Para a maioria dos povos do mundo, o ano de 2006 foi o que mais deixou claro até onde os imperialismos americano e europeu pretendem chegar com sua ofensiva de recolonização, pilhagem e controle político, econômico e cultural em escala planetária. A definição de Lênin para o imperialismo – um grupo de países que domina e explora todo o restante da humanidade, causando um retrocesso brutal em todo o mundo – foi amplamente confirmada neste ano que termina. Esse grupo de países, capitaneado pelos EUA e a figura patética de George W. Bush, chegou a extremos em sua política, deixando atrás de si um rastro de morte, destruição e dor. Mas este é apenas um lado da moeda. O ano também foi de grandes combates e resistência por parte das massas e povos oprimidos. O imperialismo amargou importantes derrotas e termina o ano revendo estratégias e táticas que empregou nesta guerra contra os povos desde o fatídico 11 de Setembro de 2001.
Em 2006, o foco principal da política dos imperialismos americano e europeu foi o Oriente Médio, dando prosseguimento às suas tentativas de controlar uma das regiões mais ricas do mundo em petróleo após os atentados do 11 de Setembro. Mas encontrou pela frente a resposta das massas, que começou logo em janeiro com a vitória surpreendente do Hamas nas eleições da Palestina. Foi uma vitória esmagadora.
Proporcional à fome, à miséria, ao desemprego, à submissão forçada aos fuzis israelenses foi o número de votos que deu a vitória ao Hamas nas eleições legislativas de 26 de janeiro: 76 das 132 cadeiras do Parlamento, contra 43 do Fatah. Os eleitores votaram em massa e com isso o Fatah, que por quase cinco décadas foi a direção incontestável dos palestinos, perdeu o poder para o Hamas, grupo islâmico fundamentalista que passou a comandar o governo da ANP (Autoridade Nacional Palestina) nos territórios palestinos, Gaza e Cisjordânia.
A vitória do Hamas foi um duro golpe nos Acordos de Oslo, propostos pelo imperialismo para evitar a destruição do Estado de Israel, derrotado no Líbano em 1985 e incapaz de dominar a Intifada a partir de 1987. Com isso, um governo palestino com poderes muito limitados, encabeçado pelo Fatah, assumiu a administração de Gaza e Cisjordânia, reconheceu o Estado de Israel e deixou de lutar contra ele. A vitória do Hamas em janeiro foi um massivo “voto castigo” contra a traição e a corrupção que havia tomado conta do Fatah.
Esse golpe nos Acordos de Oslo somou-se à doença de Ariel Sharon, o homem do imperialismo na região, ao curso da guerra no Iraque e ao aumento das tensões com o Irã. Daí em diante, a política imperialista de controle do Oriente Médio começou a desandar e atingiu seu nível mais grave
No Iraque,
Tudo isso fortaleceu no mundo o repúdio ao imperialismo e em 18 de março, ocorreu uma jornada internacional de mobilizações exigindo a imediata retirada das tropas. As mobilizações ocorreram pouco tempo depois do atentado que destruiu a mesquita de Askariya, em Samara, considerada um lugar sagrado pelos muçulmanos xiitas, e que gerou numerosos ataques a centros religiosos sunitas, assassinatos e confrontos entre setores de ambas as comunidades, com um saldo de centenas de mortos.
A resposta às agressões começa a generalizar-se
Logo depois dos atentados de 11 de Setembro de 2001, o imperialismo teve uma vitória rápida no Afeganistão. Animados, os governos dos EUA, da Inglaterra e aliados ameaçaram atacar o Irã, a Síria e todos os que, segundo eles, compunham o chamado “eixo do mal”. Em março de 2003, invadiram o Iraque, derrubando o governo de Saddam Hussein, dissolvendo seu exército e instalando ali um regime colonial assentado nas tropas invasoras. Mas as expectativas de Bush de que essa vitória permitisse compor um governo sólido, para depois retirar a maior parte dos soldados, logo foram defraudadas pela realidade nua e
Também não reverteram a situação os ataques genocidas contra populações civis, a prisão, tortura e assassinato de milhares de prisioneiros na tristemente célebre prisão de Abu Graib e outros centros de horrores
Para piorar a situação, a coalizão invasora começou a esfacelar-se. A Espanha teve que retirar suas tropas depois da queda de Aznar. Na Itália, Berlusconi cambaleava e também teve de sair. Na Inglaterra, Tony Blair sobrevivia a duras penas. Abriu-se claramente a possibilidade de que o imperialismo fosse derrotado militarmente no Iraque pela heróica resistência das massas, como ocorreu no Vietnã em 1960 e 1970, o que foi reconhecido até pelo próprio Bush.
A
Ao mesmo tempo, as agências de inteligência americanas preparavam um relatório confidencial mostrando que os Estados Unidos estão mais vulneráveis que nunca a novos ataques terroristas. Intitulado “Tendências no Terrorismo Global: Implicações para os Estados Unidos” e divulgado pela imprensa no dia 25 de outubro, o relatório concluiu que a guerra no Iraque fomentou o radicalismo e que a resistência iraquiana contra a ocupação
São cad
a vez mais freqüentes as notícias de expansão dos movimentos de resistência. Na Palestina, o Hamas agrega um número cada vez maior de combatentes, entre eles mulheres. Segundo o porta-voz do Hamas, Abu Obeida, é cada vez maior o número de mulheres que pedem para entrar na luta armada ou envolver o corpo com bombas para atingir soldados israelenses. Isso é extremamente significativo do grau de generalização do combate entre as populações, já que para participar da luta armada, as mulheres têm que romper com uma opressão milenar.