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sexta-feira, março 29, 2024

Honduras: o que os trabalhadores devem fazer ante a repressão?

Desde o levante insurrecional e o assassinato de lutadores e lutadoras causado pela repressão, é mais do que evidente que o regime tem como tática privilegiada a repressão direta ao movimento de massas para evitar sua instabilidade. Em tempos de ‘calma’, esta passa a ser a repressão seletiva do ativismo e direções do movimento popular que se mantém em luta contra o governo, por isso é urgente que nós os trabalhadores respondamos à mesma para salvaguardar nossos direitos democráticos, econômicos e sindicais.

Por: PST-Honduras

Enquanto a repressão campeia, o regime posa de democrático para gerar uma falsa estabilidade que permita terminar seu período de governo. Para ganhar para si os setores de oposição mais hesitantes ou traidores, o regime teve que fazer concessões como aumentos salariais suculentos e acesso a milhões de lempiras hondurenhas dos Fundos departamentais para que os deputados encham seus bolsos e de passagem façam campanha eleitoral com nosso dinheiro. Além disso, Juan Orlando Hernández (JOH) fez uma pequena reforma na Lei Eleitoral que beneficia centralmente o Libre, para lhe dar postos no novo TSE e no Registro Nacional, mas não concede nada das demandas originais do ‘Pacto de Toncontín’, por exemplo. Além disso, meteu nos bolsos as burocracias sindicais e dos professores com alguns irrisórios aumentos salariais com a promessa de que não mobilizariam suas bases.

No entanto, para aqueles que se rebelam contra JOH não há concessões e sim repressão, prisão, expulsão e morte. Exemplo disto é a valorosa luta do povo de Choluteca que se manteve sem parar desde a insurreição de Dezembro de 2017, foram às ruas todas as semanas contra o ilegítimo regime e receberam uma dura repressão.

Além disso, o ataque aos jornalistas e meios de comunicação opositores chega a níveis de barbárie, como no caso do comunicador Gabriel Hernández, que se transformou no primeiro jornalista assassinado neste ano. Ele recebia diversas ameaças de morte pelo seu trabalho de denúncia. Da mesma forma, o jornalista David Romero foi julgado e preso pelo regime em um claro caso de perseguição política para deter seu trabalho de denúncia contra os escandalosos casos de corrupção do governo. Nós do PST repudiamos todos as referências misóginas de David Romero contra a ex-promotora Sonia Gálvez, entretanto, é importante assinalar que a perseguição aos meios de comunicação enfraquece o direito à livre expressão do conjunto dos setores que se mobilizam contra a ditadura.

Na Universidade Nacional de Honduras (UNAH), foi reaberto o processo judicial contra os 19 dirigentes estudantis que correm o risco de serem presos; junto com eles, 4 defensores de Direitos Humanos que os apoiaram ante a repressão. Para os lutadores contra o extrativismo também não é fácil, como no caso do Campamento Guapinol que sofreu pressão do exército, e depois seus dirigentes julgados pelo regime e liberados ante a pressão nacional e internacional.

Na embaixada de Taiwán se refugiaram um total de nove ativistas indígenas perseguidos por sua luta na defesa de suas terras ancestrais das quais tem títulos de propriedade que datam do ano de 1739. Assim como, Miriam Miranda da OFRANEH que é perseguida pelos órgãos de justiça, por seu trabalho de proteção dos direitos dos povos garífunas.

Pior sorte tiveram os dois ativistas da etnia Tolupán e membros do MADJ que foram assassinados covardemente por se opor à destruição de suas florestas.

Se esta lista de repressão já assusta, assusta mais ainda o fato de saber que está incompleta, pois se fosse mencionar todos, não caberia em um editorial. O fato é que, a repressão do estado aumentará dramaticamente se as lutas continuarem dispersas. Por isto, as organizações da classe trabalhadora e dos movimentos sociais e populares devem se unir na defesa dos direitos políticos e democráticos; chamando a organização de uma Coordenação de Resistência contra a Ditadura que se mobilize nas ruas pela queda inegociável de JOH, a liberação imediata dos presos políticos, o fim dos processos de criminalização de jornalistas e ativistas sociais e prisão para todos os comandos da polícia e exército responsáveis pelas violações de direitos humanos.

Tradução: Lilian Enck

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