sex mar 29, 2024
sexta-feira, março 29, 2024

Brasil: Construir uma alternativa de classe e socialista

Quando fechávamos esta edição, a Câmara dos Deputados votava a reforma da Previdência em 2º turno. Agora, deve seguir para o Senado.

Bolsonaro subiu no cavalo desde a aprovação da reforma em 1º turno, desatando uma escalada de ataques às liberdades democráticas, à soberania do país, à ciência, à cultura e às condições de vida da classe trabalhadora e do povo pobre.

Por: PSTU Brasil

O projeto autoritário do governo Bolsonaro-Guedes-Mourão está além dos limites e de mera retórica. Isso exige, sem nenhuma dúvida, toda a unidade contra suas investidas autoritárias e em defesa das liberdades democráticas.

Porém isso por si só é insuficiente. O projeto autoritário de Bolsonaro não está separado da crise capitalista e da guerra social, do desmantelamento dos serviços públicos e da entrega do país que o sistema capitalista decadente exige. Bolsonaro é, ao mesmo tempo, a expressão e a possibilidade de resposta da classe dominante frente à longa decadência e processo de reversão colonial ocorridos nas últimas décadas e à profunda crise do capitalismo no Brasil e no mundo.

O governo autoritário e projeto capitalista e pró-imperialista ultraliberal de Bolsonaro-Mourão-Guedes-Rodrigo Maia se complementam e formam uma dobradinha. A verdadeira guerra social da burguesia contra os trabalhadores para aumentar seus lucros e sair da crise capitalista se expressa na crueldade do desemprego, nas reformas trabalhista e previdenciária, que significam um golpe brutal na classe trabalhadora.

Isso vai traçando um mapa de barbárie e devastação, com os ataques ao meio ambiente, o estímulo ao genocídio indígena, quilombola e da juventude negra e pobre e o desmantelamento da educação, da saúde e dos serviços públicos. Bolsonaro, com sua reverência à ditadura, expressa e impulsiona a barbárie capitalista e a polarização da luta de classes.

A classe dominante, como expressou bem um dos donos do Itaú, está considerando excelente a política econômica. Por isso minimiza a cara autoritária do governo, porque lhe é funcional.

Quanto mais desemprego, fome e miséria, mais lucram grandes empresários e banqueiros, mais ricos e felizes ficam os grandes investidores, o 1% da população que enche os bolsos com a crise. O governo corta verbas da educação e apresenta um projeto de privatização do ensino superior, colocando as universidades sob controle da Bolsa de Valores. A ganância dessa gente não tem limites: querem a Petrobras e todo o petróleo, a Amazônia para o garimpo e a criação de gado e soja, mesmo que para isso tenham que arrebentar os povos da floresta.

Esse projeto de devastação e barbárie capitalista precisa ser derrotado. Para derrotá-lo, é preciso contrapô-lo a um projeto dos trabalhadores, uma alternativa socialista à crise e ao capitalismo. Não dá para defender uma saída de “mal menor”, de entrega negociada de direitos ou do país ou de reformas mais desidratadas que, da mesma forma, entregam direitos.

Os partidos de oposição parlamentar se conciliam com a política econômica de Rodrigo Maia-Paulo Guedes-Bolsonaro e se opõem de fato apenas ao autoritarismo do governo. No que se diferenciam no projeto econômico, defendem uma impossível volta ao passado recente. Ao mesmo passado que nos trouxe aonde hoje estamos.

Operam, assim, apostando as fichas em futuras eleições e no desgaste do governo com os ataques violentos que este faz à classe. Daí o corpo mole nas mobilizações. Daí a puxada de tapete na continuidade da luta depois do 14J pelas cúpulas das centrais sindicais (à exceção da CSP-Conlutas) ou nas negociações dos governadores de oposição (PT, PCdoB, PSB, PDT) em torno da reforma da Previdência, além da defesa de uma frente ampla visando a defesa do status quo.

Esse tipo de estratégia constrói derrotas, impotência, desesperança e é o que permite que Bolsonaro suba no cavalo.

É preciso construir uma alternativa independente dos trabalhadores a partir da base. Uma alternativa socialista, operária e popular. Uma alternativa que resolva as necessidades da classe trabalhadora, do povo pobre, que defenda a Amazônia, os indígenas, os quilombolas, as mulheres, os negros, as LGBTs, a soberania e que faça com que os capitalistas paguem pela crise. Um projeto que lute para colocar os operários e o povo pobre no poder.

Devemos unir e mesmo exigir a unidade de todos para lutar. Mas precisamos também construir uma alternativa de organização para lutar até o final, de maneira independente da burguesia, que possa superar as organizações burocráticas que negociam direitos e não se dispõem a ir além do capitalismo. A CSP-Conlutas é um polo, um ponto de apoio para isso.

Contudo precisamos também de uma alternativa de organização política que defenda o socialismo e a revolução. O PSTU está empenhado nisso.

Apesar do golpe sobre os trabalhadores que significa a aprovação da reforma da Previdência na Câmara, é preciso entender que essa luta ainda não terminou. E, mais importante, por baixo está gestando-se um barril de pólvora.

É preciso construir e unificar as lutas, em defesa da educação, das aposentadorias, do emprego, da Amazônia e dos indígenas, das liberdades democráticas, da soberania, contra Bolsonaro e seu projeto de semiescravidão.

Vamos tomar as ruas no dia 13!

Vamos defender a necessidade da Greve Geral!

 

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