qui mar 28, 2024
quinta-feira, março 28, 2024

Uruguai | Entrevista da IST com Andrea Revuelta, candidata a vice-presidenta pela lista 1917

Publicamos a continuação da entrevista que realizamos com Andrea Revuelta, trabalhadora do ensino público e dirigente do Partido dos Trabalhadores, e que será a candidata a vice-presidenta pela lista 1917, a qual desde o IST apoiamos e fazemos parte no marco de um acordo de 21 pontos.

Por IST-Uruguai

IST: Que propostas te parecem importantes para transmitir às mulheres trabalhadoras aproveitando a campanha eleitoral?

AR: A primeira coisa a se propor é que devemos nos organizar como parte da classe operária para enfrentar a ofensiva que se vier, seja quem for o candidato a ganhar as eleições em outubro, prepara-se um ajuste em regra contra os trabalhadores para satisfazer as demandas do capital.

Em um quadro mundial de decomposição econômica e política, produto do agravamento da crise capitalista, a bancarrota do regime político em todas as suas manifestações é um fato. Vamos para um ataque às conquistas e direitos para aplicar os ajustes que o capital requer e isso implica maior miséria, redução salarial, demissão, precarização trabalhista e a deterioração das condições de trabalho e de vida das famílias trabalhadoras.

Para as mulheres, pela sua condição de dupla opressão, esta deterioração é mais profunda e se apresenta em duas formas, indivisíveis e inseparáveis, além das condições de opressão dos trabalhadores em geral. Por um lado, o problema da prostituição e das redes de tráfico que ameaça um avanço da barbárie social que se descarrega literalmente sobre o corpo das mulheres. Por outro lado, a violência e o machismo em relação à mulher dentro da classe trabalhadora e em sua própria casa, com o aumento dos feminicídios e a violência doméstica. Exigimos medidas de proteção da mulher por parte do Estado, acompanhadas pelo controle das organizações independentes de mulheres, para defender a vida das companheiras.

A classe operária não só reproduz a ideologia da classe dominante, mas a prática social, por suas próprias limitações, e pelas condições de pauperização brutal em que se encontra submetida. A luta das mulheres é a luta de toda a classe operária contra o capital, assim como também uma luta no próprio seio da classe. Está em jogo nossa própria sobrevivência.

Em diferentes países, as mulheres tem tomado as ruas pelas suas reivindicações e sobretudo em defesa da vida de milhares que são violentadas, mutiladas e assassinadas, produto da violência de gênero como dos abortos clandestinos. A luta das mulheres, é, portanto, uma rebelião contra as brutais condições sociais a que nós trabalhadoras de todo o mundo estamos sendo submetidas

IST: Por que te parece importante apoiar a lista 1917?

AR:  Porque propõe um programa operário de saída da crise, não se postula como gestor do estado capitalista ou mediador entre os trabalhadores e o capital.

Propõe um programa de organização independente para as e os trabalhadores por suas próprias reivindicações.

As diferentes variantes em disputa nas eleições só podem trazer mais privações e retrocesso nas condições de vida do povo trabalhador.

Todos promovem a reforma da previdência social, isto é, trabalhar mais e durante mais tempo, o que significa sem dúvida uma redução salarial.

Todos promovem propostas de emprego precário, flexível, de acordo com as demandas dos investidores e das patronais para manter sua taxa de lucro à custa do salário e das condições de trabalho.

Todos promovem formas de privatização nos setores onde se mantém ainda certas condições como na educação, onde vão para acordos multipartidários como é Eduy21.

Como a reforma tributária e todas as reformas que vem do regime, nos propõem mais e mais sacrifícios; e estes não tem fim, já que o capital é incapaz de conduzir a uma saída progressiva, é um sacrifício inútil e que provoca a desintegração da sociedade, com o consequente aumento da delinquência, o crime organizado, o narcotráfico e o tráfico de pessoas, entre outros negócios criminosos que florescem nesta etapa de decomposição do regime capitalista.

Somos bem conscientes de que temos poucas chances de conseguir uma banca no processo de eleições atual, mas isso não invalida nossa proposta, e sim nos permite conseguir explicar nossa caracterização da situação atual, suas contradições e as alternativas que se abrem para o que chamamos de terceira volta. O processo não acaba em outubro nem no escrutínio de novembro, e sim  começa (ou continua) quando o novo governo, que será de alianças e de negociações e acordos, mais ou menos frágeis entre os diferentes setores, arremeter contra os interesses dos trabalhadores, e estes, passado o circo eleitoral atual,- bastante opaco e medíocre-, se enfrentem para resolver sua vida cotidiana.

. É o Estado e o regime social que este defende o responsável pela violência e opressão das mulheres, e, portanto, nossa luta deve ser orientada para superá-los.

IST. Há algo mais que queira dizer?

AR:  Sim, que é possível e necessário mudar a sociedade para gerar outras condições de vida para a humanidade. Há que se superar a desmoralização que instalaram no movimento operário durante as últimas décadas, dirigindo toda a força e combatividade que o caracteriza, para o obscuro e estreito beco das melhoras paulatinas e acordadas entre a burocracia e o governo nos escritórios ministeriais.  Se acabou o estado de bem-estar sustentado por um relativo crescimento econômico.

A classe operária, as mulheres trabalhadoras devemos preparar as lutas que vem e para isso as convidamos a somarem-se a votar a lista 1917, e especialmente a somarem-se à campanha, participar das atividades, agitações, reuniões nos bairros e locais de trabalho ou de estudo, plenários e atos.

Convocamos as mulheres a somarem-se, organizarem-se e participarem ativamente na construção de uma ferramenta própria dos trabalhadores que hoje se expressa em quem fazemos parte da lista 1917.

Tradução: Lilian Enck.

 

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