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sexta-feira, abril 19, 2024

Defendamos a Autonomia Sindical e a Autonomia Universitária

Na segunda-feira 12 de abril sucederam dois fatos que poderiam abrir uma nova dinâmica na luta de classes costarriquense. Enquanto nos portos de Limón o SINTRAJAP organizava greves parciais em defesa do caráter público dos portos e da liberdade sindical,

 na Universidade de Costa Rica um nutrido grupo de estudantes e trabalhadores enfrentava-se com a polícia judicial (OIJ) [1] em sua tentativa de violentar a autonomia universitária.
 
Ambos os fatos têm um ponto em comum: o autoritarismo cada vez mais exacerbado da administração Arias, a qual busca desanuviar o mais rápido possível o caminho antes de 8 de maio, data na que assumirá o novo governo liberal.
 
O governo vai com tudo. O bando que colocou a frente dos ministérios e instituições autônomas é um claro grupo empresarial, tecnocrático e anti-operário que quer ficar com tudo; além da conhecida cassação da direção do SINTRAJAP, soma-se o novo pacote elétrico e de segurança, a recente Lei de Emprego Público e a asfixia orçamentária às universidades.
 
A cada um destes conflitos se respondeu com a ameaça e o uso da força. Na segunda-feira, 12 de abril, em um draconiano operativo que supostamente buscava prender um policial de trânsito corrupto, o OIJ e a força pública ingressaram na UCR; o saldo foi de cinco presos e vários feridos; detiveram e bateram nos companheiros David Morera Herrera, secretário de formação, imprensa e propaganda do SINDEU e secretário geral adjunto da CGT, o estudante de sociologia Wainer Méndez, Willy Ruiz, Presidente da Associação de Estudantes de Direito que teve os dentes frontais quebrados, e ao companheiro professor de Estudos Gerais, de nome Aaron, quem quebraram o nariz e no hospital se descartou que suas costelas estivessem quebradas, em que pese os golpes que recebeu; também quebraram o braço do companheiro Octavio Carrillo Mena, secretário de finanças do SINDEU.
 
Mas esta ferocidade do poder pode e deve sair-lhes muito caro. Tais fatos mostram também muito claramente o verdadeiro rosto da “democracia” costarriquense; tanto o Promotor Geral Francisco Dall”anese como o diretor do OIJ Jorge Rojas, têm dito claramente que as forças repressivas não têm porque respeitar a autonomia universitária; isto é, a Constituição não é nada para os gorilas civis.
 
Abriu-se claramente a possibilidade de somar e unificar múltiplos descontentamentos e conflitos. Está colocada a necessidade de unificar a luta pela defesa da autonomia universitária e a queda dos responsáveis pela violação da mesma, a luta contra a privatização dos portos em Limón, a luta por um aumento no orçamento universitário de pelo menos um 24%, a luta dos docentes e de todos os trabalhadores estatais contra a nova Lei de Emprego Público, a luta dos trabalhadores e os estudantes pela aprovação de um novo convênio CCSS-UCR e um novo convênio de cotas clínicas [2].
 
Nós do Movimento ao Socialismo queremos trabalhar em direção a esta perspectiva. Vemos mais urgente que nunca uma forte mobilização unitária e a partir daí um plano de luta unificado de todos os setores em luta. Para isto é necessária a convocação imediata a uma assembléia sindical e popular que prepare o plano e constitua uma direção unificada das diferentes lutas em curso.
 
Fonte: Socialismo Hoje n° 22, Abril 2010
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NT:
[1] OIJ – Organismo de Investigação Judicial;
[2] convênio que garanta as cotas para as práticas dos estudantes da Saúde.
 
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