qui mar 28, 2024
quinta-feira, março 28, 2024

A covardia imperialista contra os imigrantes

A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de separar os filhos de seus pais (imigrantes sem documentação) e mandá-los para jaulas em centros de detenção chocou o mundo. Essa atitude foi tomada, segundo ele, para “obedecer a lei”, pois os filhos não podem ir com os pais que são enviados à prisão. Esse episódio é só mais um dramático capítulo da covardia imperialista contra os imigrantes.

Por: Marcos Margarido

Os governos dos Estados Unidos e dos países da União Europeia planejam o fechamento de suas fronteiras para novos imigrantes. Trump também quer expulsar os que já vivem lá, mas não têm visto de residência.

O mundo vive sua maior crise migratória desde a segunda guerra mundial. Ela atingiu um recorde na Europa em 2015 com a chegada ao continente de mais de um milhão de pessoas vindas de países em guerra como a Síria, Iraque e Afeganistão, ou de países onde milhões morrem de fome, como os da África subsaariana.

Desde 2014, cerca de 1,8 milhão de refugiados entraram em países da Europa. Atravessam o Mar Mediterrâneo, quando vêm da África, em barcos superlotados e sem segurança, para desembarcar na Itália ou na Espanha. Ou por terra, provenientes do Oriente Médio, através da Grécia e Hungria. Embora o número de migrantes tenha baixado para 37 mil no primeiro semestre de 2018, a União Europeia vive uma grande crise política causada por este problema.

O novo governo da Itália proibiu o desembarque de um navio com 600 imigrantes e os governos da República Checa e da Hungria fecharam suas fronteiras. Neste último país foi aprovada uma lei que considera crime a ajuda a imigrantes por qualquer cidadão ou organização, como as ONGs.

Nos Estados Unidos, cerca de cinco milhões de estrangeiros foram tentar a vida lá, entre 2010 e 2016. A maioria dos imigrantes vem da América Latina, através da fronteira com o México. Para impedir isso, Trump quer construir um muro de três mil quilômetros entre os dois países.

Mais repressão

A decisão de Trump de separar os filhos ainda foi usada como chantagem para forçar a aprovação de leis ainda mais duras contra a entrada de novos migrantes. Trump quer a aprovação da verba para a construção do muro entre os EUA e o México.

Na Europa, foi decidido que serão construídos “centros de triagem”, ou seja, campos de concentração, em países fora da União Europeia, como a Argélia, Egito, Líbia, Marrocos, Nigéria e Tunísia, para manter lá os que forem detidos fora de águas europeias. Os países que aceitarem a proposta receberão dinheiro da União Europeia.

Capitalistas usam a imigração para aumentar a exploração

O sistema capitalista está baseado na produção e troca de mercadorias. Na atual fase, chamada de imperialista, a produção e a troca são mundiais. Os trabalhadores possuem uma mercadoria especial, que é sua força de trabalho, vendida aos patrões em troca de um salário.

Da mesma forma que compramos mercadorias pelo menor preço, os capitalistas buscam, entre os trabalhadores, aqueles que vendem sua força de trabalho pelo menor preço. Fazem isso para aumentar seus lucros. Porém, quando os trabalhadores de um país se organizam e conseguem melhorias salariais, ou quando há escassez de trabalhadores, fazendo com que os salários aumentem, os patrões trazem trabalhadores de países onde o preço da mercadoria força de trabalho é menor.

A ocorrência de guerras e da fome são causadas pelos capitalistas dos países avançados, que ocupam outros países para roubarem suas riquezas naturais. Isso obriga as pessoas a fugirem para tentar vender sua força de trabalho nos países em que tentam se estabelecer.

Assim, os imigrantes tornam-se trabalhadores superexplorados, pois recebem um salário menor que o valor da força de trabalho pago aos trabalhadores nativos. O capitalista beneficia-se de trabalhadores em excesso, sejam eles nativos ou imigrantes, para forçar o salário para baixo. É por isso que o desemprego nunca acaba. Ele não é um defeito do sistema capitalista, mas uma de suas principais molas de propulsão.

Quando esse “exército industrial de reserva” atinge um nível acima do desejável, fica muito mais fácil se livrar dos imigrantes, ameaçando-os com a deportação. É essa arma que os governos têm nas mãos. Quando precisam forçar uma redução salarial, trazem imigrantes, mas quando há um excesso, aumentam a repressão, como acontece agora.

O preconceito como arma adicional

Além disso, os governos, patrões e sindicalistas pelegos disseminam ideologias preconceituosas contra os trabalhadores imigrantes para dividir a classe.   

Utilizam o racismo, a xenofobia, que é o ódio a estrangeiros, e a religião. O presidente da Hungria, por exemplo, diz que os imigrantes muçulmanos ameaçam a civilização cristã. Trump chamou os imigrantes de animais, demonstrando todo seu racismo.

Os sindicalistas pelegos, por outro lado, impedem a organização de imigrantes nos sindicatos. Dizem que os empregos devem ser reservados para os trabalhadores nativos.

Isso enfraquece a classe trabalhadora e, por isso, os europeus e norte-americanos têm empregos cada vez mais precários e salários rebaixados. Ao mesmo tempo, a taxa de desemprego em países como Estados Unidos e Inglaterra, com grande número de imigrantes, está em seus níveis mais baixos, o que joga por terra a lenda de que os imigrantes tiram empregos dos nativos.

Na verdade, quem causa desemprego é o próprio capitalismo. Quando chega uma crise econômica, como a que vivemos hoje, fábricas fecham, a produção diminui, trabalhadores são demitidos, as vendas no comércio são reduzidas. E nada disso foi causado pela imigração.

Só a união dos trabalhadores pode resolver esse problema

É necessário unir todos trabalhadores para lutar pela legalização de todos os imigrantes e para conseguir aumento salarial para todos. Contra a política dos sindicalistas pelegos, é preciso exigir a sindicalização de qualquer trabalhador, mesmo que não tenha visto, e fazer uma forte campanha contra a xenofobia nos sindicatos.

Mas isso não basta. Se o capitalismo é incapaz de dar empregos a todos, então é preciso mudar este sistema de exploração. Na Inglaterra, por exemplo, as fábricas funcionam com apenas 60% de sua capacidade de produção. É preciso colocar as fábricas sob o controle dos trabalhadores para garantir produção máxima e emprego a todos.

Estas medidas simples podem resolver situações complexas como a crise migratória, mas sabemos que os patrões nunca vão concordar com isso, pois vai diminuir seus lucros. Apenas uma revolução socialista, que passe o poder das mãos de uma minoria de patrões para a maioria dos trabalhadores, e um governo socialista baseado em conselhos populares pode adotar medidas de fundo para acabar com a exploração.

 

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