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sexta-feira, março 29, 2024

Copa do Mundo: a juventude trabalhadora entra em campo!

Depois de sessenta e quatro anos, o Brasil, país do futebol, recebe a Copa do Mundo novamente. 

A presidente Dilma esperava que a festa do esporte fosse um momento para conquistar apoio popular ao seu governo, preparando sua reeleição no mês de outubro. No entanto, os planos do governo federal não se concretizaram.

Mesmo com uma enorme propaganda oficial e da grande mídia, o povo brasileiro não acredita que a realização da Copa do Mundo deixará legados sociais. A Copa do Mundo não trouxe mais investimentos, empregos e desenvolvimento ao país. Muito pelo contrário, sua realização está aprofundando as desigualdades sociais e provocar inúmeros ataques à soberania nacional.

Desde as jornadas de junho de 2013, o Brasil na rota das grandes mobilizações internacionais, que sacodem o mundo todo desde 2011. Em todos os continentes, é uma nova geração de jovens que protagonizam revoluções e insurreições populares. A vanguarda desse processo é juventude sem futuro egípcia, os indignados espanhóis, a geração à rasca portuguesa e, agora, também a juventude trabalhadora brasileira.

São os mais jovens, particularmente as mulheres e negros, que sofrem mais com o desemprego, os baixos salários, e os empregos precários. No Brasil não é diferente. São milhões que entraram recentemente no mercado de trabalho formal, ocupando os piores cargos, muitas vezes terceirizados e temporários.

É essa juventude, a nova geração de trabalhadores em luta, que representa o futuro do proletariado mundial. No Brasil, é ela que está transformando a Copa do Mundo FIFA no pesadelo não só das seleções da Espanha, Itália e Inglaterra, mas igualmente do governo Dilma e das elites proprietárias.
 
Brasil já é o campeão das injustiças!

A Copa do Mundo é um evento privado, controlado pela FIFA e seus patrocinadores. A maioria da população brasileira, negra e pobre, está bem longe dos novos e luxuosos estádios. E as injustiças não param por aí.

A preparação do megaevento provocou o avanço da especulação imobiliária, das remoções forçadas de comunidades periféricas e da criminalização da pobreza. Além disso, crescem também o turismo sexual e a privatização dos espaços públicos.

A Lei Geral da Copa legaliza todas as ingerências da FIFA, que determina quais produtos devem ser vendidos e quais estabelecimentos comerciais podem abrir nas regiões próximas aos estádios. A FIFA está isenta de todos os impostos e encargos trabalhistas que deveriam ser recolhidos por suas atividades econômicas no país.

Dessa forma, fica clara, mais uma vez, a disposição da presidente Dilma em ser uma indispensável aliada do imperialismo. Depois de garantir a ocupação do Haiti, com as tropas brasileiras no comando da MINUSTAH, e as diversas isenções fiscais concedidas às multinacionais, o governo federal se dobrou diante dos desmandos da FIFA.

Foram gastos quase R$ 35 bilhões dos cofres públicos na construção dos estádios, nas reformas dos aeroportos e nas obras de infra-estrutura. É investimento estatal para financiar um evento privado, que vai fazer lucrar empresas e monopólios de comunicação. A própria FIFA deve lucrar mais de dez bilhões de reais no Brasil.

A juventude é o setor da sociedade mais atingido pelas injustiças da Copa do Mundo, em especial a juventude trabalhadora. A militarização e a privatização dos espaços públicos aumentaram a segregação territorial e cultural, que impede os jovens pobres de seu direito à cidade. A criminalização da pobreza potencializou o genocídio da juventude negra das periferias. O turismo sexual faz as mulheres jovens, inclusive crianças e adolescentes, suas principais vítimas.

Uma nova geração de trabalhadores no ataque
 
O contraste entre os privilégios da FIFA, por um lado, e as péssimas condições dos serviços públicos e os baixos salários, por outro, aumentou o descontentamento social. A nova situação política do Brasil, aberta com as famosas jornadas de junho de 2013, está se aprofundando.   
 
As manifestações de rua e os atos contra as injustiças da Copa do Mundo FIFA abriram o caminho e, agora, é a juventude trabalhadora que entra em campo, dando continuidade à ofensiva do movimento de massas.

Inúmeras categorias saíram em luta, no interior da maior onda de greves do país desde 1989. São garis, operários da construção civil, funcionários públicos, professores e trabalhadores do transporte, em especial os setores mais oprimidos e explorados, que estão mobilizados.

A vanguarda dessas lutas é uma nova geração de trabalhadores, que alcançou a maturidade política quando as velhas direções oportunistas do movimento de massas já estavam governando o país. Uma nova geração que não tem o peso das derrotas do passado nas costas e que pode fazer uma experiência mais rápida com o PT.

A greve dos metroviários da cidade de São Paulo foi o maior símbolo desse novo momento. Foram cinco dias de paralisação, nos quais os trabalhadores enfrentaram a imprensa, a intransigência do governo estadual, da empresa e a repressão policial, que invadiu estações do metrô para romper os piquetes.

A greve, que foi tornada ilegal pela Justiça, terminou com a demissão de quarenta e dois dirigentes, entre eles sindicalistas com estabilidade no emprego. No entanto, a categoria não baixou a cabeça e segue em luta, organizando uma campanha pela readmissão dos trabalhadores desligados da empresa.
           
Campanha Internacional “Lutar não é crime!”

A burguesia brasileira aproveitou a Copa do Mundo para justificar a repressão e a criminalização dos movimentos sociais e das lutas populares. Com a desculpa de garantir a segurança do megaevento, foi elaborada uma legislação especial, de exceção, legalizando prisões arbitrárias e inquéritos policiais contra ativistas.

O Estado brasileiro criou novos tipos penais, prevendo até a detenção de ambulantes que venderem mercadorias com imagens ligadas ao mundial. Os crimes serão julgados rapidamente por tribunais especiais, instalados ao redor dos estádios, sem proteger o direito à ampla defesa dos acusados.
 
Nas vésperas da abertura daabertura da Copa do Mundo, esse processo chegou ao seu ponto mais alto. No dia 12 de junho, a manifestação as injustiças sociais foi brutalmente reprimida. Poucos dias antes, em 9 de junho, o estudante e militante do PSTU Murilo Magalhães foi detido e torturado pela Polícia Militar do estado de São Paulo, enquanto participava de um ato de solidariedade aos metroviários demitidos.

A juventude é o alvo principal dos governos e autoridades brasileiras. As centenas de ativistas demitidos, presos e, hoje, investigados estão entre os vinte e trinta anos de idade. São trabalhadores e estudantes, em especial dirigentes de movimentos, vítimas da Polícia e da Justiça.

O maior exemplo dessa escalada repressiva é o indiciamento das lideranças do Bloco de Lutas da cidade de Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul. Quatro jovens estão sendo acusados injustamente por formação de milícia privada e danos ao patrimônio público, entre outros crimes. Matheus Gomes, militante da juventude do PSTU e da Assembléia Nacional dos Estudantes – Livre, é um dos dirigentes indiciados.

O PSTU brasileiro e a LIT chamam ao movimento de massas de América Latina e do mundo, em especial às organizações do movimento estudantil, a construírem conosco uma ampla campanha internacional contra a criminalização dos movimentos sociais em nosso país. Vamos organizar ações de solidariedade pelo fim dos inquéritos, prisões e demissões. Lutar não é crime!

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