ter mar 19, 2024
terça-feira, março 19, 2024

Chile: Unificar as lutas em defesa da Educação Pública

Sim, a educação precisa de mudanças, mas as reformas feitas por Piñera e Bachelet somente foram para pior, por isso é necessário rechaçar-las e sair na defesa da Educação. Durante os últimos dias as ruas foram ocupadas por professores e estudantes em todo o país. Todas e todos em apoio à luta docente e estudantil. Em Santiago, a repressão violenta de Piñeda e Alessandri contra os secundaristas e professores evidencia a crise da educação no país. 

Por José Villarroel, estudante de Pedagogía en Historia 

Basta de repressão aos secundaristas: Piñera e Alessandri são os responsáveis 

Já virou rotina para o prefeito de Santiago, Felipe Alessandri, fomentar a repressão nos espaços educacionais da sua comuna. São inúmeras ações passíveis de denuncia: as revistas feitas nas mochilas dos alunos antes de entrar em sala de aula, a permanência de Forças Especiais na frente das escolas e na entrada em alguns Liceus (colégios que foram municipalizados), agredindo e prendendo alguns estudantes menores de idade. Esta repressão é combinada com a repressão institucional, ou seja, a aplicação da lei Aula Segura[1], na qual está permitido a expulsão de estudantes sem justificativa.  Mas Alessandri foi além, na semana passada declarou que: “ Bom seria limpar as escolas destes grupos que somente geram anarquia” falou isso depois de confirmar a expulsão de 10 estudantes do Instituto Nacional, enquanto outros 8 correm o risco de receber a mesma sanção.

No entanto, os secundaristas que estão mobilizados contra a repressão também denunciam as condições precárias em que se encontram as escolas. Por exemplo as condições insalubres, infiltrações de tuberías, problemas nas instalações elétricas, inclusive as pragas de ratos. Para se ter uma idéia Alessandri aplicou no final de 2018 um corte de 500 milhões de pesos na educação pública na sua comuna, e hoje podemos ver os resultados dessa política.

Alessandri e o Governo Piñera foram construindo uma imagem de que os estudantes são delinquentes o que justificaria a violenta repressão que exercem sobre as escolas. Mas os estudantes estao se mobilizando contra a crise educacional provocada pelos empresários, banqueiros e seus representantes no parlamento e no governo. Se mobilizam contra um verdadeiro plano para desmantelar a Educação Pública e para desmobilizar a organização do movimento estudantil, principalmente nos colégios mais combativos.

Todo apoio à greve docente. Não à mudança curricular de História e Educação Física

Ao mesmo tempo, milhares de professores estão em greve por tempo indeterminado[2] devido a falta de respostas às reivindicações da categoria, como o fim da dupla avaliação docente, o reconhecimento  das menções às educadoras especiais e infantis, a solução da dívida histórica[3], entre outros pontos. Porém o que mais tem causado indignação é a mudança curricular do 3º e 4º do ensino médio que afeta as disciplinas de História e Educação Física, que deixaram de ser obrigatórias e passariam a ser optativas, rebaixando-as ao mesmo nível da educação religiosa.

Isso é um ataque direto aos professores, à classe trabalhadora e a juventude. Por que isso acontece? Curiosamente é justamente no 3º e 4º ano onde se ensina sobre a história recente do país, como por exemplo os processos dos anos 70 e 80, os Cordões Industriais[4] e a ditadura. Está claro que essa política pretende diminuir a quantidade de estudantes que se interessem por temas relacionados a esses processos históricos.

A educação para a classe trabalhadora e a juventude 

A crise da educação é um evidente, no entanto, os grande empresários e banqueiros não sofrem com isso, porque a educação das suas famílias está asegurada. Eles controlam o Estado, por tanto, o resto das instituições e serviços sociais (como o parlamento ou mesmo a Educação) que são guiadas por seus interesses. Seguindo essa lógica, optam por tirar do currículo as matérias que podem evidenciar o papel que esses setores cumpriram historicamente e, ao mesmo tempo, não têm interesse em financiar a educação para a classe trabalhadora e o povo pobre, já que consideram um gasto desnecessário. Não é à toa que na sociedade capitalista, quem sofre com a crise na Educação é a classe trabalhadora, que não têm garantia de uma educação de qualidade para seus filhos, às escolas públicas têm sérios problemas de infraestrutura e os professores trabalham em péssimas condições. É necessário uma educação a serviço da classe trabalhadora e da juventude.

A luta pela educação pública e contra os ataques dos Governos de turno não acontece somente no Chile, mas também no conjunto da América Latina. No Brasil por exemplo, milhares de professores e estudantes estão lutando contra os cortes na educação e as mudanças curriculares. 

Frente a esta situação, nós do MIT ( Movimento Internacional dos Trabalhadores/LIT-QI) defendemos a necessidade de que os Liceus voltem a ser do Estado, para que os professores recuperem a categoria de trabalhadores do setor público e não fiquem a mercê do municípios e dos serviços locais. Somos contra la falsa remunicipalização de Bachelet. Temos que utilizar a riqueza do cobre para financiar a educação pública e não a corrupção das Forças Armadas. Basta de repressão e criminalização dos estudantes secundaristas: pelo fim imediato da lei Aula Segura. Não à mudança curricular de História e Educação Física, por uma educação a serviço da classe trabalhadora e da juventude. 

A unificar as lutas 

Os estudantes e professores estão lutando e, recentemente, os mineiros de Chuquicamata anunciaram uma greve. Estas lutas não podem seguir isoladas umas das outras, é preciso unificar-las, é necessário organizar um plano de lutas que construa a Greve Geral, esta é a única maneira de conquistar nossas reivindicações, já que coloca contra a parede governos e empresários. A direção do colégio de professores, Aguiar (Frente Ampla), o PC e companhia, devem ter essa tarefa como norte, mas se preferem sentar e negociar com Piñera antes que unificar as lutas e preparar o caminho no sentido da Greve Geral, não servem para essa tarefa e temos que derrubar-los.

Todo apoio à greve de docentes!

Não a reforma curricular de História e Educação Física!

Abaixo a Lei Aula Segura!

Basta de repressão aos7as estudantes secundaristas!

Piñeda e Alessandri são os responsáveis!

Unificar as lutas!

Renacionalização do cobre e de todos os RRNN para financiar a educação!

 

Tradução: Luana Bonfante

Notas:

[1] http://www.lahora.cl/2018/10/proyecto-ley-aula-segura/

[2] https://www.france24.com/es/20190603-chile-educacion-paro-nacional-profesores

[3] https://radio.uchile.cl/2018/11/25/14-mil-murieron-esperando-la-dura-realidad-tras-la-deuda-historica-de-los-profesores/

[4] https://es.wikipedia.org/wiki/Cord%C3%B3n_industrial

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