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quinta-feira, março 28, 2024

Debate | O assassinato de Qassem Souleimani e a Palestina

O covarde assassinato do principal comandante militar iraniano Qassem Souleimani pelos Estados Unidos em 3 de janeiro último dividiu os partidos políticos palestinos.

Por: Hassan al-Barazili
A Autoridade Nacional Palestina (ANP), liderada por Mahmoud Abbas, não emitiu nenhum comunicado condenando a ação imperialista estadunidense.
A posição da ANP representa uma capitulação ao imperialismo ianque e seus aliados na região – o Estado sionista e países do golfo – que saudaram o covarde assassinato.
Essa posição é inaceitável. O presidente Donald Trump está à frente da iniciativa que ele denomina de “Acordo do Século”, cujo objetivo é legalizar todos os crimes do Estado de Israel contra os palestinos – a limpeza étnica, o roubo de terras e propriedades, o cerco criminoso à Faixa de Gaza, entre outros. Para isso, conta com o apoio de seus aliados do Golfo. São inimigos da causa palestina. Além disso, os Estados Unidos não têm direito sequer de estar presentes no Oriente Médio, quanto mais realizar assassinatos de quem quer que seja.
Na outra ponta, o Hamas enviou uma delegação à Teerã para participar do funeral do general iraniano, liderada por ninguém menos que Ismail Haniyeh, o qual denominou Qassem Souleimani de “Mártir de Al-Quds” (Jerusalém nas línguas ocidentais).
Essa posição também está equivocada. O general Qassem Souleimani foi o principal articulador do massacre realizado contra o povo sírio e palestino-sírio desde 2012 até os dias atuais. Certamente os palestinos que viviam no campo de Yarmouk, o maior campo de refugiados fora da Palestina ocupada, não têm boas lembranças dele. As forças do regime sírio, as milícias estrangeiras trazidas por Souleimani e a força aérea russa dizimaram o campo de refugiados. Mais de 4 mil palestinos morreram na Síria fruto dessa intervenção russo-iraniana assassina.
Está correto denunciar a ação imperialista ianque e exigir a saída de todas as forças americanas do Oriente Médio. Mas não está correto denominar de “Mártir de Al-Quds” um dos carniceiros de Yarmouk, de 4 mil palestinos na Síria e de meio milhão de sírios.
O Hamas tem o direito de buscar apoio de quem quer que seja para lutar pela libertação da Palestina e para se defender das agressões diárias do Estado sionista. Mas denominar o general iraniano de “Mártir de Al-Quds” é romper os necessários laços de solidariedade com os verdadeiros aliados dos palestinos, que são os povos árabe e iraniano que lutam contra regimes autoritários em seus países.

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