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sexta-feira, março 29, 2024

“Atribuo este crime ao Estado”

Colômbia: Assassinada Ana Fabrícia Córdoba, líder de camponeses refugiados
 
Atribuo este crime ao Estado”, afirmou taxativamente a filha de Ana Fabrícia, líder dos camponeses expulsos de suas terras na Zona de Urabá, após o assassinato de sua mãe em um ônibus de transporte público no dia 7 de junho, na cidade de Medellín.
 
Ana Fabrícia e seus filhos tiveram que se refugiar em Medellín desde 2001, depois do assassinato de seu esposo e de outros familiares na Zona de Urabá. Na cidade, ela tocava as tarefas de organização das comunidades que exigem a restituição das terras que lhes foram tomadas. Há onze meses, um de seus filhos, Jonatan, também foi assassinado e Ana Fabrícia havia apontado publicamente organismos policiais da cidade como os responsáveis.
 
Horas depois do assassinato, seus filhos foram novamente ameaçados, conforme o relato de uma de suas filhas, Diana Ospina Córdoba, à agência de notícias Efe: “À noite recebemos um telefonema ameaçador, (em que nos disseram) que todos teríamos o mesmo fim”.
 
Ana Fabrícia denunciou as ameaças contra sua vida perante a Mesa Metropolitana de Direitos Humanos, os governos federal, departamental e local, o Ministério Público, a Procuradoria e outros organismos de segurança”, recordaram algumas organizações sociais. Apesar dessas denúncias, “não foi feito nada para proteger sua vida”, afirmou o comunicado do Comitê Organizador das Mesas de Direitos Humanos (Corpades) e da Associação Nova Gente.
 
Tragicamente, uma morte desmente milhares de palavras do governo Santos e de seus agentes. Diante do assassinato de Ana Fabrícia, repetindo as mesmas frases vazias já pronunciadas em relação ao assassinato de várias dezenas de líderes das organizações que lutam pela restituição de suas terras, o governo, na voz de seu vice-presidente, Angelino, afirmou: “Chegou o momento das vítimas na Colômbia. Este governo reafirma seu compromisso com as vítimas e seus direitos e adverte aos criminosos que casos como o de Ana Fabrícia não ficarão impunes.”
 
Teríamos que dar a seguinte resposta a Angelino: chegou o momento em que as vítimas devem abandonar qualquer ilusão de que este governo colocará a capacidade do Estado a serviço delas, pois é um agente e representante da pior canalha burguesa-latifundiária imperialista, que converteu o país em uma grande cova comum, e é responsável pelo banho de sangue nas últimas décadas.
 
O Estado colombiano, como disse a filha de Ana Fabrícia, é responsável, em última instância, por todo o sofrimento e dor das vítimas e é ele, em primeiro lugar, que deve ser julgado. Depois deve haver o julgamento e a punição de todos e de cada um dos autores e responsáveis individuais.
 
Tradução: Thaís Rossi

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