sex mar 29, 2024
sexta-feira, março 29, 2024

Declaração do PdAC sobre a renúncia de Romano Prodi

No dia 17 de fevereiro, aconteceu uma importante manifestação em Vicenza (Itália) contra a base militar da OTAN localizada nessa cidade e contra a política de apoio às guerras imperialistas do governo encabeçado por Romano Prodi. A Itália mantém 2.000 soldados no Afeganistão e suas tropas são um dos principais componentes dos “capacetes azuis” no Líbano. Participaram do protesto mais de cem mil pessoas vindas de diversos lugares da Itália e houve muita repercussão na imprensa italiana e internacional. O PdAC (Partido da Alternativa Comunista) teve um papel bastante ativo, e uma de suas dirigentes, Patricia Cammerata, fez uma das três intervenções que encerraram a marcha.

Uma das primeiras repercussões da manifestação foi o voto contrário, no senado, ao plano de política exterior apresentado por Prodi, já que alguns senadores da “esquerda” da coalizão de governo votaram contra. Isso abriu uma “minicrise” institucional, uma vez que Prodi renunciou a seu cargo de Primeiro Ministro. No entanto, dadas as características especiais do sistema político italiano, essa renúncia pode não ser aceita pelo presidente do país ou, ainda, Prodi pode ser encarregado de formar um novo governo. Muitos dos senadores “críticos” já anteciparam que, em ambos os casos, o apoiarão.

A seguir, apresentamos a declaração emitida pelo PdAC sobre a renúncia de Prodi.

 

Fora os dois pilares da guerra!
Por uma alternativa dos trabalhadores!

 

O “incidente” numérico em que escorregou o governo Prodi no Senado não modifica o quadro político. Este governo, de guerra e de rapina, deve ir-se: não para dar seu lugar a um governo de centro-direita, mas para uma alternativa dos trabalhadores.

Os dois pilares que se alternam não se diferenciam na essência nem na política econômica, nem nos temas internacionais. Fora todos! É necessário repetir outra vez as exigências expressas na grande mobilização de Vicenza e ir preparando uma grande greve geral contra a política de guerra, compartilhada pela centro-esquerda e pela centro-direita, e por um governo dos trabalhadores. O Partido da Alternativa Comunista (PdAC) chamou os partidos da chamada “esquerda do governo” (Refundação Comunista, PdCI, Os Verdes) a romperem com a coalizão que quer a guerra e os sacrifícios para os trabalhadores.

Com seu voto contra no Senado, a esquerda do governo, Refundação em primeiro lugar, mostrou toda sua hipocrisia, apresentando com um “resultado” o empenho de D’Alema numa imaginária “conferência de paz” enquanto financiam as tropas italianas no Afeganistão e se confirma a vontade de manter a base de Vicenza.

A poucos dias da extraordinária manifestação de Vicenza, esses mesmos líderes e parlamentares que desfilaram apresentando-se como porta-vozes das reivindicações dos manifestantes, demonstraram no parlamento qual é seu verdadeiro papel: estão nos movimentos para tentar subordina-los ao governo Prodi. Um governo que financia a guerra e reduz as aposentadorias para defender os interesses do capitalismo italiano.

Vergonhosa foi, também, a capitulação dos considerados “setores críticos” da Refundação Comunista e dos parlamentares “rebeldes”. O setor de Ernesto se dissolveu definitivamente na maioria bertinottiana [1]. Todos seus senadores (inclusive Giannini) votaram a favor da política imperialista. Quanto à Erre-Izquierda Crítica [2], na tentativa (fracassada por conta de alguns votos imprevistos) de não provocar distúrbios na Refundação nem no governo, Turigliatto desapareceu do Senado, numa reedição do “não aderir para não sabotar”. Diante dessa encruzilhada (na qual se destacam os líderes do PRC), que se desencadeou por seu confiante crime de danos ao governo, continuou sua resposta: “estamos prontos a votar também amanhã a confiança no governo Prodi”. Pelo contrário, se trata de construir, tato na rua quanto no parlamento, a oposição ao governo e a sua política, em nome dos direitos dos trabalhadores e do povo que se manifestou em Vicenza.

Por isso, está confirmada nossa opção, como ex-esquerda da Refundação, de romper com o partido de Bertinotti e de Giordano. O novo partido que fundamos há poucas semanas tem estado e permanecerá ao lado das razões verdadeiras de quem manifestou o 17 de fevereiro em Vicenza. Não é por acaso que Patrizia Cammarata, dirigente de nosso partido e porta-voz do comitê Vicenza, tenha feito, nesse dia, uma das três intervenções finais da manifestação. O PdAC participou desde o início desta luta e continuará, em Vicenza e nacionalmente, impulsionando com toda sua força militante, as próximas mobilizações.

Aos muitos que se manifestaram em 17 de fevereiro e que militam nos partidos que hoje traem no Senado à manifestação de 17, lhes dizemos: rompam com a “esquerda do governo” que não rompe com o governo da guerra e participem conosco da construção de um novo partido de luta, de um verdadeiro partido comunista.

NOTAS:
1. Referência a Fausto Bertinotti, dirigente máximo da Refundação Comunista, partido integrante da coalizão que sustentava o governo Prodi e o atual presidente do Parlamento italiano.

2. Nome que adotou o setor ligado à corrente internacional ex-trotsquista denominada Secretariado Unificado (SU) da Quarta Internacional.

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