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sexta-feira, março 29, 2024

Frente às declarações de líderes da igreja católica: Defendemos um Estado laico imediatamente!

Não podemos deixar de denuciar as graves declarações que os altos dirigentes da igreja têm se permitido dizer no marco da exploração de uma costarriquense que afirma ter sido curada de um aneurisma por um milagre. Utilizando estas declarações como base, monsenhor Hugo Barrantes aproveitou para dar um novo impulso à campanha contra o Estado laico e os direitos das mulheres, ao dirigir-se aos meios de comunicação argumentando que este acontecimento deve ser interpretado como “um sinal contra o estado laico e a fecundação in vitro”.

Fazendo uso de mentiras, o líder religioso pretende jogar fora anos de discussão a respeito do tema da fecundação in vitro e o Estado laico e utiliza esta história para criar un enfoque distorcido na população.
 

Independentemente das posições religiosas e crenças de cada um, o que faz este líder católico é utilizar esta história para criar um circo midiático, onde qualquer argumento científico passa a ser menosprezado por um argumento religioso, fazendo demagogia contra o Estado laico e defendendo assim o seu privilégio de seguir definindo e marcando o rumo de políticas públicas do país.

Como parte desta aliança que a igreja e o governo mantêm de modo permanente, o Ministro da Comunicação se atreveu a dizer que esta história “apaga qualquer coisa, qualquer percepção negativa que exista sobre o país” e assim confirma mais uma vez o papel fundamental dessa aliança com a hierarquia católica, mediante a qual se utilizam os princípios religiosos para desviar a discussão e evitar o descontentamento e a mobilização popular.

Monsenhor Hugo Barrantes, por sua vez, afirma que “na Costa Rica estamos com uma cultura antivida, esses temas sobre o aborto, a fertilização in vitro”, mas nada disse a igreja sobre os 27.000 abortos clandestinos que ocorrem anualmente no país, nem das mulheres que colocam em risco de morte por essas condições de clandestinidade, ou sobre as famílias que condenam a não ter filhos quando poderiam fazê-lo mediante a FIV – Fertilização in vitro. Falemos então das posições antivida e de tortura quando impõem às mulheres uma gravidez fruto de estupro, de incesto ou atentado contra a nossa própria vida.

Com declarações como esta, era evidente a forte ofensiva que tomaria a igreja adiante. Neste 08 de julho, Monsenhor Barrantes fala com o diário La Nación, e afirma que “o grande problema é que as minorias fazem muito barulho”. Expressa as suas posições machistas e homofóbicas dizendo que ele tem uma origem camponesa, como se isso tivesse alguma relação ou justificasse e ainda afirma: “aqui fala já meu sentimento machista: eu sou camponês. Para mim a ideia de uma união de dois homens…  não imagina o que me vem à mente!” As mulheres contra quem argumenta e a quem ataca, não são uma minoria! São a metade da população a quem segue oprimindo com argumentos como este. Carregamos séculos de opressão, promovida por instituições como a igreja católica, que permite e reforça nossa superexploração quando nos coloca como pessoas de segunda categoría.

E quando se refere à população lésbica e homoxessual, igualmente nos coloca como uma minoria “fazendo barulho”, como se com esse argumento fossêmos menos merecedores de direitos. Já havíamos falado sobre o tema do referendo do ódio[1], não se pode submeter os direitos das minorías ao capricho das maiorias como no caso da população LGBTTI.

Toda a argumentação que brinda monsenhor Barrantes se mostra cheia de preconceitos quando diz: “no lesbianismo… pelo menos aquelas que eu conheço são educadas. (…)” a que se refere com esse “pelo menos”? Por acaso há algo para reprovar? E ao falar sobre os homossexuais afirma: “Ah, é uma grosseria e uma coisa! (…) isso é antinatural.” Se contradiz quando afirma que a Igreja e o Estado estão separados, mas por outro lado reconhece haver se reunido com 16 deputados para discutir o tema da Fecundação In Vitro e insiste em rechaçar a aplicação da presente mesmo com a decisão judicial contra o Estado da Costa Rica por violação dos Direitos Humanos.

O Partido dos Trabalhadores está firme, defendemos o Estado laico imediatamente, não acreditamos que a igreja tenha que seguir interferindo na definição de políticas públicas como insiste em fazê-lo, e estamos pela defesa dos direitos da mulher, pela liberdade de decidir sobre os seus próprios corpos, pelos direitos iguais para casais do mesmo sexo. O exercício da nossa sexualidade e a escolha de nossos parceiros é uma decisão individual, não do Estado nem da igreja.

 

Pelo direito igual ao casamento para casais do mesmo sexo!
Pelo acesso gratuito à Fecundação in Vitro!
Por um Estado laico!

 

Tradução: Nívia Leão.



[1] Refere-se a um referendo contra a união civil entre pessoas do mesmo sexo.

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