sex mar 29, 2024
sexta-feira, março 29, 2024

Eleições para a Federação de Estudantes da Universidade da Costa Rica: um balanço

Após os acontecimentos da luta do orçamento das universidades públicas como Movimento ao Socialismo, participamos das eleições federativas da UCR e UNA, como parte da coligação Iniciativa e do partido CREE respectivamente.




Nossa participação tinha o objetivo de continuar desenvolvendo nos espaços de representação estudantil uma política independente da administração da universidade para garantir uma verdadeira defesa dos direitos dos estudantes e do modelo de universidade pública, hoje ameaçado pelo pacto entre o CONARE e o governo de Chinchilla para não financiar os FEES, forçar os ajustes salariais e continuar as orientações da educação superior no caminho das políticas de privatização do Banco Mundial.



Após o término das duas eleições, os resultados foram os seguintes: o novo partido CREE, obteve uma vitória de 2100 a 1300 votos contra a burocracia ligada ao PLN de DITSO (federação que saiu) da Universidade Nacional e, no caso da UCR, o partido PROGRE, aliança eleitoral do PAC, a Aliança Patriótica, Vanguarda Popular e a Frente Ampla, com o apoio e financiamento de setores corruptos da administração da universidade, ganhou 4.042 votos no segundo turno por 2.696 da Iniciativa; a seguir, apresentamos a nossa análise sobre os resultados, lições e perspectivas que retiramos de ambos os processos.



Victoria de CREE: desgaste da burocracia corrupta e impulso do ativismo independente em defesa do FEES e da UNA



O partido CREE expressou grande parte do ativismo e da simpatia do gigantesco movimento estudantil que tomou a reitoria de Pirro e Heredia por quase dois dias consecutivos, em protesto contra a traição da reitora Sandra Leon e o CONARE na luta pelo orçamento. Como uma organização independente que foi proposto para eliminar a burocracia de Mi U (hoje DITSO) do FEUNA e lutar pela refundação de um movimento estudantil democrático e combativo, desde o MAS apostamos com tudo neste projecto que a nossa militância já faz parte. Não faz falta dizer que reivincamos a vitória do CREE como um ponto positivo para a actividade independente da UNA, assim como para todos os estudantes a nível nacional, apesar das diferenças e críticas que temos de sua direção e líder de escritório: Frente Ampla, PAC e Aliança Patriótica, em relação à urgência de espaços democráticos para decidir questões cruciais como o foram as decisões tomadas (junto ao SITUN) com o Conselho da Universidade para desmobilizar a tomada da reitoria, e onde não levou em conta a voz das regionais, nem a grande maioria dos militantes mobilizados naquela jornada.



INICIATIVA vs PROGRE: O fim de uma batalha entre o ativismo independente e os defensores do status quo da reitoria

 

A vitória do partido PROGRE nas eleições da FEUCR deve ser explicada em seus fatos e números, mas sobretudo por sua importância para o movimento de massas, isto porque implica também em uma mudança de direção no principal órgão de representação do sector estudantil universitário na dinâmica política nacional.



O principal fator determinante da eleição federal foi o posicionamento dos diversos setores da comunidade universitária contra a negociação do orçamento e o acordo CONARE-GOVERNO do FEES, que a parte dos números,  envolvido no sacrifício do modelo de universidade pública autônoma  e financiada inteiramente pelo Estado, a fim de alinhar a Universidade ao plano de ajuste orçamentário de Laura Chinchilla.



Mais especificamente, o segundo turno foi uma continuação do impulso do campo eleitoral entre a esquerda independente (encarnada por anos na Convergência, Gente U, Voz Alternativa e INICIATIVA) e a reitoria e seus setores acadêmicos afins (com PROGRE como seu campeão ) por determinar que Diretoria prevaleceria no marco da aplicação do dito ajuste.



Quando dizemos pulso, dizemos literalmente, já que temos caracterizado PROGRE como braço estudantil da reitoria, questão que já foi mostrado por INICIATIVA, nas denúncias (recebidas pela Controladoria da Universidade) em que se demonstra o milionário financiamento, recebido por PROGRE, procedentes de fundos públicos desviados pelo decano de Ciências Sociais.



No entanto, o enfrentamento não foi somente com a reitoria, esta foi agravada pelo envolvimento na política estudantil, de um setor com muito prestigio na Universidade, que não se expressava claramente desde os tempos o dia do referendo: a oposição burguesa ao governo e a antiga direção do No ao TLC: Aliança Patriótica, PAC, Frente Ampla (que foi diretamente convidados a participar da coalizão) e seus seguidores acadêmicos no melhor estilo de Alberto Cortés.



Sem colocar um sinal de igual que o PROGRE, é necessário, no entanto, denunciar o papel nefasto que teve a política sectária de ALERTA e do PRT. Os compoanheiros, méritos a parte, se recusaram reiteradamentre a aceitar o chamado de INICIATIVA para fazer a coalizão (ignorando a discussão programática), e ainda negaram qualquer tipo de apoio eleitoral a INICIATIVA logo depois de ter sido deixado de fora no primeiro turno. O resultado desta política, ao que parece, foi uma divisão injustificada da esquerda independente, em particular para o segundo turno, e uma preocupante cegueira da direção de Alerta a respeito do papel do PROGRE como braço da reitoria no movimento estudantil.



É em virtude do impulso destas forças políticas mencionadas acima que PROGRE tem ganhado por uma votação tão grande, capitalizando para si a divisão do ativismo independente, assim como o ressentimento e a intervenção política direta de funcionários e professores universitários 1) em defesa da gestão da reitoria da universidade e especificamente da negociação do FEES; 2) uma clara reacção contra a política de democratização da universidade que se soma aos seus privilégios e 3) com o objectivo de travar o crescimento e influência da esquerda independente na universidade.



Como parte do MAS e da INICIATIVA agredecemos e reivindicamos o apoio de um setor importante da comunidade universitária que nos apoio macissamente (40% dos votos). Confiamos que com um árduo trabalho de oposição, e continuação de um programa alternativo e independente para a Universidade de conjunto, é só uma questão de tempo para recuperarmos FEUCR para os interesses dos setores mais mais carentes da universidade e mais explorados do país.

 

1º de dezembro de 2010

Confira nossos outros conteúdos

Artigos mais populares