qui mar 28, 2024
quinta-feira, março 28, 2024

Chie: 45 anos após o golpe. É possível que os trabalhadores governem?

 Na televisão, nos mostram todos os dias que a política é suja. Que os políticos prometem e não cumprem, que há corrupção. Vemos o baixo nível de candidatos, os insultos, etc. Qualquer trabalhador tem nojo dessa política. Mas os trabalhadores também participam da política. Quando lutamos pelos nossos direitos, quando fazemos greve, quando vamos para as manifestações NO + AFP-Administradoras de Fundos de Pensão (movimento contra o atual sistema de fundo de pensões do Chile). Isso também é parte da política. Quando os trabalhadores e trabalhadoras do sul, há alguns anos, tomaram e controlaram Punta Arenas, Aysén, Chiloé e outras cidades, também estavam participando da política. Não da política dos políticos. Da política dos trabalhadores, do povo.

Por: Luis Cortés / David Espinosa

 Os trabalhadores são fundamentais

Os trabalhadores produzem toda a riqueza da sociedade. Movemos os navios, descarregamos as mercadorias, construímos as usinas termelétricas,… os professores educam nossos filhos. E por que os trabalhadores não podem governar a sociedade? Por que precisamos de políticos profissionais? Nós dizemos que sim, que os trabalhadores podem governar a sociedade. E há exemplos disso na história. Essa parte da história não nos ensinam na escola, porque não serve aos donos do poder.

A experiência chilena

Na década de 1970, o Chile passou por uma das experiências mais importantes da América Latina. Nestes anos muita coisa mudou e incomodou os poderosos. Os trabalhadores estavam conscientes de sua força e da necessidade de mudar as coisas. Elegeram Salvador Allende como presidente, mas também não acreditavam que Salvador Allende resolvesse seus problemas, por isso os trabalhadores se organizaram e passaram a controlar, sozinhos, quase toda a sociedade.

Quando um patrão fechava uma fábrica ou não cumpria os direitos dos operários, os trabalhadores tomavam conta da fábrica e a faziam produzir como antes, mas sem os gerentes e proprietários. Quando os comerciantes ricos tentaram esconder a mercadoria, os trabalhadores começaram a se organizar nos bairros e fábricas para distribuir a comida.

Nesse processo surgiram os cordões industriais, que funcionavam como parlamentos dos trabalhadores, mas sem a política suja dos políticos profissionais. Nos cordões industriais tudo era discutido: o que produzir, como produzir, onde distribuir, como enfrentar a repressão, a necessidade de armar os trabalhadores para defender suas conquistas, etc. Naquela época, grande parte da riqueza produzida no país começou a ser usada para resolver os problemas dos trabalhadores. O cobre foi nacionalizado e outros recursos naturais também.

O governo de Salvador Allende foi pressionado para levar adiante as transformações. Mas, no final, a política da UP (Unidad Popular) e também de Allende, grosso modo, foi privilegiar as negociações com os poderosos, em vez de confiar no poder de organização e luta da classe trabalhadora. Esta política, através de negociações com os poderosos, mostrou-se ineficaz e, portanto, veio o golpe militar, um dos mais violentos do continente.

A alegria nunca chegou e nem chegará confiando nas eleições dos ricos

Depois de muitos anos de ditadura, os trabalhadores voltaram às ruas novamente nos anos 80. Nos prometeram alegria, mas isso nunca aconteceu. Na “democracia”, as mesmas famílias que controlavam o poder no período de Pinochet continuaram a governar o país. Hoje, 30 anos depois, os trabalhadores já estão exaustos com tantas promessas e voltamos a tomar a política em nossas mãos.

A aprendizagem que nos deixa o fracasso da via pacífica para o socialismo, deve ser considerada quando se trata de ver novos fenômenos como a Frente Ampla, que defende que as mudanças vêm centralmente através do parlamento e suas leis, através de negociações com os poderosos de sempre. Não podemos esperar nada dos poderosos e privilegiados e de suas eleições. Acreditamos que só a luta por uma revolução socialista, que avance para a conquista de um governo operário, sem parlamentos empresariais, é a maneira de conquistar nossos direitos.

Artigo retirado de http://www.vozdelostrabajadores.cl/

Tradução: Nea Vieira

 

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