Francisco Louçã, numa série de
Qualquer pessoa de bom senso concordaria com a necessidade de uma política e campanha unitárias para fazer triunfar o “Sim” neste referendo. Afinal de contas, 33 anos após o 25 de Abril e uma revolução, havia contas a ajustar com a direita e todo uma parte do país conservador, que teimava em mantê-lo na cauda da Europa no que se refere a esta importante reivindicação demo
Agora, Francisco Louçã não tem razão quando afirma que a campanha devia “envolver todos os que partilhassem esse voto”. O Bloco de Esquerda, incorrectamente na nossa opinião, chegou a defender uma campanha pelo “Sim” com todos, incluindo “o governo e apesar do governo”. Aliás, não se ignora que nenhum panfleto da campanha, do Bloco ou de movimentos unitários, e mesmo em discursos públicos nunca houvesse uma devida (necessária e indispensável) diferenciação face ao governo PS e, em particular, ao ministro Correia de Campos e ao primeiro-ministro José Só
Na verdade, a esquerda não deve contribuir para branquear um governo que utilizou o seu “Sim” a esta lei para ganhar fôlego para prosseguir a sua ofensiva contra as mulheres e o povo trabalhador em geral (encerramento de SAPs, centros de saúde, maternidades e escolas, aumento da idade de reforma, precarização do trabalho, etc.), que as lutas sociais estavam ainda há pouco tempo a questionar seriamente (manifestação de 30.000 professores em 5 de Outubro e 100.000 manifestantes em 12 do mesmo mês).
Com efeito, a conjuntura aberta com as mobilizações da Função Pública no ano passado deu a possibilidade de partirmos para mobilizações nacionais de outra envergadura. Isso se a CGTP assim o tivesse querido, bem como o PCP e o BE. Todos preferiram, a
E não o dizemos por questões de princípio, que não traria mal nenhum ao mundo nem prejudicaria o voto no “Sim”, mas por uma necessidade inultrapassável de enfraquecer o governo para enfraquecer a sua ofensiva contra o mundo do trabalho, em vez de contribuir, como aconteceu, por indirectamente fortalecê-lo com a também sua vitória no referendo. Só
A esquerda que se constrói a pensar sempre em eleições, votos e mandatos e, em consequência, secundariza as lutas sociais e a demarcação clara com os governos capitalistas de turno, não almeja mais do que ser uma força eleitoral, sem contribuir efectivamente para as urgentes alterações sistémicas que tanta falta fazem às nossas sociedades. Por alguma razão, no dia a seguir ao referendo, a população de Vendas Novas estava na rua massivamente em protesto contra o encerramento do SAP local por ordem de Correia de Campos e de José Só