ter abr 16, 2024
terça-feira, abril 16, 2024

Balanço do governo com relação à mulher trabalhadora


Nas edições anteriores do “Proletário”, realizamos os respectivos balanços do atual governo, mas pouco dissemos da política que o governo destina à mulher trabalhadora. É por isso que, nesta ocasião, nos concentraremos especificamente no projeto “Cuidado Mulher”, como parte dos programas assistencialistas que têm garantido

simpatia e respaldo da população à gestão Funes-FMLN.



Cuidado Mulher, uma medida populista



O projeto com maior prestígio, “Cuidado Mulher”, como é denominado pelo governo, nasceu durante a campanha eleitoral de 2009, por iniciativa da primeira dama, Vanda Pignato, também diretora da Secretaria de Inclusão Social.



Como medida de assistência às mulheres, o projeto recebeu US$20 milhões de financiamento do BID para criar várias unidades com os seguintes serviços: atenção à violência de gênero, independência econômica, saúde sexual e reprodutiva, educação coletiva e atenção infantil. Foram implantadas 4 sedes nas quais se atendeu o total de 271.993 usuárias, o que equivale a 6,57% de 52,7% de mulheres no país. Com apenas quatro sedes por todo o país e com tão pouca cobertura se resolvem as necessidades que tem a mulher trabalhadora?



A resposta é óbvia: acreditamos que não se soluciona o problema das mulheres construindo uma ilha com a melhor atenção em todas as áreas, se fora dela não existe verdadeiro respeito a seus direitos. E mais, nossas condições têm piorado, como veremos adiante.



O que mudou na situação da mulher trabalhadora em El Salvador com o governo Funes-FMLN?



A violência contra as mulheres tem aumentado, com uma taxa de 431 assassinatos, os denominados feminicídios, segundo a medicina legal, a PNC e ISDEMU. Além disso, registraram-se 992 denúncias por violência domiciliar. A violência e a discriminação contra a mulher continuam sendo o problema central da sociedade salvadorenha.



No âmbito trabalhista, as principais fontes de empregos para nossas mulheres trabalhadoras continuam sendo os trabalhos nas “maquiladoras” e em condições de precariedade e de informalidade. A desigualdade de salários continua presente: o rendimento médio dos homens é de $308,19; enquanto o das mulheres é de $279,67. Todos estes fatores tornam mais difícil a vida da mulher salvadorenha, sobretudo daquela que é mãe solteira, pois terá de buscar outros meios de rendimento para suprir as necessidades materiais de seus filhos.



Em matéria de direitos e educação sexual e reprodutiva, retrocedeu-se. No país, entre 1984 e maio 2010, se registrou o total de 8.722 casos de AIDS e 16.025 casos de HIV. Além disso, 30 em cada 100 grávidas são adolescentes. Uma pesquisa realizada com 1.258 jovens, com idade entre 10 e 19 anos, também constatou que as adolescentes salvadorenhas têm, em média, sua primeira relação sexual aos 15,9 anos e os homens adolescentes aos 14,8[1]. Além disso, desde 1997 se proíbe o aborto terapêutico, sem levar em conta se há risco de vida para a mãe.



Sem dúvida, o maior beneficiado disto tudo é o sistema, pois ganha muito dinheiro com a desigualdade que impõe. Não esqueçamos que as grandes multinacionais têm grande parte de suas fábricas nos países do terceiro mundo onde as desigualdades entre homens e mulheres são muito maiores e onde não se tem escrúpulos em explorar inclusive o trabalho infantil, submetendo milhões de pessoas no mundo. Isso o governo de Funes-FMLN e seus aliados não mencionam.



O problema da mulher não se resolve com programas sociais como “Cuidado Mulher”



Os fatos materiais que acabamos de analisar refletem a opressão em que vive a mulher. É por isso que nós, da UST, dizemos que o problema da mulher deve ser visto a partir da exploração e opressão em que vivem.



Por isso, nós, as mulheres trabalhadoras, devemos nos organizar em nossos bairros, dentro de nossa organização sindical e lutar para que as demandas operárias incorporem nossas reivindicações. Com isso não queremos minimizar as lutas que, como sexo oprimido, devemos estabelecer para começar nossa liberalização, tais como o direito ao aborto, a salários justos e igualitários, a creches para mães trabalhadoras e estudantes, ao combate contra o machismo em nossos espaços, especialmente nas organizações sindicais, camponesas, populares ou revolucionárias nas quais participamos.



No entanto, devemos estar conscientes de que estas tarefas democráticas da atual fase da etapa capitalista imperialista não podem ser levadas até sua última instância, portanto deve avançar a construção de um novo sistema, isto é, a luta deve transcender em direção ao triunfo da revolução socialista, organizada lado a lado com os trabalhadores.



Por isto é importante que as mulheres trabalhadoras mantenhamos nossa independência de classe e, de mãos dadas com nossos companheiros trabalhadores, lutemos contra a exploração capitalista.

Que viva a mulher da classe trabalhadora!


Pela liberação da mulher trabalhadora e pobre!



Basta de violência e exploração contra as mulheres!



[1]Todos os dados de Violência são do Observatório de violência de gênero contra as mulheres de ORMUSA. http://observatoriodeviolencia.ormusa.org/



[2]http://www.laprensagrafica.com/economia/nacional/201833–canasta-basica-rural-incrementa-35-en-un-ano.html



 

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