qui mar 28, 2024
quinta-feira, março 28, 2024

Haiti: depois do terremoto

Uma senhora vende batatas. Uma cena comum, se ela não estivesse ocupando a entrada do que foi um grande banco haitiano. Hoje, apenas mais um sobrado destruído.
 
Volto ao Haiti sete meses depois do terremoto. Estive aqui em dezembro, um mês antes do fatídico 12 de janeiro que devastou Porto Príncipe. Na parte baixa da cidade, um cenário de guerra. Quase todas as lojas viraram montes de escombros. Uma multidão de camelôs substitui os comerciantes de antes, na porta do que foram as lojas. Pequenas barracas ao lado de paredes caídas.
 
Ninguém olha mais para os destroços. É como se fosse parte da paisagem.
 
Aqui morreram centenas de milhares de pessoas. Todas as famílias perderam alguém. Depois de todos esses meses, a dor segue existindo. Mas as pessoas têm de sobreviver. 
 
Um mês que não será esquecido
 
O terremoto atingiu a cidade pelo sul, arrasando o centro e os bairros populares nas encostas dos morros. Por 37 larguíssimos segundos, a terra tremeu como se uma mão gigantesca sacudisse com força um tapete. Um sobrevivente me contou como perdeu a noção do tempo. Poderiam ter sido 3 segundos ou 12 minutos.
 
Dava tempo para viver a enorme surpresa de ver o mundo vir abaixo, passar para a angustiante pergunta "quando isso vai acabar", ter a certeza da morte e ver sua vida em flashback, e de repente tudo acabar em um monte de poeira e destroços.
 
Sessenta por cento das casas caíram ou ficaram condenadas. Dois milhões de pessoas desabrigadas. O povo andava pelas ruas sem saber o que fazer, nem para onde ir. Sem recursos para retirar os feridos dos escombros, sem local seguro de refúgio, sobrava o desespero.
 
Nas esquinas, protestantes com megafones anunciavam o fim do mundo. Culpavam o povo haitiano como responsável do desastre, pelo culto do vudu.
 
O Estado haitiano desapareceu. Não havia nas ruas nem equipes de resgate, nem soldados. As tropas da Minustah se dedicaram a recompor as bases atingidas. Préval, o presidente, também sumiu, provocando um ódio que só faz crescer até hoje.
 
A "ajuda" internacional foi na verdade uma ocupação militar disfarçada por um espetáculo de mídia. Enormes contingentes de soldados dos EUA ocuparam mais uma vez o país. A ajuda mesmo foi pequena, quase nada.
 
Os alimentos que chegaram eram poucos. Foram lançados de caminhões ou distribuídos às pressas para alguns passantes, com medo de saques e revoltas. Os poucos médicos e equipes de resgate que chegaram trabalhavam desesperadamente, impotentes perante um desastre gigantesco.
 
Mas cada um dos poucos resgates se transformava em notícias importantes para a mídia mundial. Assim, se mostrava como era eficaz a operação das tropas. Nos noticiários de todo o mundo se mostravam soldados salvando garotinhas dos escombros. Na verdade, só 150 pessoas foram retiradas dos destroços. Basta ver a dimensão da tragédia, com 250 mil mortos, para sentir o fracasso da "ajuda internacional".
 
A única reação importante ao terremoto foi do próprio povo haitiano. Muitas vezes com as próprias mãos retiraram as vítimas que puderam dos destroços. As poucas ferramentas que tinham eram martelos e pás rudimentares. Com uma solidariedade comovente, se auto-organizaram para conseguir comida, ajudar os que mais precisavam montar os acampamentos. Os jornais de todo o mundo ignoraram esse fato fantástico, emocionante.
 
Nas palavras de Otavio Calegari, um estudante brasileiro presente no momento do terremoto: “Continuando nossa caminhada, pudemos ver muita destruição. Casas, escolas, barbearias, tudo soterrado. Corpos eram freqüentes nas calçadas… Não pudemos presenciar qualquer tipo de violência. A impressão que tivemos foi completamente diferente. Há uma solidariedade impressionante entre os haitianos. Dois dias após o terremoto, não temos qualquer dúvida de que os trabalhadores têm sido protagonistas na salvação da cidade… Hoje, dia 13 de janeiro, o povo haitiano está se perguntando mais do que nunca: onde está a Minustah quando precisamos dela? Posso responder a esta pergunta: a Minustah está removendo os escombros dos hotéis de luxo onde se hospedavam ricos hóspedes estrangeiros.”
 
Os mortos apodreceram nas ruas aos milhares, insepultos. Até que a população resolveu queimá-los, para evitar as doenças e o cheiro insuportável. Foi aí que o governo resolveu recolher os corpos. O mês que se seguiu ao terremoto nunca será esquecido pelos haitianos. Além de tudo, novos tremores atingiram o país. Eram de menor intensidade. Mas, naquele momento, quem podia saber se não ia acontecer tudo de novo?
 
O terremoto só matou tantos por aqui porque se abateu sobre um país devastado pelo capitalismo selvagem… e pelo fracasso da "ajuda". Depois do espetáculo de mídia, foram embora os jornalistas. Ficaram os soldados.
 
Sete meses depois, os haitianos já não esperam
 
Passaram os dias. A vida tem de continuar. Só dois por cento do dinheiro prometido chegou. Mesmo assim, acabou em boa parte com os "gropowsk", os "bolsos grandes" da corrupção.
 
Não existe nada de reconstrução até agora. As escolas e hospitais seguem destruídos desde janeiro. Não existem nem sinais de obras para refazê-las. As aulas são dadas em baixo de lonas.
 
A maioria das casas está no chão ou condenada. No muro de cada uma existe uma classificação: uma sigla MTPTC, escrita em vermelho, amarelo ou verde. As classificadas em vermelho terão de ser demolidas, as de amarelo reforçadas. Uma minoria tem as letras em verde.
 
Quase todas as casas seguem como ficaram em janeiro. Só alguns prédios públicos tiveram os destroços removidos. Todo o restante segue gritando ao mundo que aqui ocorreu uma das maiores catástrofes do século XXI.
 
Acomodação forçada, resistência reprimida
 
Paro em frente ao palácio presidencial destruído. Quando estive aqui em dezembro passado, por acaso filmei o palácio e a gigantesca praça (Champs de Mars) que o rodeia, em um movimento de 360 graus com a câmara. Agora repito o movimento. Filmo o palácio destruído e o acampamento que ocupa toda a praça, com 30 mil pessoas.
 
Ando pelas ruelas do acampamento. Senhoras penteiam crianças fazendo tranças rastafári. Um grupo toma banho, aproveitando uma bica logo embaixo da estátua de Toussaint l'Ouverture, que antes dominava, imponente, a praça. Algumas barracas viraram pequenos comércios.
 
Um milhão e meio de pessoas vivem hoje nos acampamentos em Porto Príncipe. Todas as praças e campos de futebol foram ocupados pelos que perderam suas casas. Como a ajuda não veio, viraram favelas permanentes.
 
Movimentos de protesto contra o governo e a Minustah explodiram. O governo e as tropas reagiram. As barracas dos que participavam das mobilizações foram saqueadas. Três acampamentos destruídos. Até três meses depois do terremoto se distribuíam cartões de comida. Os "políticos" do governo se apoderavam dos cartões, distribuíam uma parte para suas bases nos acampamentos e vendiam o restante. Conseguiram assim controlar os acampamentos, combinando a repressão e o controle da comida.
 
Agora já não existem mais os cartões. As pessoas têm de se virar. Vivem como podem, vendendo coisas, conseguindo algum dinheiro ou emprego temporário com as ONG’s. Oitenta por cento estão desempregados.
 
Outubro é época de furacões no Caribe. Estão previstos três que podem passar pelo Haiti. Os acampamentos podem ser destruídos. Se ocorrer isso novamente a mídia mundial dedicará alguns dias ao Haiti. A natureza será novamente culpada. Clinton virá aqui com ar de tristeza. Governos prometerão ajuda mais uma vez. As ONG’s ficarão alvoroçadas. Até lá ninguém faz nada.
 
Nas ruas, ontem e hoje
 
Antes do terremoto, as ruas da cidade já eram caóticas. As calçadas sempre ocupadas por camelôs deixam só o espaço das ruas para multidões que caminham. Os carros empurram as pessoas para os lados, buzinando o tempo todo com um barulho infernal. Logo depois do terremoto, as mesmas multidões andavam por aqui sem destino. As ruas eram seu refúgio, sua casa, seu templo.
 
Agora os que andam já sabem aonde vão. A vida econômica se recompôs do jeito que foi possível. E tem ainda mais pessoas nas ruas. Uma multidão de camelôs substitui as lojas destruídas, outra multidão caminha. Pouquíssimos compram. A vida segue.
 
O plano Clinton
 
A comoção mundial com o terremoto levou a uma idéia de "todos juntos" ajudando o povo haitiano. Nada mais falso. 
 
Existem grandes empresas para as quais a miséria no Haiti garante grandes lucros. Um plano econômico está sendo aplicado no país. Multinacionais já instaladas no país, como a Levis, Gap, Wrangler produzem têxteis para o mercado norte americano.
 
Trata-se de uma indústria relativamente de baixa tecnologia, que permite usar uma mão de obra com pouca formação. No mês passado, apresentaram com toda pompa um curso de duas semanas para preparar novos operários.
 
A produção aqui tem uma dupla vantagem em relação à China: salários ainda mais baixos (hoje 125 gourdes por dia, mais ou menos 120 reais mensais) e uma distância muito menor do mercado dos EUA.
 
Bill Clinton- ex-presidente dos EUA- é o responsável da comissão da ONU e o representante de Obama para o Haiti. Dirige a Comissão Interina de Reconstrução do Haiti (CIRH), junto com primeiro ministro desse país. Na verdade, tem mais poder que o presidente ou a Minustah. Seu lema para o Haiti "create jobs" (criar empregos) gera expectativas no povo.
 
O plano Clinton inclui dois centros: quarenta zonas francas e a reconstrução de Porto Príncipe. Clinton esteve no Haiti antes do terremoto com uma delegação de 150 empresários, entre eles 12 brasileiros, inclusive o filho de José de Alencar, vice-presidente do país e dono da Coteminas, a maior fábrica têxtil do Brasil.
 
Depois do terremoto, Clinton declarou que o plano segue de pé depois do terremoto. Já existem terrenos destinados à construção das zonas francas, e acaba de ser votada pelo governo uma nova zona, agora em Le Cap.
 
A reconstrução da capital, segundo proposta apresentada por Leslie Voltaire (responsável junto com Clinton pela comissão da ONU), incluiria o "afastamento" de dois milhões de habitantes dos três que existem hoje na cidade.
 
Uma parte dessas pessoas voltaria para o interior do país. A outra seria localizada em novos acampamentos ao redor das zonas francas que serão construídas em localidades próximas a Porto Príncipe. Trata-se da reprodução em escala ampliada do plano de George Soros, que já comprou um terreno ao lado de Citè Soleil (a maior favela de Porto Príncipe) para construir ali uma zona franca. A lógica é simples: ganhando a miséria que ganham, os operários só podem ir a pé para o trabalho.
 
Um estudioso haitiano está nesse momento fazendo uma comparação incrível: ele estudou os gastos que os fazendeiros tinham com os escravos no passado e os que os burgueses têm com os operários no Haiti hoje. Chegou à conclusão que os escravos custavam mais.
 
Ainda que de forma brutal, a classe dominante do passado tinha que se fazer responsável da moradia, alimentação e saúde dos escravos. Os burgueses de hoje não precisam pagar um salário que garanta a reprodução da mão-de-obra, porque tem a sua disposição 80% de desempregados.
 
Não pagam nenhuma das conquistas dos séculos XIX e XX, como férias, décimo terceiro salário, aposentadoria. Não pagam praticamente nenhum imposto ao Estado, que não precisa assegurar saúde nem educação. Não têm sequer os gastos mínimos dos donos de escravos do passado, em pleno século XXI.
 
Está sendo imposto um capitalismo muito mais selvagem no Haiti, em condições que se assemelham à barbárie. Quando falamos da alternativa “socialismo ou barbárie”, não estamos apontando uma perspectiva inevitável para o socialismo. A barbárie é possível e já existem claros sinais no Haiti. Podemos chamar o que está sendo montado aqui de capitalismo bárbaro.
 
E isso está sendo aplicado pelo imperialismo mais "moderno" dos EUA, com as bênçãos da ONU, e de governos como Lula, Evo Morales, Cristina Kirchner. Vem disfarçado com a fábula de "ajudar os pobres haitianos, criando trabalho para eles".
 
Se der certo, será um novo paradigma a ser explorado pelo imperialismo, como pressão sobre o proletariado de todo o mundo. Os reflexos vão ser sentidos diretamente nas outras zonas francas do Caribe… e no Brasil.
 
A crise que estava se armando antes do terremoto
 
O Haiti viveu grandes lutas antes do terremoto. Houve uma levante espontâneo em abril de 2008 causado pela fome, que chegou aos portões do palácio do governo. Foi parado por uma repressão brutal da Minustah, que acabou com oito mortes e quarenta feridos.
 
Em 2009, houve um forte ascenso estudantil com ocupações de faculdades (como a de medicina, por vários meses) e atos de rua. Todos fortemente reprimidos também pela Minustah.
 
O mais importante foi a greve dos operários têxteis no ano passado. Trata-se do setor fundamental do proletariado haitiano, que estava reivindicando um salário de 200 gourdes (duzentos reais). Uma mobilização de vários meses terminou com uma greve radicalizadissima, que sacudiu Porto Príncipe por duas semanas, com passeatas de 10-15 mil operários todos os dias até o parlamento, sempre enfrentando o gás lacrimogêneo e os cassetetes da Minustah.
 
No dia 17 de abril, a greve ia se combinar com a mobilização dos bairros pobres. Uma gigantesca passeata ia parar a cidade e caminhar para o parlamento.
 
A reação foi duríssima. A burguesia fechou as fabricas e deixou os operários sem pagamento, asfixiando a greve. A Minustah deflagrou uma repressão brutal, impedindo qualquer movimento em toda a cidade. Um operário e um estudante morreram 22 foram presos. A greve foi derrotada. Assim foi imposto o salário de 125 gourdes.
 
O ódio crescendo…e eleições para desviar a atenção
 
O terremoto desarticulou todo o país e também as lutas. Por meses e meses as pessoas se dedicaram a lamentar seus mortos e tentar sobreviver.
 
Surgiram lutas espontâneas e ocasionais que logo refluíam. Mas o povo haitiano não perdoou Préval e a Minustah. A ausência do Estado e das tropas durante todo o período pós terremoto nunca será esquecida.
 
Começam a ocorrer novamente mobilizações, ainda parciais. Nessa semana, quatrocentos operários têxteis ocuparam a frente do Ministério do Trabalho. Estão raivosos. A burguesia não está pagando sequer os 125 gourdes, apenas 80.
 
Acampamentos decidem "se levantar" contra as condições precárias. Um deles causou grande impacto. Na praça de Petionville, velhas abriam a marcha, brandindo galhos de arvores, um símbolo vudu. Gritavam "Bouch tout moun fann!" (todos têm boca para comer). A situação está ficando explosiva. O governo quer desviar as atenções para a eleição presidencial de novembro.
 
Trata-se de uma farsa. Eleições em um país ocupado. Não é o governo quem dirige o país. Préval é um fantoche, submetido à Minustah e aos EUA que ocupam o Haiti. Em novembro será eleito um novo fantoche.
 
O povo demonstra um enorme desinteresse. As últimas eleições parlamentares tiveram uma participação ridícula, só 5% dos haitianos. Como essa agora é presidencial, pode ser que aumente um pouco. Ou pode ser que se tente algum fato político para tentar aumentar a participação no pleito.
 
Wycleff Jean poderia ter sido um fato assim. Aos nove anos, chegou aos EUA com sua família em um bote clandestino, fugido do Haiti. Admirador de Muhammad Ali e Malcom X, se transformou em cantor de hip-hop de enorme sucesso no mercado norte-americano e caribenho. Seu primeiro sucesso expressava bem o sentimento dos pobres estrangeiros que chegavam aos EUA: "quer vocês queiram ou não, aqui estamos".
 
Há três anos, no entanto, foi nomeado embaixador itinerante do Haiti. Desde então girou à direita. Passou a falar em "unir a todos" e "paz no mundo".
 
Defensor do plano Clinton, apoiado por varias das multinacionais têxteis instaladas no Haiti, Wycleff tentou se candidatar à presidência do país. Houve um enorme rebuliço, com muitos bairros pobres apoiando o cantor.
 
Mas o conselho eleitoral vetou sua candidatura. Alegaram que ele não mora no país, o que é verdade. Deixaram sem explicação porque nenhum dos candidatos governistas cumpre os requisitos legais, mas foram aceitos.
 
Na verdade, Préval vetou Wycleff com medo de perder as eleições. Está decidindo entre cinco candidatos governistas. Aposta nesse momento em Jube Célestin, diretor de uma instituição estatal responsável por uma parte da reconstrução do país. Um corrupto, no momento acusado de desvio de 60 milhões dólares doados pela França, que se transformaram em apenas 30 caminhões. Maluf deve estar invejoso.
 
Batay Ouvriyé e outras organizações estão lançando uma campanha justa pelo boicote a essas eleições fraudulentas
 
“Aba Minustah”
 
A relação do povo haitiano com a Minustah (e as tropas brasileiras que a dirige) mudou muito. Foram-se os tempos em que os soldados desfilaram pelas ruas conduzindo os jogadores da seleção brasileira. Não houve nenhum avanço na implantação de esgotos, no fornecimento de água ou ampliação dos hospitais desde 2004 quando as tropas chegaram. Os soldados não tiveram nenhum papel relevante no socorro depois do terremoto.
 
O papel "humanitário" alegado pelo governo brasileiro é tomado como uma ofensa pelo povo haitiano. Os soldados estão aqui para garantir o plano econômico das multinacionais. Para defender um governo repudiado pelo povo. Agem como tropas de choque de uma ditadura decadente.
 
Um haitiano, coordenador da luta dos demitidos das estatais me dizia: "Preferimos morrer enfrentando os soldados. Lula deve tirar as tropas daqui, ou o Brasil será para nós um país inimigo."
 
O povo brasileiro nem imagina isso. As tropas são odiadas.  Os muros da cidade estão pichados "Aba Préval" e "Aba Minustah" (Abaixo Préval e Abaixo a Minustah).
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* Eduardo Almeida, editor do Opinião Socialista e da Direção Nacional  do PSTU, esteve no Haiti de 21 a 28 de agosto. Neste artigo o relato e a análise que ele faz do país.
 
 
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