qui mar 28, 2024
quinta-feira, março 28, 2024

O trabalho infantil na Palestina ocupada

O “apartheid” que os palestinos das terras ocupadas sofrem e padecem é indubitavelmente mais uma marca do capitalismo, que mostra sua pior face com o abuso de menores, que trabalham nas colônias agrícolas do sionismo.

Por: Marta Morales
Ver os meninos rirem, jogarem, divertirem-se; vê-los crescer, imitar-nos, superar-se é, talvez, uma das maiores satisfações que nós, os pais, temos, sem distinção de raça, lugar (se vivemos em um país rico ou pobre), e classe ( se somos ricos ou pobres).

Mas, para muitos, isso muda completamente quando não são os próprios filhos. Então, sim, a raça, o país, as condições materiais de uns e de outros, tudo fica desmascarado. Assim é o mundo em que vivemos, algumas crianças recebem mordomias e a grande maioria não consegue sequer o direito à alegria.

Há muitos, e cada vez mais, meninos no mundo, que são submetidos à exploração sem piedade do capitalismo, obrigados a trabalhar para conseguir o sustento e, o que é pior, relegados à condição de “escravos”, se pertencem, por exemplo, a populações de territórios ocupados pelas colônias agrícolas sionistas na Cisjordânia, Gaza e em toda Palestina.

Estes meninos palestinos – como muitos outros em todo mundo, em particular nos países semicoloniais ou coloniais – deveriam estar protegidos, de acordo com as normas do direito internacional, já que sua infância é um direito inalienável e irrenunciável, que não pode ser ferido nem desconhecido sob nenhuma circunstância. No entanto, essas crianças são utilizadas como mão de obra nos trabalhos agrícolas nos assentamentos israelenses do Vale do Jordão.

Estes meninos, com apenas 11 anos de idade, não ocupam na sociedade o lugar que lhes corresponde, diferente do que os descarados porta-vozes do capitalismo imperialista, como as Nações Unidas, apregoam ofendidos.

Ainda que, em 1948, as Nações Unidas tenha sancionado a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que, de forma implícita, incluía os Direitos das Crianças, e mesmo que, em 1959, tenha adicionado a Declaração dos Direitos das Crianças, por iniciativa da Unicef; temos visto passar diante de nossos olhos e de maneira crescente as piores explorações infantis.

A hipocrisia dessas declarações se desmascara quando sabemos de meninos que trabalham recolhendo produtos agrícolas durante jornadas esgotantes, suportando altas temperaturas, levantando peso e expostos aos efeitos dos pesticidas nas terras palestinas ocupadas pelos colonos judeus do Estado de Israel.

Como não bastasse essa abominável exploração, são as próprias famílias que, muitas vezes, devem cobrir as despesas médicas de seus filhos quando ficam doentes ou se lesionam em consequência desses trabalhos, segundo denuncia um recente relatório da Human Rights Watch (HRW).

Assim, os menores das terras ocupadas são obrigados a desistir do direito à educação, à saúde, à proteção de sua infância para encher os bolsos dos amos imperialistas e seus lacaios, que dizem respeitar as leis nacionais e internacionais.

Mais uma vez fica comprovado que os direitos são concedidos conforme a classe e a raça; o simples fato de ser criança não significa garantia de direitos; ser uma criança pobre e sem horizonte socioeconômico e que, além disso, nasceu e vive em um país ocupado e militarizado por um enclave imperialista na região, não lhe garante o mais mínimo dos direitos tão apregoados para ele e para sua condição de criança.

Os assentamentos israelenses são os que obtêm proveito com a exploração do trabalho infantil e os que se reservam o direito de dispor da mão de obra quase gratuita, submetendo os meninos palestinos das terras ocupadas à discriminação e à exploração.

Por isto, é também urgente denunciar os abusos cometidos pelo sionismo com a conivência do imperialismo em seu conjunto, bem como é urgente e necessária a luta pela destruição do Estado de Israel.

Porque, na medida em que nada seja feito, salvo discursos e declarações banais de organismos internacionais sujeitos à classe dominante, os meninos palestinos – que deveriam ser parte, como todos os demais, do futuro da humanidade – só serão mais uma dívida da “sociedade democrática”, na longa lista de resoluções “pendentes” que este nefasto sistema não pode, nem quer, resolver.

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