sex mar 29, 2024
sexta-feira, março 29, 2024

Direitos para os setores oprimidos: Fora Orozco!

“A homofobia é um mito, a discriminação real contra os homossexuais não existe…”
“Os meninos se projetam no estereótipo de um homem para que se façam homens e as meninas de uma mulher para que se façam mulher…”
“O principal título que uma mulher pode ter é o de mãe. Ter filhos para uma mulher é dar-lhe sentido a vida.”
“Posso garantir que nunca maltratei nenhum homossexual nem sequer tenho a capacidade de distingui-los.”
“Eu não conheço uma única família da classe pobre que tenha esse tipo de problema (referindo-se ao tema da fecundação In Vitro), são bem férteis, não sei como resolvem. Eu conheço pessoas de classe alta na Costa Rica que tem esse tipo de problema e a classe pobre é tão prolífera que tem que planificar”.
Seria impossível nos referir, nesse artigo, a todas as frases homofóbicas, misóginas e machistas que expressou o deputado Justo Orozco nas últimas semanas. Cada uma das afirmações desse deputado evidencia o seu total desconhecimento sobre o tema dos direitos dos setores oprimidos, e ainda promove cada vez mais os estereótipos, o ódio e o rechaço a esses setores.
Fora Justo Orozco!
As expressões de xenofobia, homofobia e misoginia desse deputado não são recentes. Em sua gestão na assembleia legislativa já havia se encarregado de atrasar os projetos de leis que garantiam direitos aos casais homossexuais. Em 2011, quando foi convidado pela comissão dos direitos humanos, leu vários versículos da Bíblia. Com isso, ganhou tempo suficiente para apresentar moções que logo frearam o avanço do projeto de lei na comissão. Entretanto, menos de um ano depois argumenta que não obstruiria projetos de lei que equiparassem os direitos de uniões do mesmo sexo.
É evidente que esse deputado presidira a comissão para evitar o avanço dos direitos de setores oprimidos e tentara criar leis a partir do seu dogma de fé, como já tentou com o projeto proposto para que na Constituição Política se reconheça apenas o matrimônio entre homem e mulher.
A singularidade desse deputado é que se trata de um homofóbico e misógino declarado e orgulhoso de suas posições. No entanto, essas posições não são novas e nem são exclusivas do deputado Orozco, pois são as mesmas posições governo após governo, que não permitiu o avanço de projetos como o Estado Laico, o de FIV etc.
 O resto das frações legislativas são também cúmplices.
{module Propaganda 30 anos}Com suas manifestações de misoginia, machismo e homofobia, Orozco expôs a situação humilhante dos direitos das mulheres, imigrantes e homossexuais neste país.
Mas essa situação não é mérito apenas de Orozco, mas de toda a Assembleia Legislativa. Afinal de contas, não é verdade que os deputados de todas as tendências se negaram a reconhecer os direitos básicos, mesmo contra a legislação internacional, como o acesso a fecundação In Vitro?
Da mesma forma, nem as outras frações podem se orgulhar de serem grandes defensores dos direitos dos homossexuais. A iniciativa proposta para alterar o artigo 52 da Constituição, afirmando que o casamento só pode ser reconhecido entre um homem e uma mulher, tem a assinatura de 13 membros de seis frações legislativas (PLN, PAC, PUSC, PASE, Renovação costarriquense e Restauração Nacional).
Enquanto isso, Ofélia Taitelbaum, atual “defensora do povo” e que hoje segue debatendo com Justo Orozco como a grande defensora dos direitos dos oprimidos, na época, participava do bloco de 19 deputados que retiraram o seu apoio à proposta de Estado Laico diante da pressão exercida pela imprensa.
Portanto, com as posições de Justo Orozco, só descobriu o que já está sendo aplicada, a homofobia, a xenofobia e misoginia, sendo institucionalizada pelo Estado. Este mérito não é apenas de um deputado, mas desse governo e dos anteriores.
Diante da eleição de um deputado que promove abertamente o ódio aos homossexuais, Laura Chinchilla, guarda silencio ou simplesmente se limita a dizer que essa não e sua prioridade.
A justificativa da politica de alianças.
O mesmo impacto e angústia que causou a nomeação de Justo Orozco, deve causar a nomeação da deputada Rita Chávez na Comissão das Mulheres da Assembleia Legislativa, que como Orozco, ficou conhecida por suas posições contra os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres.
É evidente que estas duas nomeações são parte de pactos políticos estabelecidos com o PLN, mas é errado dizer que se continuou essa aliança e que a mesma poderia ter sido evitada. Por acaso existe alguma diferença? O acordo político que levou a esses compromissos faz parte dos acordos sem princípios. Os mesmos partidos que estavam na Aliança para a Costa Rica, como o PASE, o PUSC o PAC, têm sido uma forte oposição à concessão de direitos aos setores oprimidos.
Esta situação evidencia o funcionamento da Assembleia Legislativa, onde os trabalhos são manipulados à custa de alianças políticas sem princípios, que se estabelecem para se obter um suposto controle legislativo ou acordos econômicos.
Tudo isso esclarece a ditadura que existe na estrutura do Estado, onde os cargos como esses deveriam ser revogáveis. No entanto, contrariamente à nossa opinião, todos os partidos políticos que estão na assembleia legislativas, deveriam defender isso, mas defendem como correto o funcionamento atual, ainda que seja profundamente antidemocrático. Mas isso faz parte do próprio capitalismo. Um funcionamento doentio, onde os cargos públicos são selecionados com base em alianças e grupos de poder e não submetidos à escolha popular.
Por isso, conclamamos todos a nos organizar e rejeitar a nomeação de Rita Chávez e Justo Orozco às Comissões da Assembleia Legislativa, além de denunciar todas as outras facções e partidos que são parte deste jogo.
Que nossa rejeição a estas nomeações una-se também a nossa luta pelo reconhecimento dos direitos das mulheres, para a população homossexual e por um Estado Laico.
Fora Justo Orozco! Fora Rita Chavez!
Pelo acesso a Fecundação in Vitro!
Pelo reconhecimento dos direitos para os casais de mesmo sexo!
Estado Laico JÁ!
Tradução: Flavio Bandeira

Confira nossos outros conteúdos

Artigos mais populares