, o Stonewall Inn, decidiram reagir à violência que vinha sendo desencadeada pela polícia, com constantes batidas no local.
A resistência a tal violência provocou uma rebelião com fortes manifestações que duraram quatro dias, fazendo com que a luta pela visibilidade e pelos direitos das LGBTs crescesse muito.
Para relembrar esse importante marco na história da luta contra a homofobia, as paradas celebrarão a resistência da comunidade LGBT.
Parada em São Paulo tem recorde de público
Apesar de grande parte das Paradas LGBTS ocorrerem no próximo final de semana e no decorrer dos meses de junho e julho, São Paulo deu a largada para a atividade com recorde de público, no último domingo (23). Cerca de 3 milhões de pessoas ocuparam a Av. Paulista durante praticamente todo o dia.
A CSP-Conlutas, juntamente com diversas organizações, movimentos e coletivos, construiu um bloco das LGBTs contra Bolsonaro, com a ideia de começar a parada dialogando com a população sobre a violência LGBTfóbica, sobre como os ataques de Bolsonaro vão afetar as LGBTs trabalhadoras.
Na sexta-feira (21) também ocorreu em São Paulo a Marcha Trans, e no sábado (22), a Parada Lésbica, atividades igualmente importantes com o mesmo caráter de visibilidade para esses segmentos.
É dia de luta
Mesmo com a importância das paradas no contexto de combate ao preconceito e o respeito às diferenças, há ainda muito a se avançar nessa atividade, que perdeu espaço de denúncia e ganhou uma conotação de festa.
“Hoje as Paradas LGBTs perderam seu caráter de luta, e muitas empresas aparecem como amigas das LGBTs, mas que não hesitam na hora de explorar mais ou demitir. É por isso que a construção do bloco unitário na parada foi importante, pois a historia das LGBTs também é uma história de luta e combatividade! Esse é o caminho que temos que seguir!”, destacou a integrante do Movimento Rebelião Marina Cintra.
Homofobia e transfobia são crimes no Brasil
As marchas LGBTs que celebram os 50 anos de Stonewall, no Brasil, ganham um reforço de combatividade, com a decisão histórica do STF (Tribunal Superior Federal), que considerou a homofobia e a transfobia crimes no país.
Essa decisão é um marco no país em que mais se mata LGBTs. Somente em 2018, foram registradas 420 mortes por homicídio ou suicídio em decorrência de discriminação de integrantes da população homoafetiva e transexual no país. O levantamento foi feito pelo GGB (Grupo Gay da Bahia) no relatório Mortes Violentas da População LGBT no Brasil.
Para o integrante do Setorial LGBT da CSP-Conlutas Alessandro Furtado, mesmo com a criminalização da homofobia e da transgenia aprovadas pelo STF recentemente, os LGBTs continuam sofrendo com a lgbtfobia, em um país que já registra um LGBT morto a cada 19 horas, vítima de violência ou de suicídio.
“A sociedade capitalista, intolerante e excludente, não oferece condições para os oprimidos trabalharem e estamos fadados à superexploração, ao subemprego, ao desemprego e à prostituição. A lgbtfobia deve ser criminalizada, mas, são vitais, para nós, LGBTs, o pleno emprego e o fim da opressão no sistema capitalista. Isso só é possível com a união das LGBTs junto a todos os trabalhadores para derrotar a Reforma da Previdência e todos os demais ataques de Bolsonaro e na luta rumo ao socialismo”, concluiu.