qui mar 28, 2024
quinta-feira, março 28, 2024

As famílias da classe trabalhadora do setor privado somos as principais afetadas pelo pacote fiscal

O Socialismo Hoy Digital conversou com Jouseth Chaves, Secretário de Conflitos do Sindicato dos Trabalhadores do Setor Privado, sobre o plano fiscal e sobre as condições de vida da classe trabalhadora.

SHD: Qual é o plano fiscal apresentado pelo governo e como isso afeta a classe trabalhadora?

JC: O pacote fiscal é um projeto promovido pelo governo do PAC, junto com os demais partidos dos empresários, para cobrar a crise e o déficit fiscal da classe trabalhadora.

Especificamente, eles querem nos cobrar um adicional de 1% na cesta básica, na comida e no que compramos para nossas vidas diárias, e também nos cobrar impostos que aumentarão o custo da eletricidade, da água e dos serviços que pagamos todos os meses. Isso significa que cada família trabalhadora pagará aproximadamente um salário mínimo extra de impostos todos os anos.

SHD: O governo e a UCCAEP (Câmara de Empresas Privadas) dizem que não há outra opção, e que aqueles que apoiam a greve do setor público “se opõem sem apresentar uma solução”. O que SITRASEP pensa disso?

JC: Isso não é verdade. Tanto o governo quanto as empresas sabem que existe outra saída, só que eles a combatem abertamente. Há outra solução e é que os grandes e ricos e os setores privilegiados paguem pelo déficit fiscal. Os sindicatos do setor público, alguns intelectuais e outras organizações sociais propuseram outras alternativas.

Por exemplo: ¼ das grandes empresas relatam lucro zero, mas seus proprietários e acionistas continuam enriquecendo. A evasão e a elisão fiscal deixam um fosso nas finanças públicas, maior do que o próprio déficit. Não há nada no atual plano fiscal para cobrar os grandes culpados. Apoiamos a proposta de punir aqueles que praticam a evasão, confiscar suas contas e bens quando esses roubos forem demonstrados e prender aqueles que roubam o Estado.

Outro exemplo é a questão da dívida pública. Quase 50% de todo o orçamento nacional é investido no pagamento de uma dívida feita pelos governos empresariais dos últimos 20 anos, e nem sequer está claro quem está lucrando com essa dívida. Como é possível que se queira cobrar mais aos trabalhadores para pagar uma dívida impagável, com juros que não param de crescer?

SHD: Se é a classe trabalhadora no setor privado a principal afetada, por que não vemos qualquer resposta deste setor?

JC: Os trabalhadores do setor privado não têm direitos democráticos básicos. Isso se expressa principalmente no fato de que não temos o direito de expressar nossa opinião, reivindicar nossos direitos ou formar organizações sindicais.

Apesar do fato de que são garantidos como direitos pela lei e a constituição, nos fatos os trabalhadores são perseguidos e discriminados se nos defendermos ou expressarmos nossas opiniões. Há alguns anos, por exemplo, algumas empresas obrigavam os trabalhadores uniformizados a ir se manifestar em favor do TLC. As empresas também se metem em eleições, obrigam-nos a nos filiar a associações de solidariedade e até demitem quem opina contra o que os empregadores querem.

É por isso que não há demonstrações organizadas contra o pacote fiscal pela classe trabalhadora do setor privado. Milhares de trabalhadores estariam dispostos a se manifestar, se não fosse pelo medo, pela repressão e a chantagem por parte dos empresários.

O SITRASEP luta contra essa ditadura no setor privado, para que nós trabalhadores possamos defender nossos direitos, dentro e fora do local de trabalho.

SHD: Que mensagem você enviaria à classe trabalhadora em relação a essa greve?

JC: Como trabalhadores, temos que apoiar a greve. O problema do plano fiscal não é exclusivamente para trabalhadores do setor público. Aqueles que trabalhamos no setor privado vamos ser os principais afetados, e somos os que precisamos urgentemente lutar contra este pacote.

Toda a classe trabalhadora deve se unir para forçar os ricos, os corruptos e os que praticam a evasão a pagar pelo déficit fiscal.

Finalmente, para que possamos defender nossos direitos, devemos construir sindicatos no setor privado. É a única maneira de deixar de viver sob uma ditadura, defender-nos contra esses ataques e melhorar nossas condições de vida e de trabalho.

Tradução: Lena Souza

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