ter mar 19, 2024
terça-feira, março 19, 2024

Chile | Os trabalhadores precisam de um partido para a revolução

A maioria dos partidos pertencem a eles: os da direita, os populistas e os que se dizem de esquerda. Dançam a música que tocam os donos das florestas, das minas ou do mar. Os partidos restantes; os alternativos, os emergentes e os progressistas só clamam por um pequeno lugar em seu circo e afirmam que tudo melhorará quando eles forem maioria.

Por: MIT Chile

Ninguém chega no fim do mês com os salários miseráveis. Ficar doente é padecer, envelhecer é cair na miséria, educar-se é endividar-se. Enquanto os empresários ganham com os remédios e as clínicas. Investem com nossas aposentadorias em negócios que são para eles; ganham com os colégios, universidades e institutos. Roubam-nos com os remédios e com os frangos. E quanto mais ganham, mais se preparam e pagam campanhas, com a riqueza que nos tiram, para colocar títeres em um Congresso que só vota leis que lhes favorecem.

Os trabalhadores só olham esta rodada de figuras e promessas de mudança eleitoral, este desfile de noticias em que se corrompeu um padre, um político, um policial, um general. Nossa legítima raiva nos deve levar a dizer: Basta! Porque é absolutamente necessário por um fim a este macabro negócio, cortar pela raiz este enriquecimento às nossas custas.

Mas vimos que não basta as manifestações . Levando nossas reivindicações e sugestões às instituições desta “democracia” também não conseguimos nada, porque as novas reformas continua nos prejudicando e tirando nossos direitos que com sacrifício ganharam nossos pais e avós. E surgem novos partidos que mantêm as regras do jogo. Como continuar?

Se queremos mudar as coisas, temos que instalar uma nova ordem. Precisamos construir um partido dos trabalhadores para fazer uma Revolução.

Por que um partido?

Ao longo da história, os empresários criaram e usaram suas ferramentas para organizar suas ideias e dominar toda a sociedade. Têm seus partidos. Todas as instituições e governos estão ao seu serviço. A diferença entre os partidos é a máscara. Os do Chile-Vamos (coalizão de direita que inclusive representa pinochetistas, mas que também ganho apoio entre trabalhadores, por meio de enganos e cestas básicas de presente para comprar suas consciências) e os da Nueva Mayoría, tem apoio em instituições como a Confederação da Produção e do Comércio (CPC) que defendem os interesses empresariais, que finalmente são os únicos garantidos pela Constituição de Pinochet. Todos esses partidos seguem as ordens do Fundo Monetário Internacional (FMI) que impõe os planos de ajuste para resguardar os lucros das transnacionais. Assim, todos os partidos atuam como uma só poderosa ferramenta para que os exploradores continuem sendo a classe dominante, apesar de serem a minoria.

Então, os trabalhadores precisam da força de uma organização exclusivamente de nossa classe, para fazer frente aos empresários e virar o jogo onde eles têm tudo a seu favor. Já que nós nem tempo temos com a excessiva jornada de trabalho, é vital exigir diminuição de horas de trabalho semanal para podermos nos organizar e avançar em nossa consciência. Se não destinarmos um tempo de nossas vidas para construir uma ferramenta séria, disciplinada, para defender nossos direitos e a sociedade que queremos, as coisas continuarão igual e pior. Os sindicatos são nossa primeira ferramenta, mas restrita à vida do trabalho. E queremos mudar não só as condições de trabalho, mas a nossa vida inteira. Para isso, precisamos de um projeto de sociedade e material humano que construa e lute por ele. Isso é um partido de trabalhadores.

Por que para a Revolução?

Uma revolução é destruir o velho para instaurar algo diferente, novo. Uma reforma é melhorar o velho, mantendo o essencial deste. As reformas são importantes para melhorar nossa situação, mas não solucionam o problema a partir da raiz e em pouco tempo, tudo se repete. Há muitas reformas que neste sistema podre não podem ser realizadas, como por exemplo o fim das AFPs. Por isso a partir do MIT estamos convencidos de que é necessária uma revolução. Porque todos os partidos mantêm o sistema. Inclusive os que propõem melhorá-lo, porque através de parlamentares e ministros corruptos, é impossível.

Levantamos o exemplo da Revolução Russa, que em 1917 tirou o poder dos empresários e o colocou nas mãos dos trabalhadores. Entretanto não foi um processo pacífico, porque a classe dominante não o permitiu. Então os trabalhadores tiveram que armar-se em sua defesa para fazer a revolução. Buscaram nos setores inferiores das FFAA, suas fontes de apoio, fraturando o exército tradicional capitalista e assim debilitaram o poder dos empresários, recuperando o armamento para sua própria defesa como classe. Com isso depois se constituíram em uma força armada totalmente diferente, onde todos os trabalhadores tinham armas e não existia a hierarquia de cúpula.

Que projeto de sociedade defenderá o partido dos trabalhadores?

  • Chega de demissões. Diminuição das horas de trabalho para garantir mais empregos para os desempregados: Piñera prometeu tempos melhores e com mais empregos, entretanto nunca vimos um país com zero por cento de desemprego. É assim porque o capitalismo precisa de um exército industrial de reserva (ou massa desempregada), já que com isso espolia os trabalhadores para dizer que alguém lá fora está ansioso por seu posto de trabalho. Assim dominam para que tenhamos que aceitar as más condições de trabalho. Sob a nova sociedade o trabalho será um direito e ao mesmo tempo um dever, ninguém terá o privilégio de não trabalhar, a menos que sua capacidade física o impeça.
  • Democracia operária:  O parlamento é destruído e substituído por organismos da classe trabalhadora, onde o conjunto resolva democraticamente sobre os temas do país. Haverá delegados de diferentes assembleias, com cargos revogáveis e que ganhem o mesmo que qualquer operário qualificado. Acabam-se os políticos vitalícios e com milhares de privilégios. Assim funcionaram os soviets da Revolução Russa. E no Chile, algo parecido foram os cordões industriais durante a Unidade Popular, que forçavam o próprio governo de Allende a tomar medidas contra os capitalistas.
  • Planificação da economia:. A economia capitalista funciona sem planificação geral. É desorganizada, produzindo o que “mais vende” e não “o mais necessário”, por exemplo, milhares de apartamentos de luxo, mas pouquíssimas moradias populares. E essa desordem, que só gera lucro, mantém-se à custa das necessidades da maioria que ficam sem solução. A economia planificada busca produzir organizadamente, segundo as necessidades da sociedade e não do lucro de um patrão.
  • Estatização dos principais setores da economia, sob controle operário: Os empresários só lucraram com nossos recursos naturais: florestas, mar, minas, etc. Organizam a produção de maneira irresponsável, minimizando gastos à custa da segurança nas condições de trabalho, do impacto da produção no meio ambiente, etc. Nós operários sabemos bem como funciona a produção, é indispensável tirar os empresários e estatizar as empresas mas desta vez para um Estado a serviço dos trabalhadores, um Estado Operário, e que haja organismos operários que fiscalizem a organização do que produzir e como produzir, isto é, controle operário.  Por isto falamos de socialismo – que nada tem a ver com o falso socialismo de Maduro na Venezuela -, nos referimos a socializar os meios de produção, que já não sejam propriedade de um patrão, e sim do conjunto dos trabalhadores. Devemos começar por renacionalizar o cobre e os recursos naturais, sob controle operário.
  • Fim das opressões: O capitalismo usa as discriminações de raça, gênero, identidade sexual, nacionalidade para dividir-nos como classe trabalhadora e colocar um setor em vantagem sobre outro. Além disso, lucram muito mais com a dupla jornada de trabalho das mulheres, a falta de direitos e baixos salários dos imigrantes, etc. A sociedade socialista criará as condições para superar todas as opressões.
  • Do socialismo ao comunismo: Fazer uma revolução e começar a mudar a estrutura política e econômica da sociedade é somente a primeira parte, é o que chamamos de socialismo. Nosso objetivo final deve ser uma sociedade onde não existam classes sociais, isto é, o comunismo, onde não existam ricos e pobres e onde tudo o que for produzido pela humanidade seja controlado pela maioria dos trabalhadores e repartido de acordo com as necessidades de cada um. As experiências da União Soviética e outros países deram somente os primeiros passos nesse sentido, mas retrocederam pela traição de suas direções (Fidel Castro, Stalin, etc). Acreditamos que temos que aprender com os erros e limitações do passado e reconstruir um projeto que tenha como objetivo libertar a humanidade do capitalismo.

Convidamos você a lutar e construir em conjunto este projeto de sociedade, convidamos você para o Movimento Internacional de Trabalhadores (MIT). Venha ao partido que não promete privilégios nem vantagens, só a luta honesta e organizada para construir um mundo melhor.

Tradução: Lilian Enck

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