qui mar 28, 2024
quinta-feira, março 28, 2024

França| Greves e protestos contra reforma da Previdência arrancam novas negociações com primeiro ministro francês

Um dia após mais uma Greve Geral na França, que levou 1,8 milhão de pessoas às ruas na terça-feira (17), duas novas rodadas de negociações acontecem entre o primeiro-ministro francês, Edouard Philippe, e líderes sindicais, nesta quarta-feira (18) e quinta-feira (19).

Por: CSP Conlutas

A greve desta terça marcou o décimo terceiro dia consecutivo de mobilizações após a Greve Geral de 5 de dezembro contra a reforma da Previdência do governo de Emmanuel Macron. Foi convocada pelas Centrais sindicais e por todos os principais sindicatos franceses.

A polícia reprimiu os manifestantes e disparou bombas de gás lacrimogêneo para dispersar o protesto no centro de Paris. As cidades de Lyon, Toulose, Bordeaux, Lille e Marselha também tiveram grandes manifestações.

A CFDT (Confederação Francesa Democrática do Trabalho), que já havia apoiado o governo francês em diversas ocasiões, aderiu na última semana às mobilizações e a essa última greve geral em conjunto com as outras centrais sindicais. Segundo a RFI (Rádio França Internacional), a CFDT afirmou que a proposta de reforma da Previdência de Macron havia “cruzado a linha”. As centrais sindicais já anunciaram que deve ocorrer outra manifestação nesta quinta-feira (19).

Trabalhadores dos transportes, principalmente ferroviários e metroviários, profissionais da educação e saúde, funcionários públicos, advogados, entre outros, estão entre os setores que serão mais afetados pelo sistema universal de pensões, apresentado pelo governo, que acaba com especificidades das categorias.

O jornal diário Liberación defende que o governo volte atrás no aumento de idade para as aposentadorias dos 62 para os 64 anos, seja mais flexível com os trabalhadores do setor ferroviário e proteja os professores para que suas pensões permaneçam intactas. O editor-chefe do Libération, Laurent Joffrin, avalia: “Sem essas concessões necessárias, o governo terá que assumir a perigosa degradação das relações sociais na França”.

A mobilização ganhou força após a renúncia do alto comissário para a Previdência da França, Jean-Paul Delevoye, por manter 13 contratos como consultor, acumulando cargos incompatíveis com um posto no governo o que implica em conflito de interesses com o setor das seguradoras.

Nara Cladera, professora e dirigente da União Sindical Solidaires, acredita que o movimento vive momentos decisivos às vésperas das festas de final de ano.

“O governo tentará enfraquecer o movimento por causa do Natal e Ano Novo, com forte pressão, mas, ao mesmo tempo, os trabalhadores estão dispostos a continuar a luta até o governo recuar”, disse.

Além disso, o novo responsável pela reforma do governo, Laurent Pietraszewski, indicado após a saída de Delevoye, tem em seu currículo 27 anos trabalhados no grupo de distribuição Auchan, de onde pediu demissão para assumir o novo cargo.

“Ele recebeu 71.000 € do grupo Auchan de onde trabalhava. A relação do governo com o mundo das finanças e multinacionais é incestuosa”, denuncia Nara, refletindo a rejeição de segmentos importantes do movimento ao novo indicado.

 

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