ter abr 16, 2024
terça-feira, abril 16, 2024

Paremos o muro!

 Como nos últimos anos tem acontecido, em novembro ocorrerão, entre os dias 9 e 16, ações internacionais contra o muro “de separação” na Cisjordânia. Também em Portugal está prevista uma ação de solidariedade com o povo palestino e as suas lutas para travar a construção deste muro, condenado pelo mundo inteiro, mas que continua destruindo aldeias e vidas.
 
O muro, cuja construção foi iniciada em 2002 e que já tem mais de 400 km, só não está ainda terminado porque os palestinos têm lutado corajosamente contra a sua extensão. Entre vários povoados que se destacam pela sua resistência, a de Bilin, situada a 12 km de Ramallah, tornou-se um símbolo.
 
Desde 2005, todas as sextas-feiras os seus habitantes se manifestam, com o apoio de ativistas estrangeiros, junto à cerca de arame farpado que marca a linha de mais um pedaço a ser construído e que atravessa a aldeia, separando os moradores dos seus terrenos agrícolas. Desde meados dos anos 80, Bilin já perdeu mais de 60% da sua área, gradualmente confiscada para a construção de colonatos judeus.
 
Apesar de pacíficas, as concentrações da sexta-feira já provocaram muitas dezenas de feridos e, em abril de 2009, a primeira morte. Mas a luta não é em vão: já tinha alcançado uma vitória em 2007, quando o Supremo Tribunal de Israel condenou o Estado a recuar a linha de demarcação do muro. No entanto, foi só em julho deste ano que o exército israelense acabou por deslocar os 3 km de arames farpados e várias barreiras, devolvendo assim cerca de 55 hectares à aldeia.
 
Pele de leopardo
 
O muro, previsto inicialmente para chegar aos 800 km, não foi só declarado ilegal pelo Tribunal Internacional de Justiça e pelas Nações Unidas, mas também condenado pelos próprios Estados Unidos e pela União Europeia. No entanto, essa “barreira de segurança”, como é chamado pelo Estado de Israel, já ocupa 6% a 8% do território da Cisjordânia e fez o mapa dessa região parecer uma pele de leopardo. Com efeito, o traçado é tortuoso, cercando localidades, atravessando outras, cortando ao meio propriedades e terrenos cultivados. É uma serpente que se infiltra pelo que resta da Palestina não ocupada.
 
Antes mesmo de o muro ser construído com os seus oito metros de concreto, já é implementado o seu esqueleto e estabelecida a separação com arame farpado e checkpoints, barreiras que só são abertas por períodos limitados e por onde só passam os portadores de autorizações emitidas pelos serviços israelenses. Evidentemente, os agricultores ficam condicionados ou mesmo impedidos de trabalhar as suas terras, as crianças têm dificuldades em chegar às escolas e mesmo os hospitais ou centros de saúde ficam muitas vezes do outro lado das barreiras.
 
Objetivo é a anexação
 
A função do muro não é apenas a de dificultar a vida dos palestinos, de fazê-los se desesperar e procurar refúgio nos países vizinhos, facilitando a limpeza étnica. O muro de separação tem, sobretudo, ajudado a anexar ao território já ocupado por Israel as colônias que vão crescendo na Cisjordânia e em Jerusalém oriental.
 
O próprio Yuval Diskin, chefe dos serviços secretos Shin Bet, declarava em maio de 2009 que os israelenses tinham toda a capacidade para impedir qualquer ataque proveniente dos territórios palestinos e que, portanto, não havia razões para construir o muro da Cisjordânia. E em 2004, o Tribunal Internacional de Justiça já tinha reconhecido que a construção do muro não obedecia a uma necessidade de segurança, uma vez que 90% do seu traçado se encontrava no interior da Cisjordânia e não ao longo da fronteira estabelecida em 1949, a chamada linha verde.
 
Esse mesmo tribunal condenava Israel a demolir o muro já construído e a reparar os danos causados. Mas enquanto Israel gozar da proteção dos Estados Unidos e da União Europeia, nenhum tribunal internacional e nenhuma resolução da ONU o farão respeitar os direitos humanos. Só a resistência palestina e o apoio internacional poderão derrotar a colonização sionista. Por essa razão é tão importante participarmos na semana internacional contra o muro, em solidariedade com a luta por uma Palestina livre.
 
Fonte: Ruptura no 119
 
 
 
  

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