qui mar 28, 2024
quinta-feira, março 28, 2024

Tirem as mãos da Catalunha!

A proposta do Juntos pelo Sim e da CUP-CC para que o Parlamento declare que “não se sujeitará às decisões das instituições do Estado Espanhol, em particular do Tribunal Constitucional, o qual considera deslegitimado e sem competência” tem movimentado a máquina da imprensa, que qualifica a decisão como “golpista” e prepara terreno para justificar socialmente a utilização da repressão do Estado contra o povo da Catalunha.

Por: Corriente Roja

Rajoy, que se sente respaldado por Merkel e pela União Europeia, classificou a proposta como uma “provocação” e anunciou que “não tremerá o pulso” para impedir “por todos os recursos legais a seu alcance” que o povo catalão exerça sua soberania e proclame a República Catalã. Rajoy tem à sua disposição um arsenal que inclui desde a inabilitação, multas, prisão de responsáveis políticos, até a suspensão da Autonomia e a declaração de estado de exceção reconhecidos pela Constituição monárquica. E não falta quem se lembre de recorrer ao exército e à Guarda Civil , porque “na democracia” a “violência é monopólio do Estado”.

Rajoy não está sozinho: Ciudadanos e o PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) estabeleceram um “pacto pela unidade nacional” para dar apoio ao governo e coordenar a repressão. Trata-se de um cinismo dos mais grosseiros. Cinismo porque justificam suas ameaças de intervenção pela “defesa da democracia”. Esquecem que todo o conflito da Catalunha nasce simplesmente por impedir a realização de um plebiscito para que os catalães decidam

Fazem isso em nome do combate ao “nacionalismo”, e para isso firmam um Pacto pela “unidade da Espanha”, isto é, em nome de um nacionalismo maior, o que impede que as demais nacionalidades possam decidir seu futuro.

O Pacto PP, PSOE, C’S não passa de um pacto dos defensores da Monarquia, a “pátria espanhola comum e indivisível” que Franco deixara “atada e bem atada” e que a Constituição monárquica “legitimou”.

O rechaço às ameaças, o repúdio frontal a esse Pacto vergonhoso, do rançoso nacionalismo espanhol, deve ser a resposta dos trabalhadores e dos povos de todo o Estado e de toda a Europa, começando pelas organizações que se definem de esquerda e democráticas.

Não valem meias palavras. Não vale afirmar, como faz Pablo Iglesias (Podemos), que é preciso “dialogar” e “ter pontes”, sem começar pelo mais rotundo rechaço às ameaças do governo e o chamado à mobilização contra elas.

E não vale reconhecer o direito à decisão, e atrelar tal direito a um “plebiscito acordado” com um Estado que nega por princípio a consulta. Reconhecer o direito ao divórcio mas exigir o “mútuo acordo de ambos os cônjuges” é , na verdade, negá-lo.

O povo trabalhador e a juventude não precisam de nenhuma unidade forçada. Quem quer isso são as grandes empresas do Ibex35, a Troika, a oligarquia financeira que nos explora e oprime. A classe trabalhadora necessita uma união livre entre os povos livres, que nunca será possível se a Catalunha não decide de forma livre e soberana seus destinos. Tirem as garras do Estado da Catalunha!!

Tradução: Guilherme Mongeló

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