sex mar 29, 2024
sexta-feira, março 29, 2024

Em defesa do aborto legal, seguro e gratuito. Que as trabalhadoras liderem essa luta!

Éramos centenas de milhares nas ruas e inundamos as cidades no aniversário do 3J (3 de junho, quando aconteceu a primeira manifestação multitudinária que lançou a palavra de ordem Nenhuma a Menos em 2015), gritamos com toda nossa força que queremos a legalização do aborto na Argentina e que não queremos sofrer mais com a violência machista. Os lenços, as faixas e as músicas exigiam nosso direito de decidir o momento de sermos mães, as jovens escreveram em seus corpos ou picharam os muros e as ruas para que não restem dúvidas de que somos muitas e muitos que defendem esse direito.

Por: PSTU-A

O debate está colocado há bastante tempo e existem aqueles que se dizem a favor das “duas vidas”, ou seja, que até os setores que militam contra o aborto, tiveram que reconhecer que a vida das mulheres está em risco. Já não é possível tapar o sol com a peneira, e os 500 mil abortos realizados por ano em nosso país são a prova de que se pratica o aborto e na ilegalidade.

Somos nós, mulheres trabalhadoras e pobres, as que mais sofremos com a ilegalidade do aborto, somos as que morremos ao cair nas mãos daqueles que lucram com a nossa necessidade. As mulheres que são marginalizadas, as meninas estupradas, as jovens com trabalhos instáveis, as operárias ou as mulheres que sustentam a casa são as que sentem na pele essa proibição, mas somos mencionadas apenas como estatísticas para ajudar na argumentação do debate. Os que se auto proclamam “pró vida” não fazem nada para melhorar a vida dessas mulheres e até defendem uma postura mais dura quando vamos às ruas manifestar.

As organizações feministas que dirigem a campanha pelo aborto, vendo as imensas mobilizações em defesa dos direitos das mulheres, querem apropriar-se do movimento e, ainda que digam que querem que as mulheres pobres parem de morrer, fazem muito pouco esforço para incorporá-las na luta e deixar que elas, que são as principais vítimas, sejam as protagonistas dessa luta. Chegou o momento de que as trabalhadoras sejam a vanguarda, que sejam elas as que organizem a luta, que possam dirigir esse processo para que deixem de sofrer.

Muitas operárias têm dúvidas, outras têm receio de trair a sua crença religiosa no momento que admitem estar a favor da legalização do aborto e é por esse motivo que o debate com a classe trabalhadora é necessário. Se realmente queremos conquistar a legalização do aborto, não podemos confiar apenas na pressão parlamentar por parte dos grupos feministas, muito menos na vontade que expressa agora um setor do kirchnerismo, depois de anos de negação por parte de Cristina Kirchner. Para impor verdadeiramente o aborto legal, é preciso organizar jornadas de luta com as de dezembro, sem meias palavras por parte das direções. Somente a luta de toda a classe operária, nas ruas, poderá conquistar o aborto legal, livre, seguro e gratuito nos hospitais.

As centrais sindicais CGT e CTA não podem continuar deixando-nos sozinhas como fizeram no 8M ou tirando fotos só para aparecer, com o lenço verde[1]. Não podem continuar escondendo o debate nos locais de trabalho, se estão realmente a favor do aborto como dizem, devem organizar imediatamente uma campanha de debate em todas as frentes de trabalho. Se dizem que é um direito poder decidir sobre o nosso corpo, então que parem de fazer rodeios e chamem já uma greve geral que é uma necessidade imediata de toda a classe e também com a pauta do aborto legal e todas as nossas demandas. Se as que morrem são trabalhadoras e pobres, é tarefa da classe operária lutar na primeira fila para que isso se acabe, enfrentando o ajuste e botando para fora Macri e o FMI.

[1] https://www.clarin.com/sociedad/aborto-legal-simbolizan-elegidos-panuelos-verdes-campana-nacional_0_SJxZkRpdG.html

Tradução: Luana Bonfante

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