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quinta-feira, março 28, 2024

Colômbia: Sombras no horizonte

A economia colombiana depende em grande medida da produção de matérias primas. A distribuição do mercado mundial pelo imperialismo impôs as semicolônias a obrigação de explorar ao limite seus recursos naturais para ser entregues para as multinacionais. Com isso, além de devastar o meio ambiente, nos condenou ao atraso industrial e tecnológico.

Por: O.A.

Essa divisão mundial do trabalho, que deixou nas mãos das grandes potências imperialista o desenvolvimento da grande indústria e das indústrias de tecnologias de ponta, se construiu em um salto na superexploração da classe operária das semicolônias e em um aumento da desigualdade econômica e social. Um informe apresentado pela Oxfam (ONG contra a pobreza) no Fórum Econômico de Davos revela que “A fortuna dos mil maiores milionários cresceu 12% em 2018, com um ritmo de 2,5 bilhões de dólares por dia, enquanto a riqueza da metade mais pobre da população mundial, cerca de 3.800 milhões de pessoas, reduziu 11%…”. E que “Na América Latina… A fortuna dos mil milionários da região aumento 10% em 2018 (36 bilhões de dólares) e passa dos 414 bilhões de dólares, uma quantia maior que o PIB de quase todos os países da região, exceto Brasil, México e Argentina. (Portfolio, 22/01/2019).

Porém, o aumento da desigualdade e a exploração não é patrimônio exclusivo das semicolônias. A classe operária dos países imperialistas também tem visto reduzir seu nível de vida e desaparecer as conquistas e benefícios sociais obtidos depois da Segunda Guerra Mundial, na metade do século 20. A crise de 2008, que começou como uma crise hipotecaria, arrasou as economias de milhões de operários norte-americanos e europeus.

Dessa crise, como as que precederam, não se recuperaram todos os países afetados, acentuando a tendência que as grandes potências imperialistas (Estados Unidos, Alemanha, Inglaterra, França, Japão) sejam cada vez mais hegemônicas, e que países até pouco tempo relativamente ricos fossem deslocados ao terreno das semicolônias, como ocorreu com a Grécia, a Irlanda e Portugal na Europa; enquanto que economias até então flutuante como Espanha e Itália tem que lidar com as taxas de desemprego de dois dígitos.

Essa situação geral da economia reviveu as contradições entre a burguesia imperialista e desatou outras novas, em uma guerra comercial na qual cada burguesia nacional tenta se salvar, passando por cima das regras que mantém o mercado sob controle.

A crise de 2008 atingiu, de forma particularmente aguda, aos trabalhadores e a classe média ianque, o que garantiu o caminho para a ascensão de Donald Trump, com um discurso nacionalista que ameaça sacudir a estrutura geral do mercado mundial. A enorme concentração de capital e a riqueza que se produz nas duas últimas décadas, não é somente um fenômeno que se expressa na crescente desigualdade entre ricos e pobres, mas também nas desigualdades entre países e continentes.

As contradições do capitalismo não se desapareceram com a criação da ONU, a OTAN ou os TLC, ao contrário, aumentaram ao ponto de se manifestar com uma batalha pelo controle do mercado mundial, os recursos das semicolônias e a apropriação da mais valia global que incuba uma crise de maiores dimensões e que tencionou ao limite, tanto as contradições dos Estados Unidos com seus competidores tradicionais como China, Europa e Japão, como as diferenças de controlar a situação dentro da própria burguesia ianque.

O extraordinário crescimento da dívida externa global – de dezenas de bilhões de dólares-, a guerra comercial e alfandegária dos EUA com a China, a crise dos ianques com os TLC, a lenta recuperação da Europa -com exceção da Alemanha-, a saída do Reino Unido do Mercado Comum Europeu- o Brexit-, a desaceleração dos emergentes do grupo BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e das semicolônias da América Latina e África, a crise ambiental e a instável política são os sintomas da nova crise que se está germinando e da guerra não declarada entre as grandes economias capitalistas pelo controle do Mercado Mundial.

E não existem dúvidas que as instáveis economias que dependem da produção de matéria prima para alimentar a demanda das multinacionais –como a colombiana- vão ser castigadas de maneira aguda, com sua consequência de miséria e penalidades aos mais pobres. As exportações do país dependem em mais de 70% da indústria extrativa (petróleo, carvão e minerais), e a volatilidade dos preços do mercado submetem a economia nacional a uma montanha russa cujas piores vertigens e náuseas acabam sofrendo os explorados. Ainda mais quando 27% de tais exportações têm como destino a economia ianque, fonte das maiores causas de instabilidade global, pela agressiva política populista e reacionária de Trump e seus aliados.

Portanto, a situação da economia colombiana, e em especial a dos trabalhadores e os pobres, não é alentadora. Os planos antioperários já estão sendo aplicados: o extrativismo como estratégia de desenvolvimento segue seu curso devastador; basta como exemplo a prorrogação da exploração da mina de carvão de La Loma, no Cesar, concedida a Drummond por mais vinte anos; a reforma tributária reacionária, que aumenta a contribuição entre os assalariados e reduz as taxas aos mais ricos; e o miserável aumento do salário mínimo são as primeiras pontadas dadas por um governo submetido aos grandes burgueses nacionais e estrangeiros.

Ante tal panorama aos trabalhadores nos sobra a alternativa da luta direta para enfrentar os efeitos da crise capitalista. E esta luta começa por exigir das direções das centrais operárias que convoquem as atividades necessárias para planificar e para aprovar a lista de exigências que acabe com a degradação de nossas condições de vida e de trabalho.

Tradução: Túlio Rocha

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