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sexta-feira, março 29, 2024

Empresário chinês é linchado após anunciar demissões

Morte de executivo é mais um exemplo do agravamento da crise econômica no país

 

Uma rebelião dos metalúrgicos da siderúrgica estatal Tonghua Irons and Steel Works, no norte da China, no dia 23 de julho, teve como saldo 100 feridos e um executivo golpeado até a morte pelos manifestantes.

 

No segundo semestre de 2008, empresários privados e gerentes de estatais do ramo metalúrgico afirmavam que a crise econômica recém iniciada seria uma oportunidade para negócios de fusões e aquisições de outras empresas, e que seria um desafio para a próxima fase de crescimento. Foi o que ocorreu entre a siderúrgica privada Jianlong Steel e a estatal, que foi privatizada com a venda da maioria de suas ações.

 

A rebelião ocorreu depois que Chen Guojen, o executivo da Jianlong Steel designado para reestruturar a estatal, anunciou aos trabalhadores que 30 mil postos de trabalho poderiam ser reduzidos para 5 mil. Cerca de 3 mil metalúrgicos, furiosos, agrediram-no com pedaços de paus e pedras e impediram que policiais e uma ambulância socorressem o empresário após o linchamento. O executivo morreu algumas horas depois de ser levado ao hospital.

 

A morte de Chen Guojen é mais um incidente violento ocorrido em fábricas chinesas nos últimos 2 meses. Em 15 de junho, dois gerentes de uma fábrica em Dongguan foram atacados e mortos por um empregado desesperado e 11 dias depois dois trabalhadores da etnia Uighur foram mortos em seu alojamento por trabalhadores da etnia Han, devido a boatos infundados de estupro de jovens trabalhadoras.

 

As reações à crise econômica

 

Longe de atos isolados, provocados por pessoas descontroladas, tais incidentes são a demonstração mais terrível dos males causados pela crise econômica à classe operária. Embora as autoridades chinesas e os meios de comunicação insistam em afirmar que “o pior já passou”, com a Bolsa de Valores de Shangai voltando ao pico de 2007, a luta pelo emprego continua dramática.

 

O PIB da China cresceu 6,1% no primeiro trimestre de 2009 e 7,9% no segundo, alimentado principalmente pelo pacote de estímulos de US$ 600 bilhões do governo, enquanto as exportações caíram 25% em relação ao primeiro semestre do ano passado. Esse crescimento, no entanto, representa pouco mais da metade dos 12% em média alcançados nos últimos 7 anos, agravando a situação do desemprego que atingiu 20 milhões de migrantes no final de 2008.

 

A luta pela independência política dos trabalhadores chineses

 

A tentativa de corte de postos na siderúrgica Tonghua reflete bem essa realidade, onde os trabalhadores tentam defender-se de todas as formas de tais ataques. Mas seu principal obstáculo é que os sindicatos oficiais, totalmente controlados pelo Partido Comunista da China (PCC), impedem as iniciativas de luta da classe que dizem representar.

 

No estado de Shaanxi, por exemplo, um grupo de mais de 380 operários de 20 fábricas fundou o “Congresso de Defesa dos Direitos Sindicais nas Empresas de Shaanxi”, com o objetivo de lutar coletivamente pelos direitos dos trabalhadores. Segundo um representante da entidade, a justiça chinesa não aceita petições coletivas e os processos judiciais são um “beco sem saída”. Afirmou, ainda, que sua principal meta era a criação de “sindicatos efetivos”.

 

Por isso, embora o Congresso seja uma organização legal fundada na própria sede estadual do PCC, dirigentes da Federação Sindical da China apressaram-se em ameaçar os fundadores da entidade, afirmando ser uma “organização reacionária” ligada a “forças hostis estrangeiras”, que poderia prejudicar a “Sociedade Harmoniosa” chinesa. É o velho chavão para acusar de “subversão do regime” os trabalhadores que buscam sua independência sindical e política. É, também, a certeza de que não descansarão enquanto não a conseguirem.

 

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Artigo publicado no site do PSTU em 29/07/2009

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