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sexta-feira, março 29, 2024

Novo momento político, novas oportunidades

Simultaneamente ao juramento de Mario Abdo Benítez como presidente, em três lugares de Assunção ocorriam atos públicos de celebração pela saída de Cartes pela porta traseira e de reivindicações ao governo que estava entrando. É a imagem de um novo momento político.

Por: PT Paraguai

O momento que começou com a queima do Congresso e ainda com altos e baixos não parou de se desenvolver: as sucessivas derrotas de Cartes, as renúncias forçadas – por inusitadas e persistentes ações públicas do povo – de Ibáñez, González Daher; a retirada da imunidade parlamentar de Buzárquis, as noites de Díaz Verón na penitenciária de Tacumbú; ou a revogação da auto blindagem parlamentar em um instante, fazem parte do mesmo processo.

Um destaque especial merece a rejeição forçada no Senado do Projeto de Lei de Superintendência e Investimentos dos Fundos de Aposentadoria e Pensões. Ainda que seja paradoxal, os “cartistas” (partidários do ex-presidente Horacio Cartes), antes fanáticos do projeto, votaram contra. Não é um fato menor que nenhum senador “votou a favor da lei”, sendo que uma semana antes não passavam de 14 os senadores a favor da rejeição, dos 45 que compõem a Câmara. Vários senadores, embora tenham feito considerações sobre os benefícios do projeto, lamentaram ter que votar contra por causa da pressão popular.

Fica para trás, assim, a onda opressiva contra os trabalhadores, aplicada pelo Novo Curso de Cartes para facilitar os negócios e permitir que a minoria de grandes proprietários use e abuse de todo tipo de recursos do país.

Isso deve ficar evidente, o governo de MAB (o presidente Mario Abdo Benítez) continuará com o paraíso fiscal para os ricos, com a ortodoxia neoliberal e um conservadorismo rançoso em todos os níveis. Fissurou-se e quebrou “o estabelecido” como unidade nas alturas e está acontecendo um franco processo de recomposição burguesa burocrática que está causando raiva, revanchismos e resistências, ou seja, abalos políticos em quase todas as dimensões. E por enquanto e ao contrário de Cartes, que desde o início impôs uma situação de calmaria por anos, o novo governo de Mario deve nadar em águas turbulentas e com tubarões rondando.

O novo momento se concretiza de mil maneiras, mas seu motor é o cansaço do povo trabalhador que vive remando em meio a grandes adversidades. Através dessas fissuras e rachaduras nas alturas, entraram as reivindicações do movimento de trabalhadores, ora em acordo com outros setores de outras classes, ora só, forçando e acima de tudo, aproveitando a situação para organizar-se e reorganizar-se. O novo momento se expressa em conquistas políticas e sociais que antes pareciam inalcançáveis, em conquistas que pouco tempo atrás eram impossíveis. E pela maior extensão, amplitude, intensidade e continuidade das ações por parte dos diferentes setores do povo trabalhador.

Se todos os elementos continuarem se desenvolvendo positivamente a partir da perspectiva da classe trabalhadora, é provável que entremos em uma situação política geral mais favorável ainda. Por agora, certamente, os ventos vêm com tudo empurrando para frente o barco dos trabalhadores e setores que sofrem discriminação ou opressão.

As bandeiras democrático-políticas são aquelas que ganham maior adesão e massividade. Ainda mais se contam com a promoção e o ímpeto aberto da grande mídia. De certo modo, é lógico que assim seja.

No entanto, o movimento dos trabalhadores, a classe trabalhadora deve colocar as questões de maior peso social, econômico e político: as binacionais e seus acordos antinacionais, o sistema fiscal que explora o trabalho e beneficia os ricos e suas propriedades, a concentração da riqueza e desigualdade crescentes, a falta total de liberdade para o exercício dos direitos sindicais, a ditadura do capital que oprime o trabalhador com a cumplicidade do Estado, a dívida externa crescente a serviço da reprodução do capital, a impunidade desenfreada, a podridão de todo o regime político, e um longo etc.

O relevante é atuar sobre a dinâmica em curso. Haverá mais oportunidades e as peças se encaixarão relativamente mais fácil tanto no plano da organização e mobilização da classe trabalhadora quanto de suas reivindicações, reclamações, interesses e direitos. A ampla unidade de ação com um programa de e para a classe trabalhadora é a chave do momento. Não se pode fechar com esta ou aquela denominação, mas incentivar as reivindicações que vão sendo democráticas e atraentes para canalizar as lutas. É relevante que os corruptos e vendidos sejam deixados de lado porque não vão mudar e continuarão com a traição.

É necessário buscar o novo com audácia. O que antes levava meses e anos de esforço sem que as coisas se acomodassem ou dessem qualquer fruto, agora e por um tempo serão diferentes.

O Partido dos Trabalhadores (Seção paraguaia da LIT-QI) continuará, como tem sido até agora, trabalhando de mãos dadas com os explorados e oprimidos para continuar construindo o poder das grandes maiorias em direção a um Governo do Povo Trabalhador.

Tradução: Tae Amaru

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