qui mar 28, 2024
quinta-feira, março 28, 2024

Sentença, detenções e criminalização do independentismo

No Estado Espanhol há anos que vivemos a repressão do regime monárquico contra qualquer um que ouse questioná-lo, como o raper Valtonyc e tantos outros. Esta repressão deu um salto qualitativo em 2017 na origem do referendo do 1-O.

Por Corriente Roja

A prisão dos dirigentes independentistas foi acompanhada de causas judiciais contra prefeitos, de registros e detenções de ativistas.  Esta onda repressiva, nunca detida desde então, desatou agora, a poucos dias da sentença, com a detenção de nove ativistas dos CDR.

Mas desta vez, foram muito mais longe e acusaram os detidos, ativistas de movimentos sociais e culturais, de “pertencerem a bandos terroristas, terem explosivos com fins terroristas e conspiração para a comissão de danos”, acusações sem base, construídas ex professo  pela Guarda Civile o Ministério Público, que podem constituir longos anos de prisão. Usaram o mesmo modus operandi que com Tamara e Adrià Carrasco e, todavia, mais com os jovens de Altsasu, para onde converteram uma luta de bar em um caso de terrorismo e a prisão provisória em uma condenação antecipada, tudo isso rodeado de uma campanha político-midiática repugnante.

Se podem fazer a infame acusação de terrorismo é porque em 2015 o PSOE e o PP (com a abstenção de CiU) modificaram o Código Penal para converter este delito em um saco onde cabe tudo aquilo que questione o regime, sem nenhuma necessidade de organização terrorista nem de atentados.

A campanha da direita acusando os detidos de terrorismo e o independentismo e o próprio Governo catalão de colaboradores é de vomitar e se mescla com a agitação por um novo 155 imediato. O PSOE não fica atrás, se alinha sem fissuras com o juiz, o Ministério Público e a Guarda Civil e enche a boca apregoando que eles serão os primeiros que aplicarão o 155 quando for necessário. Enquanto a Unidas-Podemos (e o novo figurante, Errejón), dá vergonha o silêncio e os panos quentes ante a atuação do Governo Sánchez. Poucos dias antes Iglesias havia confessado que eles sempre respeitarão a lei e as sentenças e que se estivessem em um hipotético Governo Sánchez assumiriam que aplicasse o 155.

A hipocrisia do Governo da Generalitat

A denúncia por parte do Governo da Generalitat da repressão dos ativistas dos CDR ajuda a desmascará-la e enfrentá-la, mas não podemos esquecer que está tingida de hipocrisia. Assim, não duvidaram em enviar os Mossos para reprimir os manifestantes independentistas e antifascistas e inclusive são acusação particular contra “os nove de Lledoners” e outros ativistas contra os quais pedem entre seis e nove anos de prisão por uma corte na Ronda barcelonesa durante o Conselho de Ministros do 21-D do ano passado. Chama também a atenção como preparam os Mossos se a resposta à sentença vai das mãos, com gás pimenta, refletores e pistolas Taser.

Os/as trabalhadores/as conscientes e a juventude de todo o Estado devemos cercar de solidariedade o povo catalão frente à repressão

A classe trabalhadora e a juventude temos muito a perder se ficarmos “neutros” ante a repressão, seja contra quem for. Não tem que ser independentista para rechaçar frontalmente este atentado contra as liberdades e os direitos fundamentais por parte de um regime alérgico às liberdades democráticas, obediente aos grandes empresários, com um rei que ninguém escolheu e uma unidade estatal à força. Ninguém que reclame a democracia pode defender tais atrocidades.

A resposta à repressão e à infame sentença contra os dirigentes independentistas deve incluir a solidariedade ativa dos setores mais conscientes da classe trabalhadora e da juventude do conjunto do Estado Espanhol.

Igualmente, nosso compromisso é o de lutar para cercar de solidariedade o conjunto do povo catalão na luta contra o regime monárquico e pelo direito à autodeterminação, promovendo a participação mais ampla às mobilizações.

Solidariedade com o povo catalão!

Liberdade de todos os detidos independentistas!

Anistia para os presos políticos catalães!

Tradução: Lilian Enck.

 

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