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quinta-feira, março 28, 2024

Portugal | O que o resultado das eleições não conta: a Geringonça governa para os ricos!

Quem visse os resultados das eleições poderia pensar que tudo vai bem por terras de Portugal. Mas será mesmo assim?

Por Em Luta, Portugal

Os novos passes – de que BE e PCP se apressaram a disputar autoria – estão aí. Mas foi para favorecer os transportes públicos? O caos por que passam, todos os dias, os que os utilizam, mostra bem que a qualidade não melhorou e a quantidade não assegura o mínimo: não há uma verdadeira política pública de transportes.

Foi para melhorar o meio ambiente? Sabemos que o Governo estava preocupado em garantir a todo o custo as buscas de petróleo no Algarve e até agora nada fez para mudar a política florestal que destrói o país. Não é por motivos ecológicos que foi implementado.

Terá sido, então, para esconder a brutalidade da especulação imobiliária? A Geringonça mantém a lei das rendas de Assunção Cristas, nada faz perante as demolições em bairros autoconstruídos ou os desalojamentos para favorecer o turismo e agora apresenta um programa de “rendas acessíveis” (para ricos) que legaliza a especulação imobiliária. Enquanto expulsa os trabalhadores das cidades, baixa os transportes, para garantir que conseguem vir trabalhar.

Para o Governo e seus mandantes, como se viu no caso da Autoeuropa, a nossa vida é trabalhar, trabalhar, com baixos salários e a um ritmo cada vez mais destruidor da saúde física e psicológica. Família, descanso ou lazer são um privilégio para os mais ricos.

O caso Berardo ou a gestão privada da TAP mostram a duplicidade de critérios. O trabalhador tem que dar todas as garantias para conseguir um crédito; se falha um pagamento, é duramente punido; os capitalistas e banqueiros utilizam o dinheiro do Estado para beneficíos próprios e sabem que, no final, estão protegidos.

A Geringonça continua a lógica de governos de PS/PSD/CDS: pagam a privados para fazerem grandes lucros, enquanto destroem o que é público: são as PPPs na saúde, as isenções fiscais aos proprietários das “rendas acessíveis”, o pagar aos privados para garantir transportes público, etc. A verdade é que Costa governa para os ricos, com o voto e o apoio de BE e PCP.

Contra o regime estabelecido, só as lutas dos trabalhadores e da juventude podem conseguir vitórias. Foi assim no caso da Cova da Moura, no qual a mobilização conseguiu que, pela primeira vez, houvesse punição da violência do Estado nos bairros negros. É também esse o caminho que nos mostram os trabalhadores no Brasil com a greve geral contra Bolsonaro. E só pode ser o caminho dos trabalhadores em Portugal, depois das corajosas greves dos enfermeiros, professores, estivadores e motoristas de matérias perigosas. Esse é o nosso caminho – o de construir uma alternativa dos trabalhadores – não o de querer disputar a próxima Geringonça, que nada mudará para quem trabalha.

Editorial, Em Luta nº 16 (Junho 2019)

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