qui mar 28, 2024
quinta-feira, março 28, 2024

Abaixo a submissão ao FMI

A crise econômica argentina, acentuada pela corrida cambial, e a crise no Brasil têm seus efeitos no Uruguai, como não poderia deixar de ser. O dólar, que se mantinha em baixa a 28 pesos, passou dos 30 pesos e a equipe de economia da Frente Ampla (FA) começou a se preocupar. Apesar dessa realidade, o ministro Danilo Astori disse que o nosso país tem uma “blindagem” e que os problemas econômicos dos países vizinhos não teriam repercussão, que aqui será leve e controlável já que temos reservas.

Por: IST – Uruguai

Essa relativa estabilidade da qual o governo fala e suas “reservas” se devem ao ajuste fiscal que está sendo aplicado contra os trabalhadores e os setores populares. As pautas de rebaixamento propostas nas negociações salariais, um salário mínimo miserável de pouco mais de 13 mil pesos e o roubo de 10% das aposentadorias são exemplos de que essas “reservas” são tiradas de nossos bolsos com a aplicação do ajuste.

E esse dinheiro que é confiscado dos trabalhadores, tirado da educação e da saúde pública, o dinheiro que se “economiza” com o desfinanciamento das empresas públicas vai para as mãos dos mais ricos e cumprindo fielmente os deveres ditados pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento, pelo Banco Mundial e pelo Fundo Monetário Internacional.

São os abutres financeiros e especuladores do FMI, os mesmos aos que Macri recorreu, os que em Washington parabenizaram Astori e a Frente Ampla por pagar pontualmente a fraudulenta dívida externa que nos arranca 2,5 bilhões de dólares anualmente. E de onde sai esse dinheiro que é levado pelos ricos e poderosos? Sai, como dissemos, dos ataques ao povo, de não investir nem em saúde, nem em educação, nem em políticas sociais, de não destinar nem um peso ao orçamento que deveria servir para enfrentar a violência contra a mulher. E é isso, na realidade, o que FMI parabeniza e aplaude, e diz ao governo que continue com o ajuste.

Este governo da FA escolheu privilegiar os mais ricos, a farra das Zonas Francas, o grande capital, como UPM e Montes del Plata, e o FMI. Suas medidas de governo se parecem cada vez mais com as da velha direita. Por isso, também está aplicando decretos que atacam as liberdades democráticas, fortalecendo o aparato de repressão e, pela primeira vez desde a ditadura, usou as Forças Armadas para patrulhar e reprimir na fronteira.

A FA, como o “progressismo” na região, não tem saída e já não dá nem migalhas. Porém, as capitulações da direção máxima da PIT-CNT (Plenária Intersindical dos Trabalhadores – Convenção Nacional dos Trabalhadores) permite que essas medidas passem e continua sem organizar uma luta séria contra o governo e os patrões, mantendo no isolamento as lutas que vão surgindo.

Organizar a luta pela base

Nas fábricas, escolas e faculdades, é necessário que os trabalhadores e estudantes se reúnam e discutam como organizar uma luta para barrar o ataque do governo e dos patrões. Também temos que exigir dos dirigentes da PIT-CNT que deixem de conversa e chamem uma greve geral com uma grande mobilização.

Temos que exigir e repudiar que as Forças Armadas saiam às ruas e o fim de todo o aparato repressivo. É necessário reivindicar um salário mínimo de 37 mil pesos. Precisamos já do 6+1 para a educação (6% para a educação e 1% para pesquisa e desenvolvimento) e orçamento para enfrentar a violência contra as mulheres, entre outras medidas.

Para isso, é necessário deixar de pagar a dívida externa, acabar com as zonas francas e com a exoneração ao grande capital. A luta deve ser decidida pela base, em grandes assembleias representativas. Precisamos unificar todas as lutas em uma só. É o momento de tirar esses dirigentes burocratas e colocar à frente uma nova direção que leve adiante o que a base decida.

A IST convida você a vir com a gente fazer parte desta organização política que luta por todas as reivindicações imediatas dos trabalhadores, e que propõe a formação de um grande partido operário revolucionário para dar uma grande luta de fundo pelo socialismo e acabar com esta sociedade capitalista.

Editorial do Rebelión nº 46, maio de 2018.

Tradução: Túlio Rocha

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