A revolução boliviana, que se manifestou uma e outra vez ao longo da segunda metade do século XX e início do XXI, ocupou desde sempre um lugar de destaquena elaboração política e teórico-programática de nossa corrente. Elaboração que se fez ao ritmo da revolução e em meio a intensas polêmicas com outras correntes do trotskismo.
Durante mais de 50 anos, o movimento de massas boliviano, com a classe operária à frente, conseguiu desestabilizar e destruir regimes, dividir a burguesia, derrotar as forças armadas, impor a reforma agrária e nacionalizar a mineração. Mas a burguesia sempre, de uma forma ou de outra, conseguiu se recuperar. A classe operária, com seu setor de vanguarda – os trabalhadores mineiros -, fez tudo o que podia, mas, em todas as vezes, o que falhou foi a direção.
O primeiro e mais glorioso desses capítulos revolucionários foi o de 1952. Os operários derrotaram o exército, formaram sua própria milícia e criaram seu próprio organismo de poder: a COB – Central Operária Boliviana. Se esta grande revolução operária tivesse triunfado, teria mudado a história da América Latina, do trotskismo e da IV Internacional, porque o POR (Partido Operário Revolucionário) boliviano foi codireção (ainda que em minoria) desse processo.