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quinta-feira, abril 25, 2024

Cresce a crise em torno do assassinato de Jamal Khashoggi 

No dia 23 de outubro o presidente turco Recep Erdogan falou à bancada governista no parlamento sobre o assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi no interior do consulado saudita em Istambul no último dia 2 de outubro.

Por: Fabio Bosco

Erdogan reuniu as informações que já foram veiculadas pela imprensa turca. Ele afirmou que o assassinato foi premeditado e exigiu uma investigação independente e o julgamento dos 18 suspeitos em Istambul. Ele ainda cobrou das autoridades sauditas informações sobre o destino do corpo do jornalista bem como a identidade dos turcos que colaboraram em ocultar o corpo.

Jamal Khashoggi era um jornalista com boas relações com a família real saudita. Ele apoiava o projeto de modernização impulsionado pelo príncipe Mohammad Bin Salman mas fazia críticas moderadas à falta de liberdades democráticas no reino saudita. Por conta da perseguição a dissidentes, ele se auto-exilou nos Estados Unidos e escrevia regularmente ao Washington Post.

Ele foi ao consulado saudita para buscar uma certidão de divórcio para se casar com sua namorada turca. A imprensa turca informou que o jornalista foi torturado, asfixiado e desmembrado em 15 pedaços por uma equipe de 15 pessoas do serviço de inteligência saudita dentro do consulado.

Há uma versão de que Khashoggi portava um relógio habilitado para gravar e transmitir imagens e sons que hoje estão sob o controle da inteligência turca. Esta seria a origem das informações sobre diálogos e sobre o tempo de sete minutos para desmembrar o jornalista.

Este assassinato bárbaro atinge em cheio o príncipe saudita Mohammad Bin Salman, que na prática governa o país de forma autocrática. Integrante de sua guarda pessoal estava na equipe de 15 sauditas que viajaram para Istambul a fim de executar Khashoggi.

Desde que assumiu o poder afastando o sucessor do rei Salman, o príncipe iniciou uma agressão militar contra o Iêmen, um conflito diplomático contra o Qatar e prendeu dissidentes (ativistas pelos direitos das mulheres, religiosos e até mesmo alguns milionários).

Agora os Estados Unidos, as potências europeias e a Turquia cobram uma posição do governo saudita que relutou mas reconheceu que Khashoggi morreu dentro do consulado saudita após um conflito. Na verdade acima de qualquer defesa de direitos humanos estão interesses econômicos e geopolíticos.

O próprio presidente Trump, após idas e vindas, afirmou que o assassinato de Khashoggi não pode afetar a venda de USS 110 bilhões de armas americanas aos sauditas. Este também é o dilema das potências europeias. Já a Turquia disputa a influência regional contra a Arábia Saudita e o Irã.

Ainda não é possível prever qual será o resultado final, mas o príncipe saudita deve sair enfraquecido deste processo.

 

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