Visita ocorreu neste fim de semana, com manifestações durante todo o período, repressão policial e detenções
Por: CSP Conlutas
Logo após a controversa visita de Jair Bolsonaro (PSL) aos Estados Unidos, para confirmar sua política entreguista a Donald Trump, o presidente realizou neste fim de semana uma viagem ao Chile, onde esteve por 48 horas cumprindo sua agenda internacional.
Manifestações e repressão
Os protestos contra a presença do presidente brasileiro tiveram início ainda antes de sua chegada, na sexta-feira (22).
Convocados por diversos coletivos sociais, os atos denunciaram os ataques do governo brasileiro contra o povo e as declarações homofóbicas e machistas de Bolsonaro.
Na capital Santiago, em um local histórico de importantes mobilizações, o Paseo Bulnes, um forte ato foi realizado na sexta. O fim de semana seguiu com mais manifestações massivas.
Nos cartazes e nas palavras de ordem, a lembrança de Marielle Franco, em clara denúncia da relação de milicianos assassinos da vereadora com Bolsonaro e sua família, e a subserviência vergonhosa do presidente com Donald Trump e o governo norte-americano.
Em uma das principais alegorias vistas nos protestos, Bolsonaro foi retratado como marionete de Trump, ao lado dos governantes do Chile.
Confira algumas fotos:
A polícia chilena reprimiu os protestos com jatos de água e gás lacrimogêneo. Em um vídeo publicado pela Ruptly, é possível ver barricadas incendiadas para tentar conter a violenta ação dos policiais.
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Segundo a imprensa local informou, ao menos 10 pessoas foram detidas durante os protestos.
Bolsonaro chegou a declarar estar satisfeito com a recepção que teve no domingo (24), durante um passeio em um shopping da capital. Nas redes sociais, os comentários ironizavam essa percepção, destacando que ele só foi bem recebido no local porque é um shopping localizado em um bairro [ o Las Condes ] de classe média e, majoritariamente, frequentado por um público de direita e alinhado com os discursos de ódio do presidente visitante.
Elogios do governo sobre a ditadura chilena
As manifestações nas ruas mostraram a revolta do povo chileno contra o posicionamento político de Bolsonaro e as declarações positivas que já fez a respeito do ditador Augusto Pinochet.
O presidente chegou a dizer, em período de campanha eleitoral, que o ditador chileno “fez o que tinha que fazer”, e que “tinha que ter matado mais gente”.
No dia da chegada do presidente ao país, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni afirmou, em entrevista à Rádio Gaúcha, que “o Chile teve de dar um banho de sangue” no período Pinochet, para fixar “as bases macroeconômicas”.
O filho de Bolsonaro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL), também declarou que Pinochet havia sido responsável por impedir que o país “se convertesse numa nova Cuba”.
Reação da oposição
As presidências da Câmara e do Senado no Chile consideraram uma afronta ao país a recepção a Bolsonaro, um verdadeiro desrespeito com as vítimas e todos os que sofreram com a ditadura sangrenta no Chile.
“Eu francamente não me recordo de declarações como essa vindas de um governo cujo mandatário tenha pisado em solo chileno. Esta é uma grave declaração que ataca não somente a oposição, não somente às vítimas de direitos humanos, mas um país inteiro”, reiterou Jaime Quintana, presidente do Senado chileno.
Duas deputadas, do partido Frente Amplio, chegaram a entrar com pedido no Parlamento para que Bolsonaro fosse declarado persona non grata no Chile. O partido ainda denunciou os ataques do governo brasileiro contra os setores mais oprimidos como as mulheres, os LGBTs, os negros e os povos originários.
Nas redes sociais, a hashtag #PersonaNonGrata esteve entre as mais compartilhadas no Chile na sexta e no sábado (23).
Artigo publicado originalmente em: http://cspconlutas.org.br/2019/03/protestos-massivos-contra-visita-de-bolsonaro-tomaram-as-ruas-da-capital-do-chile/
