ter abr 16, 2024
terça-feira, abril 16, 2024

Associação dos Imigrantes Haitianos é fundada e filia-se à CSP-Conlutas

"Como costumo dizer, há momentos que dão todo sentido para as lutas que travamos, os sacrifícios que fazemos e a forma como vivemos. Hoje, foi um deles. Não há palavras que possam traduzir o clima e o significado da assembleia que fundou a Associação Social do Imigrantes Haitianos, que já nasceu filiada à CSP Conlutas.

Como disse na apresentação da Central, este é um exemplo do que entendemos por raça, classe e internacionalismo. Particularmente para nós, do Quilombo Raça e Classe foi um orgulho danado participar de uma reunião com nossos irmãos e irmãs haitianos, descendentes de negros e negras que realizaram a primeira Revolução Negra das Américas. Mas, também, um povo de um país dolorosamente marcado pela exploração e opressão do capitalismo e sua asquerosa burguesia.


 
País mais pobre das Américas, o Haiti ainda sofre com as marcas do terremoto e, hoje, com a ocupação pelas forças da Minustah, que sob o manto da “ajuda humanitária” tem cometido toda espécie de crimes contra a humanidade: de estupro a assassinatos. Tudo isto para garantir os lucros dos patrões, do imperialismo, dos banqueiros e latifundiários que estão transformando o Haiti num inferno onde os haitianos são cotidianamente punidos com a falta de empregos, infraestrutura, moradia, saúde, educação e tudo mais.
 
Uma situação que faz com que, até hoje, 150 mil mulheres, homens e crianças vivem em condições deprimentes em tendas, sem comida, expostos a doenças e violência. Lamentavelmente, que tem como principais algozes os governos do PT, tanto de Lula quanto de Dilma, que colocaram e mantém o exército brasileiro no comando desta atrocidade. E, ainda, treinam no país os assassinos fardados que patrocinam o genocídio da juventude negra, nas comunidades cariocas e na periferia das grandes cidades.
 
De forma imperdoável é este partido que já foi dos trabalhadores que, depois de jogar o povo na miséria, hoje, está por trás das péssimas condições de vida nas quais 20 mil imigrantes enfrentam no Brasil, jogados (quando muito) em alojamentos lotados; vitimados pelo desemprego, passando fome, expostos à violência racista da polícia brasileira ou “empregados” em trabalhos precarizados ou, pior, em situação análoga ao trabalho escravo contra o qual os haitianos lutaram de forma intensa e revolucionária.
 
O fato da CSP-Conlutas estar nesta luta não é um acaso. Como também não é um acaso que a ASIH já nasça filiada à entidade. Já em 2007, enviamos uma caravana de solidariedade ao Haiti e, depois do terremoto, estivemos novamente no país, além de promover atos em todo o país. É isto que chamamos de raça, classe e internacionalismo.
 
E, agora, a luta só vai crescer com apoio da Central das entidades, muitas das quais estiveram na assembleia de hoje, como a ANEL, o Mulheres em Luta, a corrente Alternativa da APEOESP, o Sintusp, dentre outras.
 
O Quilombo Raça e Classe estará, de forma integral e permanente, ao lado de nossos irmão e irmãs. Seja no combate ao racismo que atinge de forma particularmente cruel estes imigrantes seja no desenvolvimento das muitas iniciativas que estão sendo discutidas na CSP-Conlutas.
 
Como dizemos, no mundo “há muitas vocês, mas um só luta”. E, hoje, ouvir a voz dos haitianos, em creole, foi um exemplo emocionante disto. Uma emoção ainda mais forte ao vermos que, apesar de todo sofrimento, os haitianos não se curvam. Pelo contrário. Se levantam, cada vez com mais garra, contra a situação terrível me que forma colocados.
 
Por isso mesmo, tocou fundo nos corações e mentes, ver os companheiros se filiando à CSP Conlutas com comovente alegria que sufocaram as lágrimas que muitos não puderam conter ao lembrar do terror que foi a viagem para o Brasil, a permanência no “campo de concentração” no Acre (também governado pelo PT).
 
Acima de tudo, é um enorme orgulho saber que estas vozes vão ecoar em nossas reuniões, congressos e mobilizações. Isso só faz reforçar a certeza de que, um dia, iremos calar os capitalistas, afugentar os opressores e racistas, fazendo ecoar um sonoro “basta” a todos que nos exploram mundo afora. Viva a luta do povo haitiano! Foras as tropas do Haiti! Legalidade e condições dignas de vida para os imigrantes!
 
Bem-vinda Associação Social dos Imigrantes Haitianos! Toda solidariedade aos imigrantes e seus filhos, companheiros(as), pais e amigos que ainda vivem no Haiti."

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