Está sendo lançada uma campanha em todo o continente contra a ocupação militar do Haiti pelas tropas da Minustah [1]. No dia 1º de junho se completam dez anos dessa vergonhosa ocupação que usa tropas de nossos países, enviadas pelos governos latino-americanos, a pedido do imperialismo norte-americano para reprimir o povo mais pobre do continente.
Não existe nada de "humanitário" nessa ocupação. As tropas garantem, na verdade, a exploração brutal do povo haitiano por algumas multinacionais que produzem a preços baixíssimos no país para exportar para o mercado norte-americano. Ou seja, as tropas latino-americanas reprimem o povo mais pobre do continente a serviço da superexploração das multinacionais.
Por isso, essa campanha está sendo lançada agora por diversas entidades que têm em comum esse rechaço à submissão de nossos países às necessidades do imperialismo em uma das maiores infâmias de nossa história.
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Dez anos de ocupação, de lutas e resistências do povo haitiano
Vai se completar dez anos da ocupação militar no Haiti pela Minustah, relembramos o contexto do golpe militar que antecedeu a chegada das tropas, sob a desculpa de salvaguardar a população civil.
Dez anos de ocupação, de lutas e resistências de um povo que vive em cada dia as consequências catastróficas das ações perpetradas pela Minustah.
Nesse sentido, estamos convidando e pedindo que se somem à campanha internacional pela Retirada Imediata das tropas e da Minustah.
A primeira coisa que podemos fazer é aderir com a assinatura de nossa organização, RED, ao movimento de convocatória, que se encontra no texto abaixo, e brevemente estaremos compartilhando as propostas de ações que se levarão à cabo nessa campanha.
Chamado à mobilização
1 de junho – 15 de outubro 2014
A Minustah não é uma missão humanitária. É uma ocupação militar instalada no Haiti no dia 1º de junho de 2014, por decisão do Conselho de Segurança, depois que os EE.UU. consumaram o primeiro golpe de estado deste novo milênio contra um governo em nossa América, eleito constitucionalmente.
Sob o pretexto de estabilizar o país, o objetivo verdadeiro da Minustah é evitar que o povo haitiano exerça sua soberania e autodeterminação. Serve também para experimentar novas formas de intervenção imperialista e de controle social, como as que rapidamente aplicaram com os golpes de estado contra Honduras e Paraguai, por exemplo, ou nas favelas e contra as manifestações no Brasil.
Qual é o resultado para o Haiti? Depois de 10 anos de ocupação, o país se encontra em uma situação de uma grave crise política e institucional, com uma clara regressão democrática, a repressão violenta e sistemática das manifestações populares e ataques a dirigentes da oposição. Além disso, a Minustah sustenta uma manipulação grosseira dos processos eleitorais e institucionais e a livre entrada de capitais transnacionais para controlar espaços estratégicos da economia, incluindo a mega mineração, o turismo de luxo, as maquilas[2] e a agroindústria exportadora.
EE.UU., França e Canadá dirigem a inteligência e o planejamento estratégico da Minustah. A única novidade – e a mais inaceitável – é que deixaram ao Brasil o comando das tropas que provêm majoritariamente de nossa própria América: Argentina, Uruguai, Brasil, Chile, Peru, Guatemala, Bolívia, Equador, Paraguai, El Salvador e Honduras.
10 anos de ocupação. Basta!
Hoje o resultado mais que evidente, é que a ocupação político-militar do Haiti não é nem pode ser a via para produzir uma estabilidade nem uma institucionalidade baseada nos direitos e no bem estar do povo haitiano. O Senado do Haiti pediu por duas vezes a retirada das tropas. Pesquisas recentes demonstram que 89% da população rechaça a presença da Minustah, assim como a onda de mobilizações massivas, que seguiu crescendo desde outubro de 2013 exigindo a renúncia do presidente, reivindicam sempre e com força o fim da ocupação.
As organizações populares haitianas denunciam a ação da Minustah ao reprimir protestos sociais. Denunciam que as tropas violaram mulheres e jovens, usurparam escolas e outros recursos dos quais a população necessita, contaminaram a água e introduziram a epidemia de cólera que até o final de abril havia matado 8.556 pessoas e adoecido outras 702.000. Os recursos disponíveis para a luta contra o cólera permitiram atender apenas 8% das 45.000 pessoas que se estima terem adoecido durante esse ano.
A Minustah age, além disso, com uma impunidade absurda, assegurada pelas próprias Nações Unidas. e a intervenção de sempre, dirigida pelo governo dos EE.UU., para controlar os tão desejáveis processos eleitorais. O representante da OEA no Haiti denunciou publicamente a manipulação atroz das últimas eleições, a fim de assegurar para Washington um presidente dócil a seus interesses e que se encarregou de reabilitar as forças políticas e paramilitares próximos à clientela do duvalierismo.
No entanto, no final de março, se reuniu o Conselho de Segurança em Nova York para iniciar a consideração de como prolongar a ocupação. A Minustah deve terminar já! Deve prestar contas frente a justiça e reparar ao povo do Haiti os crimes cometidos.
Por tudo isso, chamamos aos povos da nossa América e do mundo inteiro, a nossos movimentos e organizações populares, a nos unirmos em uma grande campanha.
Chamamos a mobilização pela retirada imediata de todas as tropas que ocupam o Haiti e o fim da Minustah. O povo haitiano não precisa de tropas, mas de nossa solidariedade.
Chamamos a mobilização para por fim à impunidade dessas tropas, reivindicamos às Nações Unidas que reconheça sua responsabilidade pelos crimes cometidos, que haja justiça e pela reparação das vítimas, de seus familiares e comunidades.
Chamamos a mobilização em apoio solidário ao povo haitiano em sua luta persistente para exercer sua soberania e autodeterminação: o primeiro povo do mundo a colocar fim a escravidão e a declarar os direitos universais de todo homem e mulher; o primeiro povo de nossa América a se tornar independente do jugo colonial e a oferecer o seu apoio a outras lutas emancipacionistas.
Chamamos a mobilização de uma verdadeira campanha de sensibilização e ação solidária entre o dia 1º de junho e o dia 15 de outubro – data na qual o Conselho de Segurança votará novamente a continuidade, ou não, da Minustah. Em cada um dos nossos países e frente aos principais espaços de integração regional, o Haiti precisa que se ouça a nossa voz:
Primeiras entidades que convocam em nível regional/nacional:
Jubileo Sur/Américas
School of the Americas Watch (SOAW)
Plataforma de Acción por un Desarrollo Alternativa PAPDA – Haití
Plataforma de Organizaciones de Derechos Humanos POHDH – Haití
Diálogo 2000-Jubileo Sur Argentina
Central de Trabajadores Argentina-CTA Capital
Unidad Popular, Argentina
Servicio Paz y Justicia SERPAJ – Argentina
Articulación de Movimientos Sociales hacia el ALBA – Capítulo Argentino
Movimiento por la Unidad Latinoamericana y el Cambio Social (MULCS) – Argentina
Rede Jubileu Sul Brasil
CSP Conlutas, Brasil
PACS Brasil
Batay Ouvriye (Haiti)
A confirmar:
Articulación de Movimientos Sociales hacia el ALBA
SOAWatch
Servicio Paz y Justicia en América Latina
Amigos de la Tierra – América Latina y el Caribe
Asamblea de Pueblos del Caribe
CLOC / Via Campesina
Confederación Sindical de las Américas
Encuentro Sindical Nuestra América
Marcha Mundial de las Mujeres en América Latina
PIDHDD
SEPLA
Red en Defensa de la Humanidad
Coalición Internacional Habitat en América Latina y el Caribe
Resumen Latinoamericano
Comité Pro-Haití – Brasil
Comité Defender Haití es Defender a Nosotros – Brasil
Coordinadora Uruguayo Por el Retiro de las Tropas de Haití
Comité de Solidaridad por el Retiro de las Tropas Argentinas de Haití
Adesões:haiti.no.minustah@gmail.com
Tradução: Nívia Leão.