sex abr 19, 2024
sexta-feira, abril 19, 2024

Pela livre União dos Estados Socialistas da Europa e pela destruição da UE


Intervenção do representante da LIT-QI na conferência nacional da ISL.

 

Existe todo um debate hoje na esquerda europeia sobre a palavra de ordem relacionada a "o que fazer com a União Europeia". Os partidos reformistas europeus, como o Izquierda Unida da Espanha, Bloco de Esquerda de Portugal,

Syriza na Grécia, todos eles estabelecem uma estratégia, que é refundar a União Europeia ou reformá-la.



Não somente é impossível reformar a UE como esta bandeira vem num momento em que a aplicação dos planos de austeridade e a intervenção da Troika em países como Grécia, Portugal, Islândia, leva a que um grande setor do proletariado rechace a UE.



Esta proposta, de conteúdo, vem no auxílio da UE para fazê-la mais palatável para a classe trabalhadora, ao exigir sua reforma. Lutar para reformar a UE é como lutar para reformar o FMI, é como pedir para reformar a ONU, é exigir do imperialismo uma reforma nos instrumentos que ele utiliza para nos explorar e oprimir, não em nenhum outro sentido.



Se os trabalhadores dos países imperialistas mais importantes não tiverem uma posição firme no sentido de que, 1) esta dívida (dos países periféricos) não seja paga, 2) que a UE é um instrumento de exploração dos povos, é impossível construir a unidade internacionalista entre os trabalhadores da Europa. E a bandeira da luta conta a UE ficará nas mãos dos nacionalistas e reacionários.



Os partidos reformistas limitam-se a fazer declarações genéricas contra a austeridade em todos os países. Enquanto na Alemanha, na França e na Inglaterra há uma luta contra a austeridade, na Grécia, em Portugal e na Espanha há uma catástrofe social. Então, nosso objetivo é estabelecer em nosso programa a melhor forma de buscar a unidade entre os trabalhadores europeus, mas essa unidade só pode existir se for possível concretizá-la em tarefas e reivindicações comuns, porque os trabalhadores não vão lutar pela unidade em abstrato.



E essa unidade só pode ser construída, em primeiro lugar, se há uma unidade de verdade na luta contra o imperialismo, dentro dos países centrais, contra seu próprio imperialismo, e nos países periféricos contra este mesmo imperialismo que os ataca. Este é o ponto de unidade e ele é objetivo, pois agora os trabalhadores dos países imperialistas mais importantes também estão sendo atacados.



E a tragédia da esquerda europeia é que não há nenhum setor da esquerda, com peso na realidade, que se proponha a lutar, em primeiro lugar, contra seu próprio imperialismo e contra a exploração que seu imperialismo faz nos países mais débeis da Europa colocando o tema da UE como um dos centros.



Estas duas palavras de ordem colocadas no programa (a necessidade de destruir a UE e por uma União Livre dos Países Socialistas da Europa) devem sintetizar duas políticas fundamentais, a primeira é a denúncia da UE como um instrumento do imperialismo, e também um instrumento do imperialismo britânico, de acordo com os acontecimentos devemos levantar as palavras de ordem pertinentes que expresse essa estratégia.



Ela se combina com outra palavra de ordem, levantadas pelas nossas seções nos países sob a intervenção da Troika, a de chamar que esses países rompam com o euro e a UE. O ponto que unifica a luta dos trabalhadores dos países periféricos com os trabalhadores dos países centrais é exatamente a luta contra a UE. E a segunda nos diferencia de todo nacionalismo, seja o nacionalismo reacionário nos países imperialistas, como o UKIP na Inglaterra, ou mesmo do nacionalismo estalinista. Reafirma nossa estratégia que é a luta pelo socialismo e que este não pode existir em um só país.

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O UKIP e a União Europeia



A posição do UKIP contra a UE não tem nada a ver com a nossa. Eles querem a saída da Grã-Bretanha de modo que, em seu sonho reacionário utópico, ela volte a se tornar a grande potência imperialista do passado. O UKIP expressa um típico nacionalismo reacionário – o desejo de que a burguesia britânica determine as regras a nível mundial novamente e lucre explorando os trabalhadores de todo o mundo. Para o economista Tim Congdon, que falou na conferência do UKIP, "a Inglaterra seria uma nação muito mais próspera, além de ter a oportunidade de restaurar suas disposições constitucionais e legais tradicionais", se ela deixar a UE.



O outro lado da política do UKIP é o seu ódio aos imigrantes, que compartilham com todos os partidos parlamentares, incluindo o Trabalhista. Para o UKIP, a UE é responsável pela presença de trabalhadores estrangeiros na Grã-Bretanha e afirma que "cerca de 100.000 empregos para trabalhadores ingleses podem ter sido perdidos graças à migração em massa da Europa Oriental".



Nem uma palavra sobre a exploração dos trabalhadores ingleses por seu próprio imperialismo, nem uma palavra sobre a exploração dos trabalhadores da Europa por multinacionais inglesas, ou em suas semicolônias e colônias. E nem uma palavra contra os bancos ingleses que lucram com a miséria de todos os povos europeus.



É por isso que o parlamentar do UKIP, Gerrard Batten, escreveu que "todo o projeto da União Europeia é … sobre a criação de um Estados Unidos da Europa. É um projeto antidemocrático, utópico, político conseguido através de mentiras e enganos”. Os Estados Unidos da Europa dos capitalistas realmente é um projeto utópico antidemocrático e reacionário, mas não contra a Inglaterra. Ao contrário, a Inglaterra, Alemanha e França são os principais países europeus que utilizam a UE como um instrumento de opressão da Irlanda e dos países do sul da Europa e de exploração de todos os trabalhadores europeus.



A LIT-QI e sua seção na Inglaterra, a ISL, lutam pela livre União dos Estados Socialistas da Europa e pela destruição da UE. Nesta luta, não só a UE deve ser destruída, mas também o sistema imperialista e seus defensores, como os conservadores, o Partido Trabalhista e o UKIP.

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