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sexta-feira, abril 19, 2024

Exumar os restos de Franco … e do franquismo

O novo governo iniciou o processo de exumação dos restos do ditador Franco. Não podemos mais que sentir alívio por dita transferência, mas também não podemos deixar de salientar a natureza muito limitada da medida.

Por: Juan P.

Em primeiro lugar, porque o Valle de los Caídos continuará a ser um centro de culto franquista e porque o túmulo de Franco, apesar de desalojado, continuará a ser um centro de peregrinação. Lembremos que na Alemanha os abutres nazistas não têm túmulo conhecido, justo para evitar isso, e que o local da morte de Hitler foi transformado em um estacionamento vulgar. Lógico que os fascistas lá, foram derrotados … e aqui eles foram convertidos em “democratas de toda a vida”.

Enquanto isso, dezenas de milhares de antifascistas ainda estão desaparecidos, distribuídos em valas comuns e calhas em todo o território. Lembramos nomes como Lorca, Blas Infante, … A política estatal de reparação e dignificação às vítimas do franquismo tem sido mínima, e o que se conseguiu foi graças principalmente às associações de memória histórica.

Para o que sim, tem havido política é proteger os criminosos, como o torturador “Billy El Niño” que goza de uma aposentadoria tranquila ou que o roubado se mantenha nas mãos dos ladrões, como o Pazo Meirás.

Mas não apenas em torno de tumbas e monumentos está o debate sobre o legado do franquismo. O nosso regime político atual mantém pesada herança da ditadura, começando pela monarquia (reinstaurada a dedo pelo ditador) ou partidos como o PP, cujo presidente honorário (Fraga) foi Ministro de Franco.

Seguindo pelo exército, que é muito patriótico mas cede território nacional para o exército dos Estados Unidos, onde encontramos numerosos militares pronunciando-se publicamente em defesa da múmia de Franco ou mesmo falando de “solução militar” para a questão catalã. Na polícia também encontramos formas mais típicas de uma ditadura do que de uma democracia.

Por exemplo: as montagens policiais que enviam ativistas sociais para a prisão por nada (no caso de Nahuel), a impunidade dos policiais antidistúrbios que batem violentamente em quem simplesmente vai votar pacificamente (1-O na Catalunha) ou a para-polícia, política a serviço dos sumidouros do Estado (Comissário Villarejo). E não podemos esquecer a Igreja, pela qual se pode ir para a prisão se ofender seus dogmas de fé, mas que aqui na terra não pagam impostos.

Nós de Corriente Roja, entendemos que uma ruptura com essas heranças ainda está pendente e, para isso, apoiamos um processo constituinte que acabe não apenas com os monumentos fascistas, mas com o franquismo institucional. Um processo constituinte democrático e republicano que respeite a autodeterminação dos povos e de protagonismo operário e popular. Onde a justiça social e as liberdades se constituam como pilares intocáveis.

Tradução: Nea Vieira

 

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