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sexta-feira, março 29, 2024

Todo apoio à Intifada palestina!

Uma série de atividades em todo o mundo marca, anualmente, o 29 de novembro, dia internacional de solidariedade ao povo palestino. Este ano, o chamado veio da juventude palestina na diáspora em meio a uma nova Intifada.

Por: Soraya Misleh

A geração que cresceu no exílio, impedida de retornar à sua terra, une-se aos heróis na atual onda de resistência: jovens, em sua maioria, com 13 a 20 anos de idade. São os filhos de Oslo, jovens que sofreram as consequências dos desastrosos acordos assinados em 1993 (os acordos de Oslo), entre a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) e Israel. Estes acordos foram vendidos ao mundo como solução de paz, mas acentuaram a colonização, o apartheid e a ocupação sionistas. Totalmente descrente das lideranças tradicionais, essa juventude tem colocado sua vida a serviço da libertação da Palestina.

Al Khalil: luta e resistência palestina

Desde o começo da terceira Intifada, em 1º de outubro, até agora, foram assassinados por Israel pelo menos 115 pa­lestinos. Mais de 10 mil fica­ram feridos. A repressão in­tensa, contudo, não tem feito a resistência esmorecer.

No sul de Jerusalém, em Al Khalil (nome árabe de He­bron), verifica-se com mais intensidade a entrada da classe trabalhadora, inclusi­ve com greve geral. Não é à toa. Essa que é a maior cidade da Cisjordânia, com cerca de 170 mil habitantes, é também o principal centro operário.

A cidade de Al Khalil en­frenta uma situação singular. Os assentamentos israelen­ses ficam sob as casas e lojas dos palestinos, no entorno da Rua Shuhada, principal via do centro velho e área declara­da sob controle militar isra­elense nos acordos de Oslo. Os colonos andam fortemen­te armados, agridem e amea­çam constantemente os pales­tinos e costumam arremessar de suas janelas lixos e obje­tos sobre as cabeças de seus indesejados vizinhos, que só não os atingem porque uma ONG colocou uma imensa tela erguida como um teto na Rua Shuhada.

Ali, a ocupação mostra sua face por inteiro, sem másca­ras. Não surpreende que a ci­dade tenha se tornado um dos centros nessa Intifada.

Visitei Al Khalil em outu­bro de 2010, ao lado de Dir­ceu Travesso, na época diri­gente da CSP-Conlutas. Suas impressões sobre essa via­gem foram publicadas no ar­tigo “Em Hebron, cenas da ocupação e da resistência”. Nele, Dirceu escreveu: “A solidariedade internacional é parte decisiva da luta pela Palestina para os palestinos. Para alguns, parecem peque­nos gestos de impotência. Para quem sabe o que quer, é a pre­paração de novas Intifadas.” Tais palavras nunca foram tão atuais.

Solidariedade: PSTU apoia resistência palestina

Somando-se à solidariedade internacional, no Brasil, o PSTU atendeu à convocatória feita pela juventude. No dia 29, a Frente em Defesa do Povo Palestino convocou manifestação em São Paulo, que teve a presença de Zé Maria, presi­dente nacio­nal do PSTU. Em Campo Grande, o par­tido organizou um ato público e o lançamento do livro A revol­ta de 1936-1939 na Palestina, do revolucionário marxista Ghas­san Kanafani, publicação inédita em português da Editora Sundermann. A obra também foi lan­çada em Fortaleza, em evento organizado pelo comitê de solidariedade local.

Ao analisar as causas que le­varam a essa revolta (na verdade, uma revolução poderosa que representou o momento em que se chegou mais perto da libertação da Palestina) e o papel desempenhado por cada classe, bem como as razões e as consequ­ências de sua derrota, Kanafani identifica os inimigos da causa palestina, os quais se mantêm na atualidade: a burguesia árabe­-palestina, os regimes árabes, o sionismo e o imperialismo.

Assassinado pelo serviço se­creto israelense em 1972, aos 36 anos, em Beirute, no Líba­no, Kanafani é amplamente reconhecido no mundo árabe, exemplo de que não é possível calar as vozes dos palestinos. Como dizia o intelectual pales­tino Edward Said, quando um de nós é eliminado, dez outros surgem em seu lugar. A nova Intifada é prova disso.

Saiba mais:

Intifada: Palavra árabe que significa “levante po­pular”. A primeira Intifada ocorreu em 1987-1993, e a segunda, em 2000-2004. No entan­to, muitos apontam que a primeira Intifada foi a revolução de 1936 a 1939. Na época, os palestinos se levantaram contra o mandato britânico e seu apoio à colonização sionista.

Sionismo: É uma ideologia política racista que parte do princípio de Theodor Herzl (1860-1904), sintetizada na frase “uma terra sem povo para um povo sem terra”, para justificar a expulsão dos palestinos de suas terras. Não tem nada a ver com a religião judaica.

Leia mais: Em Hebron, cenas da ocupação e da resistência.  http://goo.gl/hQhceK

Adquira o livro: A revolta de 1936-1939 na Palestina, de Ghassan Kanafani. http://goo.gl/YPCSI4

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