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sexta-feira, março 29, 2024

Corriente Roja ante as eleições de 28 de abril na Catalunha

No próximo dia 28 de abril teremos eleições gerais onde, outra vez, muitos de nós nos veremos diante da pressão do chamado “voto útil” e o dilema do “mal menor”.

Por: Corriente Roja

O grande defensor do “voto útil” é o PSOE que se apresenta como se fosse a grande muralha para impedir um governo das três direitas e para deter a ultradireita do Vox. O que Pedro Sánchez não apregoa é que sua preferencia é formar um governo com Ciudadanos (C`s). Já tentou há três anos e isto é o que o corpo lhe pede.

Com sua propaganda querem nos fazer esquecer que os 10 meses de governo de Pedro Sánchez foram os meses do não cumprimento de suas promessas de quando estavam na oposição: revogação das reformas trabalhistas, reajustar as aposentadorias com o IPC e retirar o fator de sustentabilidade, revogação da lei da mordaça e da LOMCE. Algumas dessas promessas não cumpridas foram acompanhados de medidas parciais com pouca substância e muita propaganda. Com a Catalunha, combinaram um palavreado de diálogo com uma oposição total ao direito de decidir e um apoio incondicional ao julgamento antidemocrático contra os presos políticos. Suas recentes declarações são contundentes: “Não é NÃO, não haverá referendo na Catalunha”.

Algumas regras do jogo que impedem uma mudança real

É importante observar, sob as aparências, quais são as regras do jogo. Se o fazemos, vemos uma legislação eleitoral antidemocrática instituída para favorecer as forças mais reacionárias e para sustentar o bipartidarismo, onde, por exemplo, eleger um Deputado por Barcelona exige o triplo de votos do que um por Ávila. Vemos uma Constituição que serve aos poderosos e protege os aparatos de estado, dominados pelos herdeiros do franquismo. Uma Constituição com cláusulas que tornam impossível reformá-la em um sentido progressista. E vemos também uma União Europeia (UE) que dita uma política a serviço dos grandes empresários e multinacionais.

Temos que ter bem nítido que, sob estas condições, é impossível uma mudança real a favor do povo trabalhador. Que dentro destas regras do jogo qualquer governo, incluído um governo do PSOE e Unidos Podemos, será um governo antioperário, submetido ao Ibex 35, aos ditames da UE, lacaio da Monarquia e defensor da unidade forçada da Espanha. No momento, a UE já assinalou que terá que cortar gastos públicos, atacar o sistema de aposentadorias e, com certeza, manter as reformas trabalhistas.

O programa que defendemos

Corriente Roja, devido aos entraves de uma lei eleitoral cada vez mais antidemocrática, optamos por não apresentar candidatura às eleições de 28 de abril, ainda que estaremos presentes nas eleições europeias de 26 de maio e em alguma candidatura municipal.

Se nos apresentássemos o faríamos para questionar as atuais regras do jogo e para defender um programa de ruptura com o regime monárquico e com a UE, de mudança real e de luta, bem como, para reconstruir o movimento operário frente à burocracia sindical que o afoga. Defenderíamos uma Assembleia Constituinte que não seja regida pela Constituição de 78 ou pelos ditames da UE, onde o povo e a classe trabalhadora tenham poder para mudar de cima a baixo as regras do jogo: para livrar-se do rei, depurar radicalmente os aparatos de estado, exercer o direito de decidir, romper o poder dos grandes empresários e banqueiros e garantir “o pão, o trabalho, o teto e a igualdade”. Lutaríamos por uma República catalã que fizesse parte de uma união livre de repúblicas.

Tudo isto não é nada fácil, mas que outra saída temos? É uma saída que só será possível através de um grande movimento social, organizado democraticamente a partir dos locais de trabalho e estudo e apoiado em uma mobilização sustentável. Um movimento que aprofunde o caminho que o 15M e o 1-O nos ensinaram. Um caminho que é também o da luta por um governo dos trabalhadores/as surgida da auto-organização popular.

Nestas eleições, damos um voto crítico ao Front Repúblicà

Em que pese não compartilhar seu programa, muito limitado e que não se apoia nas principais reivindicações operárias e populares (reformas trabalhistas, aposentadorias, salários, precariedade, etc) e que pese não ter confiança política alguma em seu projeto estratégico, chamamos a votar em Front Republicà (FR) que Dante Fachín encabeça. Fazemos isso porque é entre todas as listas que concorrem, a única que representa e é referente dos setores do movimento independentista que deixaram de acreditar em JxCat y ERC, e foi mais além do tradicional absenteísmo político da CUP quando se trata das eleições gerais.  F.R. se apresenta como uma candidatura de ruptura, que se enfrenta expressamente ao regime monárquico. É a única candidatura, a nosso ver, que defende de maneira mais nítida o direito de decidir e a luta contra a repressão do Estado e é isso o que lhe consegue as simpatias de quem não renuncia à luta pelo direito de decidir. Em que pese as diferenças assinaladas, nestas eleições, entre as listas existentes, é a que mais dano pode causar ao regime e à grande patronal e a que mais pode nos favorecer.

Falta construir uma alternativa revolucionária, socialista e de ruptura

Para além do voto, o mais importante é ir construindo uma alternativa operária e democrática, socialista e de ruptura. Estamos convencidos que enquanto os setores mais conscientes da classe trabalhadora não nos colocarmos à frente da luta pelo direito de decidir e de um programa de mudança social real, a situação política não apontará a nosso favor. Esta é a batalha na qual no, da Corriente Roja, estamos comprometidos e para a qual convidamos todos/as a participar conosco.

Tradução: Lilian Enck

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