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sexta-feira, março 29, 2024

Uruguai: é preciso unificar as lutas

A multinacional britânica AB Mauri, dona da Fleischmann, demitiu seus trabalhadores e anunciou sua retirada do país. A mesma coisa está acontecendo na Colgate Palmolive que fechará as portas no próximo dia 31 de março.

Por: IST – Uruguai

A Citrícola Caputto tem dívidas há anos com seus operários no pagamento de quinzenas e salários. Agora ameaça fechar as portas afirmando que vive uma “complexa situação econômica e financeira”. A rede de supermercados El Dorado será vendida para a Saman e adiantou que haverá demissões em todas as suas filiais como aconteceu na venda da Tienda Inglesa. Os trabalhadores da Associação de Profissionais e Operários Municipais (ADEOM) realizaram uma greve com assembleia devido às ameaças de novas privatizações na prefeitura de Montevidéu no setor de limpeza.

Os problemas na educação pública

Professores de todos os níveis da educação começam o ano com um orçamento baixo, uma vez que o governo não concedeu 6 + 1% do PIB. O menor número de grupos no ensino médio está gerando turmas com muitos alunos, gerando superlotação nas salas e problemas na condução das aulas. Essa situação também é vivenciada na UDELAR, onde a superpopulação estudantil na Faculdade de Engenharia levou os alunos a entrar correndo e empurrando no meio do caos, tentando conseguir uma cadeira para não sentar no chão ou ficar fora da sala de aula. A falta de vagas em Psicologia se repete todos os anos sem que qualquer medida de solução seja tomada. Soma-se a isso a falta de matérias em todos os turnos, reduzindo assim o direito ao estudo, principalmente daqueles que têm que trabalhar para bancar o curso.

Nesse contexto, acrescenta-se que a situação de violência sofrida pelas mulheres está aumentando. Os assassinatos contra nós são a amostra mais aberrante do machismo que se reproduz e é estimulado pelo sistema capitalista.

15 anos de governos “progressistas”

Esta é a situação que estamos enfrentando após 14 anos de governos da Frente Ampla (FA), que contou com o apoio cúmplice de toda a direita: Brancos (membros do Partido Nacional, ndt), Colorados, Novick, etc. Os dirigentes da FA demonstraram com os fatos que não resolvem os problemas básicos dos trabalhadores, estudantes e aposentados. E que seu governo e sua política econômica estão a serviço dos grandes capitalistas, das multinacionais e cumprem fielmente o pagamento da dívida aos especuladores financeiros.

O que acontece com a PIT-CNT?

Apesar de todas as dificuldades que as trabalhadoras e os trabalhadores sofremos, mostramos que estamos dispostos a lutar. A enorme marcha do dia 8 mostrou que a mulher trabalhadora, as aposentadas, as estudantes e mulheres de bairros humildes estão dispostas a lutar por suas demandas. Em janeiro e fevereiro os conflitos foram numerosos, mas ao mesmo tempo vemos como, apesar disso, os patrões e o governo conseguem avançar com seus planos de corte de direitos, rebaixamento salarial e demissões.

Essa situação se deve ao fato de que a maioria dos dirigentes da Central (PIT-CNT Plenária Intersindical de Trabalhadores – Convenção Nacional de Trabalhadores) está ligada ao governo e não quer dar uma resposta unificada à luta. Muito menos quer ter um plano de lutas decidido em assembleias: tudo é resolvido burocraticamente por uma cúpula. E estão tão longe das nossas necessidades que no dia 8 de março convocaram apenas uma greve parcial por compromisso, após as 16 horas. Esses altos dirigentes estão presos às suas cadeiras, só defendem seus cargos, seus privilégios e vivem sem trabalhar. Fogem como o vento se falamos de uma greve geral e de unificar as lutas em uma só e ir aprofundando a luta.

Tomar a tarefa em nossas mãos

Nos locais de trabalho, devemos exigir da PIT-CNT que rompa a conciliação com o governo e as patronais e convoque urgentemente uma greve geral de 24 horas com assembleias de base para que sejam os trabalhadores que decidam quantas horas parar e como continuar a luta. Mas não podemos ficar apenas na exigência. Devemos nos organizar nos locais de trabalho, fábricas, escritórios, locais de estudo e bairros operários para nos mobilizar e enfrentar os ataques que estamos sofrendo com os patrões e o governo. Nessas lutas, devemos discutir também como expulsar de nossas organizações a burocracia que não quer lutar, recuperando os sindicatos para os trabalhadores.

A Esquerda Socialista dos Trabalhadores (IST) chama a mais ampla solidariedade com aqueles que lutam e colocamos a necessidade de coordenação a partir de baixo para unificar os conflitos em curso. Das escolas e universidades, das fábricas e dos organismos estatais devemos designar companheiros que percorram os conflitos, propondo juntar as demandas em uma plataforma comum para sair juntos em uma luta e mobilização unificada. Somente se todos nos unirmos em uma única luta poderemos reverter os ataques dos patrões e do governo. A IST convida você a vir conosco para se organizar politicamente, solidarizar-se e colocar-se à disposição das fábricas em conflito, nas lutas estudantis e dos bairros.

Tradução: Tae Amaru

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