qui mar 28, 2024
quinta-feira, março 28, 2024

México: Essa é a democracia participativa?

A coragem e a indignação invadem a milhões de nós ante outro crime aberrante. Milhares se manifestaram exigindo “Água sim, termo não”. Samir Flores Soberanes é mais um mártir da luta em defesa da Terra e a Água. O novo é que ele caiu lutando contra as medidas impostas por Andrés Manuel López Obrador (AMLO) e seu governo da: “Quarta transformação, que também impulsiona megaprojetos destrutivos ao serviço das corporações multinacionais. Mas a heroica luta de Samir e a Frente dos Povos em Defesa da Terra e da Água (FPDTA) começaram a desmascarar algumas de suas astutas armas: as ‘consultas cidadã’ e a “democracia participativa”.

Por: CST-México.

Em 20 de fevereiro, no quintal de sua casa, foi assassinado com dois tiros na cabeça o defensor de direitos humanos SAMIR FLORES SOBERANES da comunidade de Amilcingo, Mpo, Temoac, Morelos… um dia antes, Samir e companheiros de Amilcingo participaram do foro informativo que o super delegado de Lopez Obrador em Morelos, Hugo Erik Flores realizou em Jonacatepec. Foi questionado sobre as mentiras que diz acerca da termoelétrica em Huexca e o Projeto Integral Morelos.

A FPDTA denunciou: “Em 10 de fevereiro AMLO em seu discurso desqualificou a todos que se opõe ao Projeto Integral Morelos como “radicais ultraconservadores”… Hoje o Projeto Integral Morelos tomou a vida de nosso companheiro, ontem vimos com indignação e coragem como, com a força pública e o exército, colocaram os tubos deste projeto de morte em Amilcingo e hoje enterramos a nosso companheiro no contexto de uma consulta ilegal, ilegítima e desigual que, ao invés de resolver um conflito que existe por anos, o acirrou, por não levar em consideração e escutar as comunidades afetadas”….

“Não pode haver consulta quando se acaba de derramar o sangue de nosso companheiro Samir”

Essa foi a decisão tomada em Amilcingo, depois da dor de haver sofrido o assassinato de Samir. A comunidade de Amilcingo, a Frente de Povos em Defesa da Terra e a Água, a Assembleia Permanente dos Povos de Morelos, a ONU, a Comissão Nacional de Direitos Humanos (CNDH), povos e organizações indígenas nacionais, a igreja de Morelos, centenas de organismos da sociedade civil, organizações sociais, intelectuais e pessoas em geral pediram ao governo da Republica para cancelar ou suspender a consulta.

López Obrador não escutou a petição e a exigência de respeito e justiça para Amilcingo, e todos os povos afetados pelo PIM na terra, agua, ar, segurança e o destino de seu território. E confirmou: “a consulta vai ser realizada porque tem condições, as pessoas já estão informadas”.

O repúdio popular e o boicote à “consulta” desafiaram o cerco repressivo militar

Em Apatlaco, em uma conferência de imprensa, se reafirmou a posição: a agua não vai para a termoelétrica e se manterá o plantão até que se desista da termoelétrica. Em Puebla, desde 20 de fevereiro, o Presidente Municipal de Juan C. Bonilla enviou um oficio ao Delegado Regional do Governo Federal em Santa Martín Texmelucan: “pelo motivo de que não foi informado, nem notificado sobre a consulta, não havia permissão para sua instalação”. Outra resposta negando a “consulta” recebeu o Delegado Federal em 17 de fevereiro em uma assembleia informativa em Cuanalá. Com base nisso, o bairro de Juan C. Bonilla suspendeu a consulta nas três urnas do município: Santa Maria Zacatepec, San Mateo Cuanalá e San Gabriel Ometoxtla.

Em San Lucas Atzala, Mpo. Calpan o povo se manifestou contra a “consulta” porque não levaram em conta a comunidade, nem seus usos e costumes. Deixaram instalar as casas, mas decidiram um Não definitivo ao Gasoducto em uma Ata paralela, assinada massivamente por seus habitantes.

Perto de Amilcingo, se iniciou a criação de um cerco de policiais e militares ao lado da Normal Rural de Amilcingo e da Policia Federal do lado de 4 Caminos e 80 granadeiros em Amayuca. Motivo pelo qual os membros do FPDTA decidiram retornar à sua comunidade para se manter a salvo… No final do dia na urna de Lomas de Autlan, a população quis presenciar a contagem de votos, mas militares vestidos de civil e os delegados de urna negaram este direito de transparência. A contagem de votos foi feita em total segredo e sob controle de forças repressivas.

Em Tepoxtlán, somente informaram 222 votos contra a termoelétrica e 92 a favor. Em Ayala, Morelos: 704, contra e 92 a favor. Em San Lucas Atzala, Puebla: 227 contra e 0 a favor.

Em Tlaxcla, Puebla e Morelos denunciaram que votaram turistas e qualquer pessoa que nem estava infirmada sobre o projeto, e que nem era do município. Em uma vox Populi, realizada dias antes por jornalistas somente 1 de cada 10 pessoas sabiam sobre a questão da termoelétrica em Huexca. Em Hueyapan, Morelos uma assembleia da comunidade determinou por usos e costumes: Não a Termo!

O povo rejeitou a farsa, o governo respondeu com mais insultos e uma grande fraude

Ao final do dia da consulta simulada o super delegado Hugo Erik Flores, ameaçou que voltaria a instalar as urnas nos lugares de onde foram retiradas hoje. Frente a esses fatos o Presidente López Obrador qualificou os protestos como provocações, ao qual a FDPTA voltou a esclarecer: “nós não queremos provocar mais que a paz e tranquilidade de nossos povos… e esta consulta manipulada, banhada do sangue do nosso companheiro Samir e a constante imposição do Projeto Integral Morelos, o que vai afetar nossas comunidades, sem escutar nossas razoe e a dor e a coragem que causou o PIM nos estados de Morelos, Puebla e Tlaxcala”.

Porém, fazendo uso dos piores métodos de falsificação, o governo acaba de anunciar: que a “Consulta teve um resultado de 59,6% de sim à Termoelétrica”. O governo informa que participaram pouco mais de 55 mil votantes do estado de Morelos. Ou seja, 3,8% do total de eleitores, que é de 1.444.949 (segundo os dados do INE). O cinismo do governo não tem limites. Mostra os 3,8% como “referência democrática da vontade cidadã” quando toda a população diretamente afetada rejeita a falsa consulta. E tudo isso para “defender os investimentos” de seus patrões imperialistas.

Tradução: Túlio Rocha

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