sáb abr 20, 2024
sábado, abril 20, 2024

Debate: Campanha eleitoral ou preparar as lutas?

Um debate fraternal com o Partido dos Trabalhadores (PT). Qual é a necessidade urgente dos trabalhadores? Campanha eleitoral ou preparar as lutas?

Por: Federico – IST Uruguai

Como afirmamos no editorial deste número de Rebelión (1), os partidos patronais começaram a discussão eleitoral quando ainda falta mais de um ano para as eleições. Seu objetivo é desviar o foco de nossas lutas e reivindicações para nos arrastar para o “clima eleitoral”. Ante este fato que a burguesia quer nos impor como agenda, é que queremos realizar um debate e intercâmbio fraternal com os companheiros do PT.

Qual é a tarefa central que neste momento temos os trabalhadores?

O eixo atual é a discussão eleitoral e de candidatos ou a paralisação do dia 22, cercar de solidariedade os conflitos e lutar pela unificação das lutas?

Um debate fraternal

Os companheiros do PT, no editorial do mês de julho de sua imprensa, afirmavam que as lutas que se desenvolviam “nos últimos meses assinalam a necessidade de um plano de luta que unifique as reivindicações no marco da Prestação de Contas e dos Conselhos de Salários, que quebre a política de ajuste do governo, o FMI e a oposição direitista” (2). Com isso concordamos plenamente como tarefa fundamental para este momento: unificar as lutas, insistir com a necessidade de um plano de luta – decidido a partir da base – acrescentamos.

Entretanto, no editorial do último jornal (agosto), destacam a consigna “a classe operária precisa de seus próprios candidatos” na capa (3), dando uma virada na sua política, enfocada agora na campanha eleitoral e nos candidatos. E coerente com essa orientação de sua direção, estão convocando uma conferência eleitoral, com um ato para o mês de setembro.

Capa do Jornal do PT

Chama a atenção a mudança no eixo central de sua política, que expressa seu último editorial onde afirmam que: “Para enfrentar o aumento das privatizações, a precarização do trabalho, o ataque aos salários e às aposentadorias, os trabalhadores devem ter seus próprios candidatos” (4). E em seu artigo sobre a conferência dizem que: “O PT se propõe a envolver o ativismo operário, da juventude e do movimento da mulher numa participação ativa na próxima campanha eleitoral” (5). Como vemos, sua organização colocou como eixo central entrar a fundo na campanha eleitoral.

Nós a partir do IST não nos opomos a participar das eleições, inclusive na eleição passada, apesar de nossas diferenças, chamamos a votar no PT. Mas hoje acreditamos que a necessidade dos operários, estudantes, da mulher, dos aposentados e dos desempregados não é essa.

Por exemplo, a tarefa central poderia ser um ato para convocar e dar voz a todos os setores que estão lutando: operários da indústria, estudantes, docentes, aposentados e as mulheres trabalhadoras. Um ato conjunto dos setores classistas e combativos, onde levantemos a necessidade de derrotar nas ruas este plano econômico a serviço do FMI que neste momento o governo, com o apoio da oposição e a hesitação da direção do PIT-CNT, está aplicando via prestação de contas do orçamento nacional, o TLC e o pagamento da dívida externa.

E explicar que a luta não termina no circo do parlamento de prestação de contas, e sim que deveremos continuá-la em seguida. Também poderíamos fazer um ato conjunto pela Nicarágua e contra Ortega. Inclusive explicar que estas lutas devem ser uma ponte até o socialismo com democracia operária e o governo dos trabalhadores, que só será possível se o impusermos por meio de uma enorme luta.

A partir da IST, queremos lhes dizer fraternalmente e respeitosamente, que consideramos que propor como eixo do ativismo neste momento entrar nas eleições, e afirmar que essa é a forma de enfrentar os ataques do governo, é um grave erro que os leva a um perigoso desvio eleitoralista. Sobretudo quando a luta ainda está acontecendo, e fazer o governo retroceder seria um estímulo para todo o conjunto de nossa classe.

É com uma política de luta nas escolas, os colégios, oficinas e fábricas que devemos chamar à luta unificada contra a política de fome do governo. Desse modo, devemos exigir dos sindicatos que votaram contra a postergação da paralisação de julho e aqueles setores que se reivindicam do classismo: que entrem de cabeça na luta atual para aprofundar e unificar as lutas! Basta de conciliação com o governo e as patronais, porque essa é a política vacilante da direção do PIT-CNT!

É para esta tarefa atual e urgente que devemos ganhar o ativismo neste momento, e não para uma orientação eleitoral que o governo e demais partidos querem nos arrastar. A partir da IST nos colocamos à disposição para realizar este debate fraternal e importante sobre o caminho que está colocado hoje para os que nos reivindicamos revolucionários e os trabalhadores.

Notas:

  1. http://www.ist.uy/continuar-la-lucha-unificada-luego-del-paro/
  2. http://pt.org.uy/la-rendicion-ante-el-fmi/
  3. Ver Tribuna de los Trabajadores n.º 397: http://pt.org.uy/wp-content/uploads/2018/08/TRIBUNA-AGOSTO-397-web.pdf
  4. http://pt.org.uy/los-candidatos-del-ajuste-comenzaron-la-carrera/
  5. http://pt.org.uy/hacia-la-conferencia-electoral-del-pt/

Tradução: Lilian Enck

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